Categorias: Comportamento

Quando desapegar dói

Geralmente eu venho aqui no blog com muita alegria em minhas palavras falar sobre os desapegos que fiz e o que aprendi com cada um deles. Porém, hoje o texto será um pouco diferente. Hoje parece que minha arrumação não foi como as anteriores.

Não sei se devido aos astros ou por algum outro motivo, hoje decidi organizar minha loja no enjoei e colocar novos itens à venda. Mexi nos preços de algumas coisas, coloquei outras em promoção, e empolgada a desapegar de algumas outras peças, abri a porta do meu armário. A diferença é que não foi a mesma porta de sempre, mas sim, uma onde guardo meus vestidos e saias, e que quase não acesso pelo simples motivo de raramente usar os vestidos e as saias que ali estão.

Peguei uma por uma e, sentindo a energia, fui colocando sobre minha cama. Algumas saias fizeram parte de um período muito importante pra mim, outras, sequer usei. Naquelas compras por impulso acabei trazendo pra casa, esperando um dia, quem sabe, talvez, e o dia jamais chegou.

Expectativas, creio eu, giram em torno de roupas que compramos. Talvez pra nos enquadrarmos em um determinado estilo, ou para usarmos em um dia especial que nunca chega. A questão é que mexi numa parte que sempre pulo na hora do declutter justamente por ter ali roupas boas, novas e que não foram usadas no meu dia-a-dia. São aquelas roupas que sempre tive a certeza de que não teria nada pra desapegar. Certezas…

Vesti algumas peças pra fotografar pro enjoei, outras, fiz a foto do próprio cabide. E enquanto eu fotografava, uma pilha de roupas se fazia sobre a minha cama. Aquelas roupas que marcaram uma época em que eu gostava de me vestir de preto, usar meias-calças e botas para o “inverno” carioca. Eu tinha outra mentalidade, outros pensamentos. Ainda não tinha voltado a praticar yoga (fiquei uns anos sem praticar antes de me tornar professora) e parece que, num passe de mágica, todas aquelas memórias vieram à tona.

Pessoas, paixões, certezas que hoje me fazem sorrir com o canto da boca. Certezas… e uma série de reflexões ocuparam a minha mente. Cada dia aprendemos algo diferente, cada dia uma certeza se vai com o fluxo do rio. E eu, sendo a pessoa que comprava e às vezes vestia aquelas roupas cheia de certezas, tornei-me hoje uma pessoa mais flexível, dentro da minha compreensão de presente. E o melhor de tudo é que daqui a alguns anos estarei revendo as roupas que uso hoje e pensarei o mesmo: que eu era cheia de certezas que enfim foram desmanchadas como castelos de areia.

Uma angústia tomou conta de mim enquanto cadastrava as roupas no site. Senti um misto de tristeza com decepção, algo que não sei bem explicar. Não era pelas roupas, mas talvez por não tê-las passado adiante ainda. Resolvi então tomar um banho quente, deixar a água cair e lavar a minha alma de todas as certezas que tenho hoje, de todos os apegos passados e de tudo que ainda há em mim que não consigo enxergar. Chorei, como se estivesse me libertando de amarras passadas que ainda não tinha percebido. Lembrei-me que estamos em lua minguante, o período ideal pra desapegos, pra deixar ir…

Voltei, dessa vez mais leve. Sentei-me em frente ao computador e continuei o cadastro, agora feliz. Feliz por passar adiante algo que guardava sem motivo algum. Feliz por abrir espaço em minha casa. Feliz por me sentir mais leve, por abençoar cada peça que tirei do meu guarda-roupas e por fazer as pazes com algo do meu passado que ainda estava me limitando a voar mais alto.

Percebi que quando começamos a desapegar, é como se estivéssemos removendo as camadas mais externas. É muito fácil. Sempre temos algo que podemos facilmente nos livrar. Agora, quanto mais desapegamos, mais atingimos as camadas internas, aquelas que não queremos remexer muito pra não levantar a sujeira do fundo do aquário. E são essas as sujeiras com as quais devemos lidar. Cada um em seu próprio tempo.

Sinto-me mais leve só de ter lidado com tais peças de roupas e com tais sentimentos. Aos poucos, vou quebrando elos que ainda me prendem a um passado que não sou mais eu. Eu só sou essa, no momento presente. Que o passado fique no passado e que o futuro permaneça no futuro. Hoje é o dia de viver, apenas hoje.

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Categorias: Desapego

Lista: do que estou desapegando #3

Do que estou desapegando? Camile Carvalho

Faz um tempo que eu não venho aqui compartilhar com vocês sobre meus desapegos. E quando falo em desapego, não me refiro necessariamente a roupas, objetos e coisas materiais, mas também a emoções, sentimentos e hábitos que não me fazem tão bem.

# Desodorante industrializado

Já faz um tempo que não compro um desodorante industrializado cheio de químicas. Troquei o meu por leite de magnésia com óleos essenciais e estou muito satisfeita. Mantenho um industrializado apenas na minha bolsa de yoga para uma eventualidade, mas raramente uso. Tem dado muito certo usar apenas o leite de magnésia, inclusive quando vou correr. Pretendo depois experimentar a pedra hume, mas ainda não encontrei uma pra comprar.

# Milhares de cremes para o cabelo

Quando comecei minha transição capilar, saí comprando compulsivamente cremes para ativar cachos e tudo o que eu encontrava no caminho para ajudar na nova textura do meu cabelo. Resultado? Acabei me frustrando por 1) não ter aquela textura que meu cabelo ficava naturalmente (ele não é tão cacheado como ficava) e 2) dava mais trabalho do que quando eu alisava.

Acabei desapegando dessa busca incessante por cabelos cacheados perfeitos – que não tenho – e hoje estou apenas lavando e usando um creme pra pentear normal. De vez em quando uso umas gotinhas de óleo de coco nas pontas e deixo secar no natural. Muito menos trabalho. Isso fez com que eu desapegasse do próximo item:

# Ter um cabelo ~perfeito~ que não é o meu

Sim, eu tenho cabelo sem forma. Sim, eu uso escova giratória pra alisá-lo de vez em quando. Sim, eu tenho vários bad hair days e apenas faço um coque no topo da cabeça e sou feliz assim. Desapeguei da ideia de manter um cabelo perfeito simplesmente por que não tenho um cabelo perfeito. Aliás, ele é perfeito do jeito que é e está tudo bem. Também desapeguei da onda de transição capilar cheio de “não pode isso, não pode aquilo” e apenas relaxei. Quando quero alisá-lo, aliso. Quando quero no natural, deixo secar ao vento. E está tudo bem. Sem cobranças, sem neuras. 🙂

# Pessoas que me faziam mal

Não é porque me distanciei de alguns amigos que esses, em específico, me façam mal, longe disso! Alguns amigos são muito queridos, apenas na correria do dia-a-dia acabamos não nos encontrando mais. Porém, desapeguei sem dó de algumas pessoas que me colocavam pra baixo. Que vivem pra pisar nos outros, tentando mostrar uma vida, um status que não possuem. Pessoas assim são tóxicas, e por mais que as amemos, quando passa o limite de nos prejudicar, nos humilhar, a melhor saída é se afastar.

# Blog (what?)

Calma, eu não desapeguei do blog e nem pretendo encerrá-lo. A questão é que eu tenho um certo problema chamado chatice de gente metódica e me cobro DEMAIS em relação ao conteúdo que publico. Preciso ter tudo organizado demais e acabo caindo na armadilha da procrastinação. É claro que não vou transformar meu blog em algo feito de qualquer jeito, mas estou, aos poucos, transformando esse espaço em algo mais leve, no qual eu possa simplesmente abrir o notebook e escrever.

O carinho por ele continua o mesmo, o que muda é a fluidez com que escrevo e cuido dele. Eu penso o seguinte: se alguém se incomoda com o conteúdo que compartilho, isso significa que não é meu público. Há milhares de blogs super legais por aí e acredito que um blog deva refletir o blogueiro. Assim, atraímos os leitores que se identificam com quem realmente somos e tudo fica mais leve.

E vocês, do que estão desapegando? Compartilhem comigo!

obs.: tive um problema na url do leveporai, portanto, o blog seguirá seu fluxo neste endereço camilecarvalho.com até quando o universo permitir. Antes, eu arrancaria os cabelos por causa disso. Agora, enxerguei o copo metade cheio, vi o que poderia ser feito e apenas troquei o conteúdo pra cá. Acho que estou desapegando de mais coisas do que tenho consciência. ❤

imagem: ISO Republic

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Categorias: Desapego

A importância de deixar ir

Sempre que nos sentimos sobrecarregados, cansados e desanimados é um ótimo momento para refletir sobre as coisas que queremos deixar ir embora das nossas vidas, aquilo que não cabe mais, que não combina mais com quem nos transformamos. A cada minutos somos uma pessoa diferente, e pra que possamos seguir em frente e receber coisas novas, precisamos deixar pra trás o que não precisamos carregar conosco adiante.

Pense que você carrega uma mochila na sua vida. Como toda bagagem, seu espaço é limitado. Ao longo da nossa vida vamos enchendo nossa mochila com memórias, lembranças, objetos, emoções… e sim, isso pesa. Pesa sobre nossos ombros e costas, mas na maioria das vezes não temos a coragem de parar, abrir a mochila e analisar se o que estamos carregando é realmente necessário.

O que vamos carregar daqui pra frente? Que tal destralharmos também a nossa mochila da vida? Sabe aquela raiva, aquele rancor, aquelas memórias dolorosas de um passado que não existe mais? Aquela necessidade de querer agradar a todos, aquela preocupação com o que os outros vão pensar de nós? Desapegue! Deixe no meio do caminho. Você não precisa carregar por aí aquilo que te faz mal, aquilo que não acrescenta em nada e nem será útil para o seu futuro.

Desapegue, deixe ir…

Somente quando abrirmos espaço e renovarmos as energias é que receberemos e teremos a clareza de mente necessária para lidar com o novo. Se você quer iniciar novos projetos, quer transformar sua vida, o momento é agora.  Tenho certeza que deixando pra trás o que não combina mais com você, sua vida ficará mais leve, pronta para receber o novo, pronta para começar aquilo que você tanto queria.

O que você anda levando na sua mochila da vida que está lhe sobrecarregando? Do que você pode desapegar? Abra espaço, deixe ir… tenho certeza que sua mente ficará mais clara para lidar com as transformações necessárias para uma nova etapa da sua vida.

Desapegue, deixe ir…

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