Eu preciso escrever. Sinto a necessidade de pousar meus dedos sobre este teclado e me deixar embalar pelo som das teclas na noite fria. Às vezes penso muito quando deveria evitar alguns pensamentos. Me envolvo demais querendo ajudar a todos e acabo esquecendo de mim. Guardo sentimentos de angústia, tristeza e dor ao ver como o ser humano anda se comportando com o meio em que vive. É tudo tão distante e tão próximo de mim que a impressão que tenho é de que vivo em uma bolha. Apenas observando. Apenas não-participando.
Quando fui Museu das Telecomunicações, aqui no Rio de Janeiro, a menina que nos guiou nos fez refletir muito sobre a nossa sociedade atual. em uma das reflexões nos perguntou, se sua vida fosse um filme, quem você seria? Será que todos nós somos protagonistas? Ou somos diretores? Simples espectadores? Vale à pena passar todas essas cenas apenas na plateia enquanto tudo acontece no palco? Quem realmente atua conosco?
Conheço muitas pessoas. Umas do passado que permanecem no presente. Outras que acabaram de chegar e que tenho certeza que ficarão no futuro. Algumas outras, virtuais. Como é estranho e ao mesmo tempo fascinante o convívio virtual… A tecnologia tem nos permitido conhecer pessoas distantes que tudo têm a ver conosco, muito mais até que aquele nosso vizinho que nem nos cumprimenta no elevador. Vivemos tão perto mas tão longe. Estamos tão longe mas tão unidos por um gosto em comum. E quando eu penso nas minhas amizades virtuais, posso dizer que, tudo no final se mistura. Nossas vidas virtuais já estão tão concretas no real que já não podemos mais distinguir em que momento começamos de fato a viver. Estar conectado nos traz para o dia-a-dia todas aquelas pessoas ali, em um aparelho de celular, mas que nem sempre conhecemos ao vivo.
Compartilhamos nossas vidas, mostramos o que comemos, o que lemos e o que assistimos. Nos tornamos tão dependentes de mostrar ao outro que já não tem mais graça o anonimato. E aquelas pessoas estão ali, lado a lado, frente a frente conosco, seja em um churrasco entre amigos, seja em um jantar importante, sempre haverá os coadjuvantes virtuais presentes.
Porém, nem sempre as coisas duram. Vivemos em uma época tão louca, tão corrida, tão líquida que o que hoje é, amanhã pode não ser mais. O que ontem foi, dificilmente permanecerá, e é tão mais fácil excluir pessoas que com apenas um clique tudo se acaba. Toda uma história, toda uma possibilidade de futuro. Sentimos mágoas e não conversamos. Preferimos escrever no Twitter indiretas para um, que 50 tomam para si.
Preferimos bloquear, preferimos ignorar a mensagem. E assim se desfaz a amizade. É mais fácil, mais cômodo, não tem o olho no olho. A facilidade do meio virtual é tanta que economizamos palavras. Economizamos sentimentos. O que alguns caracteres podem fazer de diferença, nem sempre é feito. É melhor deixar pra lá, ignorar, não falar. Dar um tempo e depois dizer que simplesmente o Facebook deletou. Mas por trás de cada arroba, há uma pessoa. Por trás de cada avatar, há um ser de carne e osso, que sente, sorri, chora e tem que se acostumar com os altos e baixos das amizades virtuais.
E continuemos nessa vida efêmera, corrida, com pressa de chegar a algum lugar. Só não sabemos aonde. Qual a linha sutil que separa o real do virtual? Quem somos nós nesse ambiente vasto que nos acolhe e ao mesmo tempo nos repele? Continuarei minha busca, quem sabe um dia eu tenha respostas.
Verdade, Beatriz! É a nossa geração, e fico pensando, aonde tudo isso vai dar? É tudo tão corrido e não conseguimos ver no que vai dar. É tão difícil estreitar laços…
Obrigada pela visita! Volte sempre =)
Fiz uma reflexão dessas a um tempo num outro blog meu, parecido com o seu. O mundo virtual é rápido. Não gosta dos posts, deleta, acaba, se vira. No real, isso leva um tempo. Mas cara, esta é a nossa geração. Não sei se é infelizmente, mas cada vez mais distante de tudo.