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Buscando uma aparência mais natural

Lembro-me como se fosse hoje. Aos meus 14 anos de idade, minhas amigas já pintavam o cabelo. Uma delas, que era mais velha, fazia luzes num salão pertinho do meu prédio. Eu queria ser como elas, mudar minha aparência – até por que eu não era lá muito bonita – quando minha mãe chegou com uma solução: Chá de camomila.

A camomila foi o portal inicial para uma série de mudanças. Fazendo um chá bem concentrado e aplicando nos cabelos, é possível clareá-los quando nos expomos ao sol, ou com o calor do secador. Após várias sessões, eu estava totalmente diferente, com um cabelo loiro mel e bem feliz. Como meu cabelo era claro (embora não muito bem cuidado) consegui alcançar um tom bonito.

Essa foi a primeira experiência de mudança. Não queríamos usar tinta no meu cabelo e apelamos para uma solução bem natural. Dizem que o leite também é ótimo para clarear, mas nunca experimentei. A partir desse episódio, nunca mais parei, e minha primeira tinta lembro-me como se fosse hoje: Wellaton Loiro acobreado. Não preciso dizer que meu cabelo ficou puxado pra um laranja, mas como não havia essa preocupação na época (1998), achei que estava lindo. A raiz cresceu e cada vez fui experimentando uma tonalidade diferente.

Já fiz muita besteira no meu cabelo. Como ele é cacheado, não me sentia incluída na sociedade do cabelo liso-perfeito, então por diversas vezes comprei alisantes de farmácia e apliquei em meus próprios cabelos, claro, escondida – e com uma tinta loira por baixo. Não preciso dizer o quanto já tive meu cabelo estragado, quebrado, mas a sensação de ter um cabelo “liso” compensava qualquer risco.

Toda vez que eu enjoava, pintava de preto. Até o preto azulado já usei e pra quem entende de coloração, usar essa tonalidade é como assinar um atestado de “não  mudarei a cor do meu cabelo pelos próximos 2 anos”. O tempo passava e eu voltava para o loiro. Escovas progressivas, descolorantes, tonalizantes, mais escova progressiva. Formol, hidratação de farmácia, tinta vermelha. Vermelho fogo, pra sair logo do loiro. Enjoei? Preto nele!

E assim meu cabelo foi acumulando, ao longo dos anos, diversos resquícios de uma mente inquieta, que não sabia com qual aparência irá querer acordar no dia seguinte. Enjoei do escuro? Dekap Color nele. Foi minha salvação. A modernidade nos dá soluções, e foi com esse produtinho milagroso que consegui limpar todo um histórico de pigmentos nos meus fios. Com a limpeza, tentei voltar à cor natural do meu cabelo. Mas… qual era a verdadeira cor dele?

Castanho médio. Era isso que parecia minha raiz contrastando com as luzes. Ou não, quase preto. Era escuro, então eu sempre comprava aquela cor, cuja mulher bonita na caixinha me agradava. E cada vez que eu tentava voltar à cor natural, ficava frustrada, pois agora em vez da raiz nascer escura, estava contrastando com o restante do cabelo por nascer mais clara.

Bati o martelo. Usei, pela última vez na minha vida uma caixa de Dekap Color, até limpar todo o restante de tinta no meu cabelo, e passei uma tintura natural, o Natucor, com a promessa de não mexer mais nos meus fios. O ano de 2013 está sendo um ano sabático-capilar. E hoje, posso ver o quão bonita é a cor natural do meu cabelo. É uma espécie de castanho-claro com uns reflexos cobre no sol. Mesmo que a tinta que está saindo – da altura da minha bochecha pra baixo – fique com um tom avermelhado, a raiz está nascendo tão bonita, que estou encantada com minha cor natural. Estou me descobrindo, após exatos 15 anos e essa experiência tem sido edificante para mim. Não é apenas uma questão de cabelo, mas toda minha busca pelo autoconhecimento está refletindo em diversos campos da minha vida.

Meus primeiros fios brancos estão aparecendo, antes os trinta. Será que eu já os tinha e nunca havia reparado por causa da tintura? Será que surgiram agora? O mais incrível é que não são fios brancos, mas prata. E eu os achei tão bonito que fiquei com dó de arrancá-los. Não são muitos, mas são belos. Se eu vou pintar os cabelos por causa deles? Não. Não no momento. Não sei do amanhã, mas hoje quero acompanhar e respeitar o tempo do meu corpo. O ritmo da natureza.

Também não mais cortei meus cabelos desde o dia 4 de janeiro de 2013. Como lembro da data? Aniversário do meu pai. Antes de sairmos pra jantar fora e com meu cabelo completamente detonado de processos químicos, me tranquei no banheiro com uma tesoura e, mecha por mecha fui cortando, na altura acima do ombro. Meu cabelo encheu, cacheou, e pude sentir novamente a irrigação chegando até as pontas, como uma árvore que volta a ter sua seiva percorrendo por todos os seus galhos.

^ Dia em que cortei | Dia seguinte

Após muitos centímetros, posso dizer que estou recuperando quem sou. Olhando no espelho posso ver que meus olhos são da mesma cor que meus fios, e que tenho sardas e não manchas na pele, as quais escondia com corretivo. Essa sou eu. Essa é a minha natureza. E estou feliz em resgatar aquela pessoa que, já aos 14 anos, queria se enquadrar em uma forma ditada pela sociedade. Não, não foi vontade interna de mudança. Eu só queria ser como aquelas meninas populares da escola. Eu só queria fazer parte de algo. E hoje eu vejo que a melhor coisa que fiz na vida, foi não ter conseguido fazer parte, pois a individualidade é o nosso maior tesouro.

Descobrir a si mesmo é um caminho árduo e longo, mas nem todo caminho nos leva a algum lugar. Às vezes, a própria viagem é quem nos ensina. E assim continuo caminhando.

Viva o natural!

Obs.: Não tenho absolutamente nada contra quem gosta de mudar o cabelo, mudar a aparência. Eu já fui assim e não sei por quanto tempo durará essa minha fase natural. Mas estou gostando muito dessa minha fase de autoconhecimento. É maravilhoso! 🙂
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Livro: Os Espíritos da Natureza

Em um dos meus passeios pelas livrarias aqui da Tijuca, deparei-me com esse livro na estante. Fiquei interessada por que não conheço de forma aprofundada os elementais da natureza, exceto as Salamandras, seres do fogo, com as quais tenho uma longa história. Resolvi compra-lo aproveitando que o preço estava bem convidativo (R$19,90) na Livraria Galileu.

O livro, contendo apenas 110 páginas, é de fácil leitura e o li em apenas um dia. Ele apresenta curiosidades apenas sobre as fadas – o que me deixou um pouco decepcionada, pois pensei que abordariam outros seres da natureza também. C. W. Leadbeater nos mostra como os espíritos desses pequenos seres se evoluem, como se relacionam entre si e com os humanos e as formas que podem ocupar em diferentes ambientes, como o fogo (salamandras), o ar (silfos) na água (ondinas) e na terra, mas não de uma forma estruturada. Achei que poderia separar melhor os capítulos para facilitar o entendimento do leitor.

Outro aspecto interessante do livro é a quantidade de imagens que possui, o que reduz consideravelmente o texto. Para quem busca uma compreensão bem superficial sobre o tema, acho que é um bom livro introdutório, mas que não supre questionamentos que podem surgir conforme a leitura avança. Apesar de ser um tema de cultura tradicionalmente oral, senti falta de um embasamento, além de uma melhor revisão do português, já que alguns erros conseguiram escapar.

Quanto à diagramação, achei muito boa, com uma fonte confortável aos olhos, assim como o espaçamento e o papel amarelado com gramatura alta, desejável em se tratando de livros. A capa também é muito bonita e como eu disse anteriormente, é um livro recomendado àqueles que querem buscar compreender de forma superficial ou introdutória o que são e como vivem as fadas.

Livro Natureza

Um trecho muito bonito que marquei foi o seguinte:

O homem corta e mata as árvores, corta as ervas, arranca as mais belas flores e sem qualquer remorso as deixa morrer. Mata a amável vida no seio da natureza, colocando em cima de flores e plantas placas de cimento, tijolos, estradas de asfalto; manipula produtos químicos provocando odores horríveis e matando a fragrância das flores com a fumaça preta saída das chaminés das indústrias químicas. É estranho que as fadas fujam e se afastem de nós, da mesma maneira que nós fugimos das cobras venenosas? – pag. 66

  • Título: Os Espíritos da Natureza
  • Autor: C. W. Leadbeater
  • Editora: Isis
  • ISBN: 85-88886-13-8
Livro NaturezaLivro Natureza
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Julho passou e eu nem vi

Parece que foi ontem que eu estava nas festas juninas. O frio, a chuva, o clima maravilhoso do jeito que gosto. Mas durou pouco. Do nada me vi aqui, em Agosto e só hoje me dei conta de que não estou mais vendo o tempo passar.

Estou muito atarefada, tentando dar conta da graduação, da pós-graduação e minha pesquisa científica. Nosso projeto é sobre Religiões e ateísmo nas mídias, especificamente o Facebook. Analisamos a construção da identidade através do discurso encontrado na rede social. Para isso, estou lendo um volume enorme de textos e artigos além de somar aos meus estudos sobre a cultura Celta, que faço de forma independente.

Eu estava lendo o blog da Luma Kimura e achei muito interessante o que ela faz no final do mês: lista os filmes e livros que assistiu/leu, o que dá uma noção de como está o progresso das leituras. Achei fantástico, pois não me dou muito bem com redes sociais de livros, como o Skoob e GoodReads, apesar de ter conta em ambos. Decidi aproveitar a ideia e fazer aqui também, espero que eu lembre no final de cada mês. Estou prometendo a mim mesma me desconectar um pouco mais, deixando minhas noites livres para as leituras e espero que eu consiga me organizar direitinho. Vamos à lista:

Filmes de Julho

  • Minha mãe é uma peça (Cinema)
  • Wolverine – O Imortal (Cinema)
  • Meu Malvado Favorito (Netflix)
  • Homem de Ferro (Netflix)
  • Zeitgeist, o filme (Netflix)

Leituras de Julho

  • Bauman – Identidade (Faculdade)
  • Bruna Vieira – Depois dos Quinze
  • Bel Pesce – A Menina do Vale

Não consegui ler muitos livros nem assistir a muitos filmes, já que meu tempo anda curto demais. Porém, agora com minha nova assinatura do Netflix pretendo assistir uma lista de filmes bacanas (e antigos) que eu sempre pensei “preciso assistir” mas que, na hora de escolher algum, sempre esquecia. Também descobri que minha amiga Ana adora cinema e pretendo arrumar um tempo, pelo menos uma vez por semana para assistir algum lançamento. Quanto aos livros, preciso dar conta de todos que tenho e que ainda não li. Mas isso fica pra uma próxima encarnação, já que compro títulos novos em uma velocidade maior que a minha leitura.

Como eu disse ontem à minha amiga Jessi: Preciso terminar The Hobbit. Estou na página 15 de 380. 🙂

Até mais!