Entre o papel e o digital, eu escolho os dois

agenda de papel ou digital | Camile Carvalho - Vida Minimalista

Nos estudos de Comunicação, sempre relembramos as principais escolas desde a época do rádio: cada nova invenção substituirá a anterior, que desaparecerá. A TV substituirá o Rádio. O livro digital acabará com o impresso. Mas eles nunca acabaram, muito pelo contrário, eles coexistem.

Os avanços tecnológicos chegam trazendo inovações, praticidade, transformam quilos de papeis em bits, que cabem na palma das nossas mãos. Em vez de carregar meus cadernos de Bullet Journal, meus diários, cadernos do doutorado, eu posso simplesmente ter tudo no meu celular, ou no iPad, escrever com caneta digital, escanear (por meio de fotografia) páginas e páginas de textos… mas isso realmente é o melhor para os estudos? Como fica a cognição?

Hoje já temos vários estudos caminhando pra esse ponto: apreendemos, com todo o potencial, aquilo que digitamos? Que interferências o digital trouxe no processo do aprendizado? O que a fricção da caneta no papel poroso tem de diferente do movimento de digitação dos dedos em um teclado? Os estudos são muito interessantes, qualquer dia volto aqui pra falar sobre eles (esse não é o tema central do meu texto de hoje). Mas o que venho falar é sobre o equilíbrio.

Em vez de escolher um lado, a turma do papel ou a turma do digital, por que não usar os dois? Lá na época do Vida Minimalista eu levantei a bola do movimento Paperless (sem papel). Saí digitalizando tudo, concentrando minha vida no meu notebook. Na verdade, eu usava um ainda menor, um netbook (quem lembra?). Anotava as aulas no OneNote, escaneava os artigos em papel pro PDF, digitalizei meus documentos, passei tudo pro digital. Mantive em papel apenas o que fosse realmente necessário. Tudo ao meu redor ficou mais leve e eu sabia onde encontrar de tudo. Mas não posso negar que os tempos eram outros. Não tínhamos essa enxurrada de estímulos das redes sociais (isso era lá pra 2012) e de lá pra cá muita coisa mudou. Agora, a luta não é deixa o papel de lado e viver aproveitando todos os benefícios do digital, mas sim, reduzir o tempo de tela e voltar mais pro analógico, se conectar mais com a “vida real” – mas o que é real? o digital não é real? – e dar um descanso mental pra enorme carga de informações que recebemos ao ligarmos o computador, ou ao desbloquearmos o celular.

Ano passado eu tentei voltar ao máximo pro papel. Fiz um experimento de usar agenda, planner, cadernos, tudo no papel. Comprei canetas – ai meu hiperfoco em papelaria – e fiz tudo o que eu pude no papel. No fim do ano fiz um balanço e percebi que algumas coisas realmente precisavam estar no digital, enquanto outras poderiam continuar no papel.

Os cadernos são o meu descanso mental. É quando meus olhos desviam das telas e meu corpo trabalha de forma diferente, analógica. Recorto imagens impressas pra colar no meu diário. Escrevo caprichando a letra, colo um adesivo aqui, um washi-tape ali… não me preocupo com o tempo, pois aquele momento é reservado pra isso. Imprimo um artigo e uso o marca-texto, puxo seta, anoto nas margens. Mas também vem o momento em que passo minhas anotações pra um aplicativo como o Notion, UpNote e tenho tudo pesquisável na palma da minha mão.

Equilíbrio. É tudo o que busco nessa corda-bamba do digital e do analógico. Eu não preciso escolher um dos dois, eu escolho usar os dois.

E você? Tem a vida toda no digital ou prefere o analógico? Anda na corda-bamba pendendo mais pra um lado ou pro outro ou consegue equilibrar entre os dois? Me conte aqui nos comentários como é o seu cotidiano!

Criando o meu moodboard

Criando o meu moodboard | Camile Carvalho | Vida Minimalista

Volta e meia eu venho aqui contar a vocês que me reanimei a escrever novamente no blog e deixar registrada a minha vida, usando este espaço como um diário online. Mas a verdade é que por eu ter voltado a escrever no papel, acabei reduzindo demais o meu tempo de tela. Ando fugindo um pouco das redes sociais, da superexposição e, principalmente, do excesso de informação por aí que me deixa paralisada.

Mas hoje me deu vontade de abrir o blog à tarde e navegar por ele, observando os pequenos detalhes: será que se eu fosse uma visitante, eu gostaria de navegar por aqui (como eu costumava fazer com os outros?).

Deixando o blog a minha cara

O primeiro passo eu deveria dar: deixar aqui com a minha cara, minha essência no momento. O que sinto é que estou bastante diferente do que ando mostrando externamente, até mesmo pela internet. Há um movimento interno que somente os meus papeis conhecem e testemunham, mas me senti confortável o suficiente pra escrever aqui e deixar registrado depois de pensar em como deixar este ambiente mais parecido com o que estou sentindo.

O primeiro passo foi criar um moodboard, ou seja, um painel de inspirações colocando imagens e textos que tivessem me tocado de alguma forma. O melhor lugar pra isso foi o Pinterest (aliás, você pode conhecer esse meu painel aqui). Salvei imagens que ressoavam, e o melhor de tudo é que com poucos minutos de uso o próprio Pinterest começa a mandar sugestões que têm tudo a ver com a espiral que entramos. Esse é um dos poucos benefícios que percebo no tal do algoritmo.

Criei um painel no Canva

Abri então um documento no Canva no tamanho A4 e comecei a colar algumas delas. Misturando um pouco o novo título do blog, ilustrações, imagens e fotos que eu mesma fiz, montei um painel de forma bem espontânea. A minha ideia era pra ser bem simples sem me preocupar demais com a perfeição. Eu só queria ter um conjunto de imagens, cores e elementos que expressassem o que está acontecendo aqui dentro, e o resultado foi esse da imagem.

Eu sei, há muitas “loucas dos cadernos e planners e papelaria” por aqui, então já deixo a informação que tenho usado o fichário A5 da Cícero (agenda 2023). Ele vem com a agenda e as divisórias pra cada mês e eu gosto de deixar todas as minhas inspirações anotadas divididas por mês. É fascinante folhear os primeiros meses do ano e perceber o quanto eu mudei!

Mas, voltando ao moodboard, imprimi duas páginas em uma só num papel reciclado, cortei e furei. Adicionei como a capa do mês de novembro, ou seja, a primeira página. A princípio a ideia era apenas fazer esse registro pra me inspirar ao longo do mês, até mesmo pra me guiar nas publicações daqui, mudanças na identidade visual e postagens do Instagram, mas por fim, acho que vou fazer isso todos os meses. É como um registro fotográfico, imagético de como eu estou internamente a cada mês. Acredito que ao longo de 1 ano as imagens e cores mudariam bastante.

Criando o meu moodboard | Camile Carvalho | Vida Minimalista

Eu sou apaixonada pelo fichário A5 da Cícero (eles nomeiam como Caderno Criativo). Já tentei usar o de tamanho maior (17x24cm) mas pra mim não funcionou muito bem. A praticidade de carregar pra qualquer canto somado à facilidade de dobrar um papel A4 ao meio, furar e adicionar faz toda a diferença pra mim. A minha ideia é que a cada ano eu possa guardar na prateleira junto aos livros esse fichário com a coletânea de ideias criativas – e sim, ele fica do tamanho dos livros.

Mas isso é papo para um outro post. Quem sabe eu fotografe e fale de cada caderno que estou usando e pra que? Só tem um porém: talvez eu crie uma crise existencial por lidar com aqueles cadernos que comprei só porque são bonitos mas que ainda não achei uma utilidade… ou aqueles que comprei pensando que seriam úteis e ficaram abandonados. Ou aqueles que mudei a função… ou… enfim, acho que vocês entendem, não é mesmo?

Criando o meu moodboard | Camile Carvalho | Vida Minimalista

Estou em uma vibe de cogumelos, florestas, verde-musgo, tons terrosos. Um pouco diferente do rosa e lilás que eu vinha usando ultimamente, principalmente das minhas fotografias bem clarinhas e minimalistas. A impressão é que entrei numa floresta úmida e estou cercada de cogumelos, corujas, mistérios e antiguidades. Acho que a Camile de 2014 ficaria orgulhosa de ver esse movimento retornando em pleno 2023.

Me contem, vocês também percebem essas mudanças? Já tentaram associar com alguns ciclos da vida ou até mesmo da natureza? Como vocês pensam sobre essas transformações internas?

Vida sem papel – paperless

Muito se tem discutido em relação à substituição do papel por conteúdo digital. É certo que vivemos em uma era de transição, onde ainda precisamos do suporte físico pra livros, contas, boletos e extratos, mas já há pessoas que estão no desafio de viver apenas com documentos digitais.

A UFSC lançou uma campanha bacana que visa racionar o uso do papel na instituição. Com o intuito de economizar recursos naturais e agilizar os processos administrativos, o reitor anunciou no dia 18 de Outubro de 2010 a digitalização de todos os documentos e processos da universidade.

Para o blogueiro Radamés, viver sem papel não é fácil, mas com certeza um ato ecológico. Ele apóia a iniciativa de algumas empresas em enviar documentos em forma digital, e espera que um dia a assinatura on-line de um jornal passe a ser preferencial.

No meu caso, estou no processo de digitalizar todos os textos da faculdade. Para minha sorte, muitos livros que os professores recomendam se encontram em domínio público, podendo ser baixados da internet ao invés de comprá-los, o que gastaria dinheiro e seriam mais uma tralha dentro de casa pois geralmente lemos uma só vez e deixamos na prateleira empoeirando. Porém, nem sempre temos o livro digitalizado em PDF, e acabo tendo que recorrer à livraria. Quando isso acontece, prefiro pesquisar num sebo ou pelo site Estante Virtual. Comprando usado dou a chance daquele material ser aproveitado mais vezes, e quando não preciso mais, tenho maior desprendimento em passar adiante do que um livro novo lido apenas uma vez. Mantenho apenas um resumo deles em forma de mapas mentais.

Porém, meu maior desafio é, sem dúvida, as milhares de cópias que precisamos tirar para as aulas. Na faculdade trabalhamos com a seguinte proposta: A cada final de aula, o professor disponibiliza um texto na xerox para que possamos fazer a cópia e ler em casa pra próxima semana. Resultado: Filas quilométricas na porta da copiadora, muito dinheiro gasto (levando em consideração que todo dia temos cópias a tirar) e muito papel guardado em casa sem utilidade. Se formos pensar que por dia copiamos 10 folhas de papel, minha turma de 30 alunos gasta 300 folhas, ou seja, mais de uma resma de 500 folhas a cada dois dias,  o que daria… uma árvore em menos de 40 dias. (Cada árvore gera 20 resmas de papel). Isso calculando por baixo, e apenas em uma turma…

O que fazer? No meu caso escaneio os textos e tento doar a algum aluno que ainda não fez a cópia, e pego alguns textos de amigos que já leram pra digitalizar, mas não é o suficiente. Sinto falta de uma iniciativa por parte dos próprios professores. Se seus textos são digitados, impressos e disponibilizados para os alunos copiarem, por quê não enviá-los também por email?

Nós, seres humanos, ainda temos o hábito de gastar, consumir, armazenar, e para que possamos viver melhor e em “acordo” com o planeta em que vivemos, é essencial que mudemos nossos hábitos. Primeiro precisamos da conscientização, e depois, da ação. Apenas reduzindo nosso consumo em geral, podemos nos tornar grandes colaboradores para a preservação do meio ambiente.

E você? Como lida com os papeis? Vamos reduzir?