Categorias: Comportamento

O que eu ainda faço aqui?

Blog Camile Carvalho - Vida Minimalista | O que ainda faço aqui?

Eu sou uma pessoa extremamente dispersa. Para escrever esse texto, por exemplo, uso um programa chamado FocusWriter para manter a tela inteira apenas com o texto que estou escrevendo. Não uso Word, Evernote, Notion ou nenhum outro app. Eu preciso da tela em branco.

Sabe, eu tenho mesmo que tirar o chapéu para o nosso querido David Allen, o criador do Método GTD de organização pessoal. Uma das coisas que mais admiro e que é útil para mim nesse método é justamente saber tudo que preciso fazer em determinado momento da minha vida e, em vez de estabelecer prioridades para fazer cada projeto importante passar a frente de outro, simplesmente andamos com todos eles. Claro, há momentos em que temos um prazo e precisamos fazer escolhas, mas ter a visão clara de tudo que está acontecendo em vida foi a virada de chave na minha organização.

Como eu disse, minha distração me atrapalha demais e por isso me tornei uma pessoa organizada, sistemática. Sem isso, eu sequer conseguiria dar conta do mínimo. Eu já fui essa pessoa desorganizada, que deixava as coisas pra perto do prazo e terminava tudo sob “fortes emoções”. Erramos, tropeçamos, caímos e juramos nunca mais deixar as coisas pra cima da hora mas quando nos deparamos com um longo prazo, relaxamos e deixamos pra depois, já que não é pra agora. Mas é nesse momento que devemos mudar o nosso pensamento e justamente fazer agora para que não tenhamos ansiedade quando o prazo estiver apertando.

Ultimamente eu tenho revisitado muito o meu passado. Resgatei algumas ideias de projetos, revisitei memórias que antes me machucavam e percebi que muito em mim foi curado. Esse texto não tem um tema específico. Não vou te ensinar a se organizar e nem vou te ensinar nada. Eu estou aqui simplesmente pra sentir esse gostinho de casa faxinada depois de passar horas ajustando o layout do blog e voltando a um clima de antigamente, da época do Vida Minimalista.

Mas, por que, afinal, estou falando sobre tantos assuntos diferentes? Porque eles falam sobre o meu resgate a quem sou. Hoje, olho pra trás e tenho boas memórias daquela época dos blogs. Sinto saudades de quando eu escrevia e tinham muitas mensagens por aqui. Compartilhávamos fotos de organização de armário, do nosso dia-a-dia, de uma viagem… visitávamos os blogs uns dos outros, respondíamos comentários… mas hoje tudo foi lá pro Instagram. Eu não sei, há algo naquela plataforma que me limita. Eu simplesmente não consigo produzir conteúdo pra lá. É como se eu não conseguisse imprimir a minha alma naquele quadradinho.

Mas aqui sim. Aqui eu consigo escrever, como eu disse, nessa grande tela em branco na minha frente. Aqui consigo me expressar, despejar minha alma no teclado enquanto vejo as letras desenharem um lindo texto na tela. Lá não. Talvez eu só pudesse escrever um desses parágrafos devido à limitação do texto. Eu ainda tenho que aprender muito sobre aquele espaço lá mas talvez eu só esteja ficando velha mesmo. Velha pra chamar a atenção. Velha pra reels. Velha pra reclamar de uma plataforma enquanto eu escrevo pras moscas aqui. Mas vejam só, aqui, o que eu escrevo, fica. Lá, tudo se esvai.

E é por isso que eu continuo aqui. Mesmo que ninguém leia. Mesmo que eu comece falando sobre organização, David Allen e minha distração. Aliás, sobre o que eu ia falar aqui mesmo? Ah, já me distraí. Quem sabe em outro momento eu lembre…

Categorias: Redes Sociais

O dia em que me cansei do Instagram

 

Blog Camile Carvalho | Cansei do Instagram

Compre meu curso! Você tem feito tudo de errado até hoje em sua vida, mas eu tenho a solução de todos os seus problemas! – é o que mais tenho visto pelo Instagram. Eu não sei vocês, mas eu cheguei a um certo ponto de saturação naquela rede social. Quanto mais presto atenção nos conteúdos que as pessoas têm publicado, mais me dá uma agonia por eu não ter um produto para vender, porque sim, tudo nos leva a pensar que ou precisamos comprar todos os cursos de infinitos nichos por lá, ou precisamos vender nossos produtos.

Mas e eu?

Sinceramente, vejo a internet com um grande potencial para vendas em diferentes áreas, mas a minha intenção com tudo isso é simplesmente estar em uma comunidade com pessoas que pensam como eu, me inspirar, relaxar, ver fotografias bonitas e aprender sobre os assuntos que me interessam. Não quero me sentir diante de um site de vendas.

Eu sei que durante a pandemia abriram-se muitas oportunidades de lançamentos, cursos, ebooks sobre milhares de nichos. Foi uma excelente saída a muitos que, devido ao caos, viram na internet um espaço de oportunidade de sustento. O problema não é esse, mas sim que, no momento em que todos fazem absolutamente tudo igual, todos seguem as mesmíssimas fórmulas de lançamento, todos querem vender da mesma forma, nós, que somos os espectadores e possíveis compradores, desenvolvemos uma espécie de cegueira a tudo isso. Tudo é mais do mesmo.

O mercado digital ainda tem muito o que crescer – e acreditem, eu estudo essa área por muitos anos – mas ver tudo tão homogeneizado, tantas imitações, tanto conteúdo igual e até mesmo personalidades semelhantes, acaba com o diferencial de quem está ali, por trás da outra tela, tentando transmitir sua mensagem.

Quero ser diferente mas sou igual a todos!

Me perguntaram uma vez como ser diferente na internet. Como que se pode encontrar, em cada marca pessoal, um diferencial. A resposta é muito simples: sendo nós mesmos. O nosso diferencial consiste em sermos apenas nós mesmos.

Ninguém é igual ao outro, mas enquanto a massa busca incessantemente se igualar, uns aos outros, fazendo exatamente tudo igual, como se houvesse uma fórmula de sucesso (ou até mesmo de aceitação em comunidades), há aquela angústia como pano de fundo da perda da identidade.

Sabe, meus amigos, eu relutei muito em voltar a escrever neste blog. Desanimei, mesmo, depois que minha vida passou por uma grande mudança (acho que ir pra Índia foi o ponto de virada), mas hoje eu percebo que talvez eu não tenha nascido pra ser uma instagrammer. Não sei lidar com pensamentos curtos, boas imagens e muito menos registro constante do meu dia-a-dia. Eu sou dos textos. Dos textões, vocês sabem bem. E o que me angustiava, durante todo esse tempo, é que eu queria estar na internet, mas ainda não tinha encontrado o meu ponto.

Eu sou daqui

Ora, não dá pra querer tudo, não é mesmo? Pois eu sou daqui, do blog. Do texto. Do bate-papo com vocês aqui, na minha casinha onde vocês chegam, sentam-se à vontade e degustam – com calma – o que eu escrevo. Imaginem só se eu teria uma conversa dessas no Instagram? Impossível! Nem pela legenda da foto, muito menos pela conversa nos stories.

Lá é pra ser rápido. Lá tem distrações demais. Aqui, temos a calma, o dia todo se vocês quiserem. E eu sei que há uma luz no fim do túnel. Eu sei que há pessoas que ainda buscam essa experiência aqui. E quero recomeçar a fazer o que eu sempre gostei: escrever, conversar, ensinar e aprender, estabelecer um vínculo mais profundo com vocês e estar presente.

O meu compromisso está firmado.
E vocês, estão comigo?
Vamos voltar a blogar como antigamente?

Categorias: Foco, Redes Sociais

Uma semana sem perder tempo no Instagram

A ansiedade, a impulsividade e o feed que nunca acabava

Foi num final de semana que percebi que estava com ansiedade. Rolava o feed do instagram buscando algo que eu nunca encontrava. Por minutos. Horas. Quando percebi que estava com um comportamento em relação às redes sociais que não estava me fazendo bem mas eu nada conseguia fazer pra mudar.

Eu estava presa, amarrada naquilo, com a ligeira impressão de que a próxima foto do feed alheio me traria alegria, o que nunca acontecia.

A verdade é que EU não estava bem e qualquer coisa que aparecesse na minha frente jamais seria a causa de uma felicidade repentina.

Encontrei perdido no meu iPad o livro Minimalismo Digital, que havia abandonado há um ano. Recomecei a leitura e, à medida que eu lia e revisitava minhas anotações, eu percebia que aquilo tudo que o autor Cal Newport relatava, fazia muito sentido pra mim.

O medo de perder algo importante (FOMO), a sensação de que vou encontrar algo bom se continuar rolando o feed, o falso pertencimento… e então, enquanto lia o livro, mais uma notificação me tirava da leitura e me fazia mergulhar num labirinto sem fim nas redes sociais.

Mas, o que eu estava fazendo mesmo?

Ah, sim! Lendo aquele livro…

Quando me desobriguei a postar no Instagram por uma semana

Julho de 2021, após finalmente ter concluído o livro, eu já me sentia melhor em relação às redes sociais. A ansiedade já estava controlada e eu mal pegava o meu celular durante o dia pra checar o feed. Mas algo me instigava a pesquisar mais sobre Minimalismo Digital, Mindfulness, concentração, saúde mental na internet em tempos de pandemia… e então, conseguindo respirar bem e com um olhar sereno, decidi me desobrigar a postar qualquer coisa no meu instagram por uma semana.

Não era um super desafio, visto que eu já não estava com aquela ansiedade do início do ano, mas ainda assim iria me tirar do lugar de conforto. Não me proibi de nada, não deletei nenhum ícone ou conta em redes sociais, apenas avisei que ficaria 1 semana meio offline pra meditações, reflexões, paz mental. E que estava tudo bem. E sim, sinceramente, eu estava bem.

A ideia era ficar de segunda a sexta usando a rede social de forma mais controlada e atenta. Observar meus passos e o que me levava aos comportamentos compulsivos, como abrir a rede social ao menor sinal de pausa no que eu estava fazendo. Eu queria ser o objeto da minha própria experimentação, me conhecer, entender os principais gatilhos que me faziam rolar o feed infinitamente.

E então eu fui desapegando, quase sem perceber. De vez em quando eu abria o Instagram, via os stories de algumas pessoas. Às vezes um assunto interessante, às vezes nada novo, apenas fotos aleatórias.

Pessoas trabalhando. Pessoas viajando. Pessoas respondendo perguntas. E então eu deixava o celular de lado. Está bom por hoje, nada novo.

Quando me comprometi a ficar de segunda a sexta sem o compromisso de produzir conteúdo, me conhecendo bem eu sabia que falharia no meio do caminho, talvez até mesmo antes de quarta. Mas, quando sexta feira chegou, eu quis prorrogar pra 7 dias, então voltaria na segunda. Mas, quando segunda chegou, eu não tinha assunto. Não havia elaborado ainda um post de “olha só, eu voltei” e nem sequer havia escrito sobre minha experiência. Eu simplesmente me desliguei de tudo isso.

Acabou o desafio? Acabou e eu nem vi…

E aqui estou, na terça-feira próximo à meia noite, escrevendo esse relato sobre minha experiência porque decidi que voltarei a postar. Voltarei a usar o meu instagram. Sendo que, sinceramente, acho que meu comportamento em relação às redes sociais vai mudar.

Nesse meio tempo li bastante livros sobre Budismo, comportamento humano e artigos científicos sobre Minimalismo Digital e saúde mental. Ideias pipocaram na minha mente quando fiz Mapas Mentais no papel com minhas canetas coloridas. Repensei minha vida acadêmica, temas para pesquisa e nem a minha espiritualidade foi poupada. Percebi que minhas certezas estavam fundamentadas em castelos de areia e que, não há nada de errado em simplesmente buscar uma base mais sólida.

Em uma semana ocorreu uma reviravolta na minha vida e, claro, não foi apenas por causa da pausa nas redes sociais, mas porque abri espaço pra pensar, refletir, indagar, falar comigo mesma, em vez de rolar o feed continuamente.

E assim acho que novamente embarco nos trilhos do minimalismo, do essencialismo, do mínimo viável para que eu possa viver em paz, com saúde mental, concentração e foco no que realmente é importante.

A partir de agora se inicia uma nova era na minha vida. Resgatando partes de mim que ficaram no passado, reconstruindo a imagem que tenho de mim mesma e tendo mais clareza sobre como quero ser vista e o que quero fazer nas redes sociais.

O mais importante é que quero usar as ferramentas que a internet proporciona ao invés de deixá-las que me usem e escorrer por seus ralos enquanto rolo o feed continuamente.