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Sobre a sensação aconchegante de ter um blog

Sobre a sensação de aconchego de ter um blog - Camile Carvalho | Camilando | Vida Minimalista

Apareci? Sim, apareci novamente.

Estou em casa, na minha escrivaninha, escrevendo esse texto no meu app FocusWriter com apenas a tela em branco e letras serifadas diante dos meus olhos. Enquanto isso, escuto uma playlist da LoFi Girl numa paz de um sábado de manhã nublado, mas com aquele solzinho fraco atravessando timidamente as nuvens.

Sabe, eu fiquei muito feliz em reconstruir esse blog como eu usava antigamente. Foi uma sensação de recuperar uma “casinha” antiga, de voltar a um lugar especial pra mim onde guardo memórias, sentimentos e sensações. Passei dias trabalhando no layout, com a finalidade de trazer esse mood mais acolhedor, pra que vocês também sentissem o aconchego de estar aqui. Claro, é muito gostoso abrir o meu próprio blog e me sentir em casa e eu fiz isso várias vezes desde o último post, embora eu não tenha escrito nada.

E sim, eu passei alguns meses sem escrever nada por aqui, e eu estou muito tranquila com isso. O propósito desse blog é ser aquele diário, caderninho, agendinha das antigas que tem dias cheios, escritas longas e detalhadas com muitas fotos, mas também páginas em branco, pois elas também dizem muito.

As páginas em branco podem refletir um período em que eu não ando muito bem, em que estou sem energia, sem vontade, num modo mais lento da vida, gastando as minhas energias pro básico. Mas também podem refletir um momento de tanta expansão, tanta energia e atividade que mal tenho tempo de sentar-me para escrever.

Nesses últimos meses eu desacelerei. Aproveitei Itaipuaçu no carnaval, o silêncio, o som dos pássaros. Descansei e planejei com o coração meu ano de 2025. Sinto-me voltando a um ponto importante do meu ciclo da vida que foi interrompido em 2020 com o início da pandemia, que é resgatar o meu trabalho como professora e pesquisadora de Yoga.

Apesar de eu ter tentado abandonar a Índia em um determinado período da minha vida, a Índia jamais me abandonou e permaneceu aqui, num cantinho especial do meu coração onde eu escolhi não olhar tanto. Muitas dores eu senti ao tentar revisitar esse lugar, como o lamento de ter fracassado em algumas coisas, de não ter insistido, ou de ter insistido em outros pontos que não me fizeram bem. Mas, a verdade, é que toda energia que estava direcionada para um único ponto foi interrompida abruptamente com a pandemia. Todo o meu planejamento pra 2020 inteiro foi duramente cortado e eu percebi que essa era a minha dor. Não havia nada a ser feito e eu fiz o melhor que consegui, mantendo as minhas forças num nível basal direcionadas à minha sobrevivência.

Hoje tudo está mais claro e a culpa já não existe mais. Claro que olho pra trás e me dá uma tristeza em lembrar desse cenário caótico daqueles anos pandêmicos mas hoje eu compreendo melhor que tudo que eu deixei de fazer não foi por conta de má vontade ou de preguiça, muito menos por eu não ter me esforçado o suficiente. Os projetos pausados ou cancelados tiveram que ficar em último plano e é isso.

Aceitar que eu não tive culpa e olhar pro cenário hoje e perceber que eu posso recomeçar foi o tema das minhas reflexões do início do ano. E assim eu decidi voltar a dar aulas de Yoga, redirecionar a minha pesquisa do doutorado pra esse tema, recolocar a Índia no centro do meu coração e olhar novamente pra aquele ponto como eu olhava em 2020, seguindo em frente sem distrações.

Tenho sentido que esse lugar é um cantinho seguro e aconchegante para registrar, pra mim mesma, os meus sentimentos. Como meu blog não é famoso, não é muito divulgado e poucas pessoas chegam até aqui, não me preocupo em me abrir, como fazia antigamente. Acredito que, em 2025, quem abre um blog e se propõe a ler um texto mais pessoal é um público muito diferente de quem rola o feed do Instagram, olha uma imagem ou vídeo que não agrada e despeja mensagens de ódio. Posso estar errada, mas a sensação de estar escrevendo para mim mesma no blog é muito diferente da sensação de escrever uma legenda em um post do Instagram e de selecionar uma foto. Não deveria ser assim. Não mesmo.

Quero agradecer o carinho de todos vocês que estão por aqui, lendo, se identificando (ou não) com o que eu escrevo, que deixam mensagens nos comentários ou que leem em silêncio sem que eu saiba. Voltarei mais vezes pra compartilhar momentos da minha vida, mas sem aquela pressão de que “tenho que” postar. Aqui é tão leve, tão gostoso, que quero sempre que vocês sintam esse clima ao lerem os meus textos.

Muito obrigada!

Camile

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Quando precisamos tirar coisas da nossa frente

Quando precisamos tirar as coisas da nossa frente - blog Camilando por Camile Carvalho
foto: unsplash

Era o meu grande sonho criar este blog? Não. Eu planejei por meses, de forma racional, voltar a escrever aqui? Não. Eu sou completamente apaixonada por este novo-antigo projeto? Não.

Ué? Então eu não gosto do blog? Eu não estou satisfeita? Não era bem isso que eu queria? Definitivamente, não foi isso que eu disse. Vamos lá, vamos divagar. Siga meus pensamentos que lá vem viagem… 🙂

Muitas vezes, na vida, eu sinto que estou com um bloqueio criativo. Ou então quero começar uma nova empreitada, um projeto diferente, mudar algo internamente, mas a sensação é que não consigo no momento por ter demandas, em sua maioria mentais, ainda a serem esclarecidas ou trabalhadas.

Já faz uns meses que eu sinto uma mudança chegando em minha vida. Algo que eu preciso colocar pra fora, já que muita coisa já está mudando aqui dentro. O problema é que externalizar essas mudanças não é tão fácil. Confesso que antigamente eu não me importava muito. Fazia o que dava na telha, mudava o cabelo, o estilo de roupa, mudava tudo radicalmente e experimentava diferentes formas de me expressar. A questão é que com a idade, parece que esses impulsos estão cada vez mais difíceis, como se demandassem muita, mas muita cautela da minha parte. Não é tão fácil assim mudar o visual, o estilo das roupas, me expressar diferentemente, mostrar minha fé. Sinto que tem algo me bloqueando, como uma tampa a qual eu não consigo remover com tanta facilidade.

Foi quando eu chutei o balde e, em meio a um blog com o nome Camilando (vai, é engraçado esse nome e nem um pouco sério), eu tive a impressão de que essa tampa foi removida. Eu sinto que posso vir aqui, escondidinha, e escrever sobre tudo um pouco. Não tenho nicho, o nicho sou eu. Não preciso ser formal, como eu sentia com outros espaços onde eu produzia conteúdo. Não preciso ter cuidado. Mas veja bem, não estou dizendo que faço isso aqui de qualquer jeito, mas o cuidado com as minhas palavras é menor sim, já que eu venho aqui e despejo minhas palavras.

Depois que criei esse espaço eu sinto que tirei algo da minha frente. Será a tampa? Eu não sei. Acho que simplesmente desbloqueei minha criatividade, mas hoje, refletindo, cheguei ao ponto em que percebi que a questão não é apenas sobre o fator criativo, mas sim coisas mais profundas. Pode ter relação com a virada do ano? Pode. Mas ainda acho que o fato de eu ter criado um ambiente seguro pra mim me dará mais espaço pra trabalhar em outras partes minhas que estavam um tanto esmagadas.

Veja bem, eu escrevo as coisas exatamente como eu as estou sentindo. A impressão real é que agora eu tenho mais espaço pra expandir. Incrível, não é mesmo?

É um blog bobo? É. Mas isso fez um efeito imenso aqui dentro de mim.

Escrevo isso pois pode estar acontecendo o mesmo com você. Talvez você só precise de um canal mais leve, espontâneo, pra despejar toda uma parte sua que você não esteja “drenando”, uma criatividade que pulsa mas que está acumulada. Quando deixamos fluir algo que estava estagnado, parece que outras áreas da vida começam a fluir também.

Divagações de quase meia-noite da virada do ano? Sim, eu sei. Mas são nesses momentos que nossa mente despeja as melhores ideias.

Espero que esse post-desabafo meio sem sentido (faz sentido pra mim) te ajude de alguma forma. Mas, se for apenas um blá blá blá, tudo bem também. O importante é que daqui a um tempo passarei por esse post e me lembrarei exatamente sobre o que eu estava falando.

Coragem! Coragem para ser quem você realmente é. ♥ 

Categorias: Organização

Organização do guarda-roupa (dezembro 2024)

Organizando as gavetas em dezembro de 2024 | Blog Camilando, por Camile Carvalho do Vida Minimalista

Já fazia um tempo que eu não passava tantos dias aqui, com meus pais em Itaipuaçu. Geralmente vinha no fim de semana e trazia a roupa que iria usar na mochila, pois as que eu tinha aqui já eram bem antigas e a sensação era de que nada combinava mais com nada (tirando o fato de que ganhei uns quilos na pandemia e que nunca mais foram embora, então, entenderam, né?).

Eu postergava bastante essa arrumação, mas eu precisava de tempo, disposição e coragem pra fazer um “Marie Kondo” no meu armário, e o dia foi hoje!

Acordei bem disposta e aproveitei a manhã sozinha em casa pra isso. Resolvi colocar tudo sobre a cama (esqueci de fotografar o processo, a blogueira das antigas ainda está adormecida) e o primeiro passo foi determinar as categorias das gavetas. Aqui no meu guarda-roupa tenho 4, mas as roupas estavam emboladas, dobradas cada uma de um jeito, tirei tudo das gavetas e coloquei sobre a cama forrada.

  • A primeira gaveta, de cima, deixei pra roupas de baixo, biquinis e tops de ginástica.
  • A segunda, deixei pra partes de cima: t-shirts, camisas de academia, outras de manga comprida e uns casacos mais leves.
  • A terceira deixei pra calças de ginástica, shorts/bermudas, pijamas e casacos mais robustos.
  • A quarta eu deixei propositalmente vazia, pois já estava testando algo diferente com a gaveta da escrivaninha e decidi fazer o mesmo no guarda-roupa.
Organizando as gavetas em dezembro de 2024 | Blog Camilando, por Camile Carvalho do Vida Minimalista
A quarta gaveta: tudo que está aqui, voltará pro Rio

Como eu trago algumas roupas específicas quando venho do Rio e elas acabam se misturando com as daqui, deixei essa última gaveta vazia pra colocar apenas as roupas que precisam voltar pro Rio. Eu faço a mesma coisa na escrivaninha, deixando a primeira gaveta pra toda tralha que trago do Rio, como carregadores, estojo, caixa de óculos, estojo de lentes, ipad, planner etc. Assim, na hora de arrumar a mochila pra ir embora, sei que tudo que está nessa gaveta precisa voltar, assim como agora tenho essa última gaveta do guarda-roupa.

Voltando ao destralhe, tirei tudo que não me cabia mais, que eu me achava feia vestindo, cujas cores não combinam mais, ou seja, tudo aquilo que estava apenas fazendo volume e ocupando espaço. Muitas coisas estão em boas condições, algumas até usei muito pouco, e como costumo fazer doação pro mesmo bazar há muitos anos, separei para levar lá. Outras peças já estavam acabadas, sem condições pra doação, então vão pra reciclagem. Como preciso voltar com essas peças pro Rio (aqui em Itaipuaçu não tem coleta seletiva), enchi a minha mala que trouxe para essa finalidade e dobrei, peça por peça, organizando tudo bonitinho nas novas categorias de cada gaveta. Eu sei que de tempos em tempos precisamos fazer essa limpa, mas muitas vezes falta coragem de começar.

Organizando as gavetas em dezembro de 2024 | Blog Camilando, por Camile Carvalho do Vida Minimalista

Quem nunca ficou desanimado ao ver aquela pilha de roupa sobre a cama quando bate o cansaço, sabendo que ainda estamos na metade da organização? Mas aí é que precisamos continuar, pois o resultado final é gratificante!

Agora, identificando algumas lacunas, vou procurar por essas peças com calma, pra que eu nem precise trazer nada do Rio pra cá. Uma legging preta, alguns tops de ginástica, camisetas fresquinhas pro verão (e não apenas t-shirt) são algumas peças que pretendo trazer pra cá. Mas, antes de comprar, vou ver se no Rio eu tenho peças assim pra trazer, pois logo no começo do ano me dedicarei a fazer a mesma arrumação no guarda-roupa de lá.

Percebi que agora, em 2024, eu não senti aquela necessidade de preparar tudo em dezembro pra chegada de 2025, muito pelo contrário, eu estou me vendo fazendo todas essas arrumações no começo do ano mesmo, marcando um novo ciclo quando o ano chegar, e não como um processo de despedida e preparação pra 2025.

E você, gosta de fazer a arrumação na casa, nas roupas, na vida no final do ano ou prefere quando ele começa? Pra mim, esse espírito de arrumação só me pegou agora, já na reta final mesmo.