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Como planejar um armário minimalista

Como planejar um armário minimalista | Camile Carvalho

Para planejar um armário minimalista, tanto feminino quanto masculino, é preciso muito mais do que simplesmente doar as roupas que já não nos servem mais. Nem sempre o que mantemos após uma organização combina entre si e sair pelo shopping comprando roupas bonitas também não é a solução para um armário funcional.

Temos a tendência de olhar uma peça em promoção na loja e querer comprar. Somos atraídos pelas cores, pelo baixo preço, pela necessidade de levar pra casa algo que pensamos que irá mudar nossas vidas, mas aquela roupa bonita e com um bom preço talvez não vá fazer diferença em nosso armário.

Um armário minimalista

Para planejar um armário mais simples temos que pensar na funcionalidade. Será mesmo que todas as roupas que temos combinam entre si? Será que todas as peças temos a coragem de usar? Aquela blusa estampada poderia ser usada com aquela calça que temos guardada ou ela fica esquecida no cabide porque nunca achamos que combina? Está na hora de fazer uma revisão do que deve permanecer e do que deve ser adquirido, pois um bom guarda-roupa deve se adaptar ao estilo da pessoa e seu modo de vida.

Determinando proporções

Seja sincero. Pegue papel e caneta e faça uma linha. Divida seu tempo durante o dia estabelecendo quantas horas você passa no trabalho, quantas passa em casa, na escola/faculdade e se divertindo. Você tem o costume de sair muito ou é mais caseira e prefere um bom filme sob as cobertas no fim de semana? Usa uniforme pra trabalhar ou seu trabalho exige roupas muito chiques?

É importante determinar qual a maior necessidade no dia-a-dia para analisar que estilo de roupa precisamos ter em maior quantidade.

Qual é a proporção do seu guarda-roupa?

Abra as portas do seu armário. Você consegue distinguir que tipo de roupa tem em maior proporção? Ele realmente corresponde ao seu cotidiano ou você tem mais roupas de sair e é uma pessoa caseira que trabalha com uniformes? Talvez ele não esteja sendo bem aproveitado, com muitas peças sem usar.

Identifique sua necessidade

Se você trabalha em um ambiente mais formal e a maioria das suas roupas são coloridas, estampadas, com decotes porque você gosta de sair pra passear assim nos finais de semana, talvez seja o momento de investir em roupas que correspondem ao seu ambiente de trabalho, onde você passa a maior parte do tempo durante a semana.

Cores neutras como o preto, cinza e branco são ótimas para ambientes mais formais, podendo ser complementadas com acessórios. Muitas vezes não nos preocupamos com o ambiente de trabalho, mas também precisamos cuidar da imagem nesse local sem precisar investir muito. Identifique sua necessidade.

Será que combina?

Todas as roupas que você tem possui um par correspondente que realmente combine? Separe aquelas camisas que você nunca usa porque não tem uma calça que forme um bom conjunto. Ou aquela calça florida que você comprou por causa da moda mas que não combina com suas camisas estampadas. Você tem duas soluções: ou compre uma peça neutra que vá combinar com tudo ou se desfaça da peça que está apenas ocupando espaço no armário.

Anote o que precisa

Durante a análise do guarda-roupa é importante anotarmos o que precisamos. Como você já identificou as peças que não combinam com nada e as separou, procure uma solução. Comprar uma calça preta resolveria o problema das 5 camisas que não combinam com nada? Talvez você precise dessa calça preta. Veja bem, lembre-se sempre de priorizar a compra de peças de cores neutras e cortes mais básicos. Não adianta pensar em comprar uma calça de bolinhas verdes pra combinar com uma blusa se você só formará um conjunto. Dê preferência à sobriedade, assim terá mais opções de combinações.

Para as mulheres, acessórios

Acessórios geralmente não custam caro e ocupam pouco espaço. Para quem tem um armário mais básico, o ideal é investir nos detalhes. Lenços, pulseiras, brincos e colares podem fazer toda a diferença num visual, assim como os calçados. Às vezes a simples troca de um sapato pode mudar completamente a roupa. Experimente vestir uma calça jeans com camisa branca e um tênis. Agora troque o tênis por um sapato de salto alto. Percebeu a diferença? Mas cuidado, não exagere com os sapatos, você não tem tantos pés para justificar a compra de 50 pares!

O importante na arrumação do guarda-roupa é identificar a necessidade diária e saber se a proporção das roupas que temos corresponde ao nosso dia-a-dia. Com isso podemos adquirir novas peças de acordo com o que precisamos de verdade e se desfazer daquelas que estão apenas ocupando espaço. Anote o que precisa e não corra para o primeiro shopping. Mantenha a lista com você e no próximo passeio, deixe a calça verde de bolinha roxa no cabide e opte por adquirir uma das peças que você listou como prioridade. Assim você consegue satisfazer sua necessidade de compra ao mesmo tempo que faz uma compra consciente de acordo com o que realmente precisa.

Lembre-se: é muito mais difícil manter organizado um ambiente com excessos, portanto, tente possuir apenas a quantidade necessária.

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Demorô para abalar!

Quem nasceu na tão amada década de 80 aqui no Rio de Janeiro, certamente se lembrou dos funks só de ler o título desse post. Acompanhamos desde o início, quando ainda se confundia bastante com o Rap. Lembro-me dos primeiros que surgiram, quando eu era criança. As letras eram diversas: algumas engraçadas, outras tristes e em geral eram bem mais suaves, mas nunca deixaram a desejar quanto ao seu propósito: A contestação.

Hoje vou mostrar alguns bem antigos, os primeiros Raps e Funks que me lembro e quem viveu essa época certamente vai identificá-los. Quem nasceu depois, vai conhecer um pouquinho mais da expressão popular dos morros daquela época em que não se maquiava com o termo comunidade.

Feira de Acari – Mc Batata

Esse rap sempre me faz lembrar da minha infância. É mais antigo que o funk da era Claudinho e Buchecha e me faz ir diretamente pra 199? com as festinhas de play. Claro que a gente só sabia cantar o refrão, não existia o tio Google pra nos dizer a enorme letra.

Numa loja na cidade  eu fui comprar um fogão
Mas me assustei com o preço  e fiquei sem solução
Eu queria um fogão quando ia desistir
Um amigo me indicou  a Feira de Acari
 
Ele disse que na feira pelo preço de um bujão
Eu comprava a geladeira  as panelas e o fogão
Tudo isso tu encontra numa rua logo ali
É molinho de achar é lá na feira de Acari
 
É sim lá em Acari (x4)
 
Lá existe um barraqueiro  que atende por Mané
Ele vende muita coisa sempre tem o que tu qué
A barraca muito grande nela você sempre passa
Com merreca paga as pilhas e o rádio vai de graça
 
Tinha uma promoção na barraca do Mané
Se alguém comprasse tudo ele dava a sua mulher
Tudo isso tu encontra numa rua logo ali
É molinho de achar é lá na feira de Acari
 
Já levei o meu avô pra mostrar que eu não minto
Ele foi no troca troca da barraca do Jacinto
Meu avô trocou as calças meu avô trocou o cinto
Meu avô trocou cueca e trocou até um pinto
 
Quando eu voltar na feira meu avô quer ir de novo
Ele está tão satisfeito que já quer trocar um ovo
Tudo isso tu encontra numa rua logo ali
É molinho de achar é lá na feira de Acari
 
Preste muita atenção no que agora eu vou falar
Se você quer transação, Acari cê vai achar
Se levar algum dinheiro maloca a merreca
Põe no bolso, no sapato e o resto na cueca
 
Porque lá tem gente boa e malandro adoidado
Já venderam prum otário o morro do Corcovado
Tudo isso tu encontra numa rua logo ali
É molinho de achar é lá na feira de Acari

Rap do Surfista de Trem

Surfista zona sul, de manhã come mamão, surfista zona norte muito mal café com pão.

Essa é da mesma época da Feira de Acari. O Funk ainda estava meio misturado com o Rap e as músicas que contestavam a situação precária da população das favelas já ganhava força.

surfista zona sul de manhã come mamão
surfista zona norte muito mal café com pão
na hora do almoço come bife com fritas
surfista zona norte leva o ovo na marmita
 
surfista zona sul surfa cheio de energia
surfista zona norte esbanjando anemia
surfista zona sul tem o corpo morenão
surfista zona norte queimado de alta tensão
 
surfista zona sul só anda com sereia
surfista zona norte só namora mulher feia
surfista zona sul sempre tá contente
surfista zona norte ri, mas falta muito dente
 
surfista zona sul desliza cheio de graça
surfista zona norte com a mão suja de graxa
surfista zona sul vai da Barra pro Havaí
surfista zona norte da Central à Japeri
 
da zona sul à zona norte ou em qualquer lugar
quem não tem prancha vai de trem
o importante é surfar
 

Rap do Silva – Mc Bob Rum

O Funk não é modismo, é uma necessidade. É pra calar os gemidos que existem nessa cidade.

Esse funk tem uma letra forte, mostra que nas favelas também há pessoas de bem, não apenas bandidos. Quando fala “era só mais um Silva”, está generalizando toda aquela população que vive em condições precárias e que são tratados como uma massa sem importância. Como aqui no Brasil o sobrenome Silva é muito comum, foi usado pra dar essa impressão impessoal. Vejam que nem o nome foi utilizado, apenas o sobrenome.

Todo mundo devia nessa história se ligar
por que tem muito amigo que vai pro baile dançar,
Esqueçer os atritos, deixar a briga pra lá
E entender o sentido quando o dj detonar
 
(Refrão)
Era só mais um silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro mais era pai de família 
 
Era um domingo de sol, ele saiu de manhã
Para jogar seu futebol, deu uma rosa para a irmã
deu um beijo nas crianças prometeu não demora
Falou para sua esposa que ia vim pra almoçar
 
Era trabalhador, pegava o trem lotado
Tinha boa vizinhança, era considerado
Todo mundo dizia que era um cara maneiro
Outros o criticavam porque ele era funkeiro
 
O funk não é motivo, é uma necessidade
É pra calar os gemidos que existem nessa cidade
Todo mundo devia nessa historia se ligar
Porque tem muito amigo que vem pro baile dançar
esquecer os atritos, deixar a briga pra lá
E entender o sentido quando o DJ detonar
 
E anoitecia, ele se preparava,
para curtir o seu baile, que em suas veias rolava,
foi com a melhor camisa, tênis que comprou soado,
e bem antes da hora ele já estava arrumado,
se reuniu com a galera, pegou o bonde lotado,
os seus olhos brilhavam, ele estava animado,
 
Sua alegria era tanto, ao ver que tinha chegado, foi
o primeiro a descer, e por alguns foi saudado
mas naquela, triste esquina, um sujeito apareceu
com a cara amarrada, sua mão estava um breu,
carregava um ferro em uma de suas, mãos
apertou o gatilho sem dar qualquer explicação
e o pobre do nosso amigo, que foi pro baile curtir,
hoje com sua família, ele não irá dormir!
 

A Distância – Márcio e Goró

“Enquanto isso a chuva cai lá fora, tu olha da janela e chora me implorando pra te amar”

Esse funk é o meu preferido daquela época. A melodia é bonita assim como a letra e fala de um tema que nunca morre: o amor, a distância, a saudade. Nessa época eu tinha meus 12 anos e essa letra me sensibilizava muito. Vale a pena matar a saudades ou conhecê-la.

Enquanto isso, a chuva cai lá fora
Tu olhas da janela e chora
Me implorando pra te amar
Mas a distância corrói, dói no meu peito
E atentado eu me esqueço
do amor que eu tenho pra te dar…
 
Mas simplesmente eu vou me lamentando
A chuva cai e eu continuo chorando
Desesperado e sofrendo calado
Por esse louco amor (um louco amor!)
 
Não sei se posso pensar em alegria
Essa distância corrói meu dia-a-dia
Eu vou pro bar, então encho a cara
E bebo até cair (até cair!)
 
A decadência em mim está formada
A minha mãe diz que é palhaçada
E me dá um café forte e quente
Para me reanimar (reanimar!)
 
Já consciente, eu pergunto pra ela
Se a minha vida virou um novela
Se no passado ela amou
Alguém como eu amei
 
Ela abaixa a cabeça e pensa
A sua face muda de aparência
Chorando diz pra mim:
Meu filho eu amei sim…
 

É visível que o funk mudou muito ao longo dos anos. Antes, mesmo sendo uma forma de expressão, uma voz de protesto, ele parecia ter um tom mais ingênuo, o que me faz pensar se a sociedade em geral está perdendo essa ingenuidade, não apenas o funk. Aqui quis mostrar algumas músicas antigas, que talvez vocês não conheçam e por isso não mostrei funkeiros como Claudinho e Buchecha, pois são conhecidos até hoje. Para aqueles que viveram essa época, espero que tenha gostado de lembrar.

E você, qual funk antigo se lembra? Deixe seu comentário sobre essa época, compartilhe conosco!

Obrigada =)

obs.: A ilustração do post faz parte do projeto Funk You e pode ser encontrada aqui.
Categorias: Comportamento

Perfeccionismo X Impulsividade

Hoje eu estava pensando sobre o perfeccionismo. Já falei aqui sobre os tipos de procrastinadores e às vezes um está relacionado ao outro.

Quando me planejo para fazer algo, em alguns casos eu tenho a mania de querer organizar tudo, deixar o ambiente em perfeitas condições para começar uma atividade. Por outro lado, às vezes sou apressada querendo tudo pra ontem. Vocês podem imaginar a confusão que isso causa em mim!

Quando escrevi no Twitter que estava cansada do layout do Vida Minimalista, 10 minutos depois eu já estava com o editor aberto, paleta de cores na mão e com o blog fora do ar para manutenção. Era meia noite, mas eu precisava fazer a mudança, ou eu nem conseguiria dormir direito.

No entanto, quando vou estudar, preciso organizar todo o meu ambiente de estudo. Pego tudo o que preciso, separo o material, arrumo a superfície, pego uma garrafa de água, respondo um email para não ficar pendente e quando vejo, o tempo que passei estudando foi mínimo, apesar de produtivo.

Notamos que nenhum dos extremos é bom. No caso da impulsividade, podemos nos precipitar e produzir algo com detalhes pendentes. Já com o perfeccionismo nos estudos, posso perder um grande tempo apenas organizando e produzindo pouco.

Há pessoas extremamente impulsivas assim como há pessoas extremamente metódicas e é muito importante fazer uma autoanálise pra identificar se possuímos essas características. Agir dessa forma em momentos isolados é normal. Ou somos movidos pela emoção, ficando empolgados com uma novidade ou em alguns casos queremos dar o melhor de nós, postergando uma ação. Apenas temos que observar se algum dos dois extremos é constante em nossas vidas, para que não façamos as coisas sem planejamento nem que planejemos demais a ponto de não fazê-las.

E você, se identifica em alguma dessas características?

imagem: Getty

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