Categorias: Bem-Estar

Dinacharya: rotinas ayurvédicas – ritual matinal

Dinacharya: rotinas ayurvédicas

No último sábado, dia 10 de dezembro, participei de um workshop de Ayurveda ministrado por Flávia Seabra. Como eu sempre falo, a Índia é o berço de muitos conhecimentos, uma ciência ímpar, e que fico muito feliz em conhecer, a cada dia, um pouco mais de sua tradição, cultura e sabedoria.

Ayurveda significa, em sânscrito, ciência da vida (ayur=vida, veda=ciência, conhecimento). É o sistema tradicional de saúde praticado na Índia que há milênios tem sido aplicada e difundida no mundo com muito sucesso. Há, inclusive, diversos casos em que a medicina ocidental não deu conta, mas que o Ayurveda, com todas as suas ferramentas de alimentação, rituais, massagens, meditação e yoga, trouxe cura a quem já estava desperançoso, como foi o caso da própria Flávia que ministrou o workshop e da conhecida Laura Pires, autora do livro O sabor da harmonia.

Rotinas Ayurvédicas

Chamamos de Dinacharya a rotina ayurvédica, que são os rituais para desintoxicar e fortalecer o corpo e a mente, aumentando o prana. Segundo a tradição, nosso corpo sofre influências dos horários do dia, das estações do ano, da temperatura e claro, da alimentação. Por esse motivo, é de extrema importância que estabeleçamos uma rotina para que possamos regular nossos ciclos, nossa digestão e as energias que circulam em nosso corpo.

“O Ayurveda aconselha um estilo de vida bem regrado. De manhã até a noite. 
Acordar cedo, com o nascer do sol, cuidar da higiene, ter as refeições nos horários 
certos – café da manhã, almoço e jantar – e dormir sempre no mesmo horário. 
Este é o segredo da boa saúde” ~ Shiva Prasad

O melhor horário para acordar é antes do nascer do sol, no período chamado Brahma Muhurta (antes das 6hs). Neste período estamos sob a influência do Vata (vento), sendo um período auspicioso para meditar, fazer a limpeza do corpo e se preparar para o dia. Após as 6hs da manhã, entramos na influência Kapha (até as 10hs), o que nos torna mais pesados, lentos, dificultando o despertar do organismo trazendo uma sensação de letargia.

Como começar bem o dia?

Para começar o dia com pé direito e disposição, a Ayurveda recomenda que, dentro das possibilidades de cada um, façamos o seguinte ritual matinal:

  1. Acordar no Brahma Muhurta (antes das 6hs da manhã)
  2. Demonstrar gratidão pela vida ou por algo específico
  3. Fazer as eliminações (evacuar, urinar, escovar os dentes, raspar a língua, tomar banho)
  4. Tomar uma xícara de água morna com 10 gotas de limão em jejum para estimular o fogo digestivo (agni)
  5. Praticar asanas e pranayamas (yoga) e meditação
  6. Planejar o dia (mentalmente ou escrevendo)
  7. Tomar café da manhã

Eu sei, muitos podem olhar essa lista de rotinas e pensar: “mas eu não tenho tempo pra fazer isso tudo”, ou “jamais conseguiria acordar tão cedo” e eu concordo que nem todos podem mudar, de um dia pro outro e estabelecer essa rotina no dia-a-dia. No entanto, se aos poucos começarmos a tentar acordar um pouco mais cedo e ir incluindo alguns hábitos benéficos, vamos sentindo a transformação em nossos corpos e mente. Uma dica é colocar o despertador 30 minutos mais cedo a cada semana e tentar se deitar um pouco antes pra acompanhar os novos hábitos. Só de irmos pra cama mais cedo, nosso corpo já entende que é o momento de relaxar.

E você, que horas acorda? O que faz pela manhã?

Categorias: Desapego

Lista: do que estou desapegando #3

Do que estou desapegando? Camile Carvalho

Faz um tempo que eu não venho aqui compartilhar com vocês sobre meus desapegos. E quando falo em desapego, não me refiro necessariamente a roupas, objetos e coisas materiais, mas também a emoções, sentimentos e hábitos que não me fazem tão bem.

# Desodorante industrializado

Já faz um tempo que não compro um desodorante industrializado cheio de químicas. Troquei o meu por leite de magnésia com óleos essenciais e estou muito satisfeita. Mantenho um industrializado apenas na minha bolsa de yoga para uma eventualidade, mas raramente uso. Tem dado muito certo usar apenas o leite de magnésia, inclusive quando vou correr. Pretendo depois experimentar a pedra hume, mas ainda não encontrei uma pra comprar.

# Milhares de cremes para o cabelo

Quando comecei minha transição capilar, saí comprando compulsivamente cremes para ativar cachos e tudo o que eu encontrava no caminho para ajudar na nova textura do meu cabelo. Resultado? Acabei me frustrando por 1) não ter aquela textura que meu cabelo ficava naturalmente (ele não é tão cacheado como ficava) e 2) dava mais trabalho do que quando eu alisava.

Acabei desapegando dessa busca incessante por cabelos cacheados perfeitos – que não tenho – e hoje estou apenas lavando e usando um creme pra pentear normal. De vez em quando uso umas gotinhas de óleo de coco nas pontas e deixo secar no natural. Muito menos trabalho. Isso fez com que eu desapegasse do próximo item:

# Ter um cabelo ~perfeito~ que não é o meu

Sim, eu tenho cabelo sem forma. Sim, eu uso escova giratória pra alisá-lo de vez em quando. Sim, eu tenho vários bad hair days e apenas faço um coque no topo da cabeça e sou feliz assim. Desapeguei da ideia de manter um cabelo perfeito simplesmente por que não tenho um cabelo perfeito. Aliás, ele é perfeito do jeito que é e está tudo bem. Também desapeguei da onda de transição capilar cheio de “não pode isso, não pode aquilo” e apenas relaxei. Quando quero alisá-lo, aliso. Quando quero no natural, deixo secar ao vento. E está tudo bem. Sem cobranças, sem neuras. 🙂

# Pessoas que me faziam mal

Não é porque me distanciei de alguns amigos que esses, em específico, me façam mal, longe disso! Alguns amigos são muito queridos, apenas na correria do dia-a-dia acabamos não nos encontrando mais. Porém, desapeguei sem dó de algumas pessoas que me colocavam pra baixo. Que vivem pra pisar nos outros, tentando mostrar uma vida, um status que não possuem. Pessoas assim são tóxicas, e por mais que as amemos, quando passa o limite de nos prejudicar, nos humilhar, a melhor saída é se afastar.

# Blog (what?)

Calma, eu não desapeguei do blog e nem pretendo encerrá-lo. A questão é que eu tenho um certo problema chamado chatice de gente metódica e me cobro DEMAIS em relação ao conteúdo que publico. Preciso ter tudo organizado demais e acabo caindo na armadilha da procrastinação. É claro que não vou transformar meu blog em algo feito de qualquer jeito, mas estou, aos poucos, transformando esse espaço em algo mais leve, no qual eu possa simplesmente abrir o notebook e escrever.

O carinho por ele continua o mesmo, o que muda é a fluidez com que escrevo e cuido dele. Eu penso o seguinte: se alguém se incomoda com o conteúdo que compartilho, isso significa que não é meu público. Há milhares de blogs super legais por aí e acredito que um blog deva refletir o blogueiro. Assim, atraímos os leitores que se identificam com quem realmente somos e tudo fica mais leve.

E vocês, do que estão desapegando? Compartilhem comigo!

obs.: tive um problema na url do leveporai, portanto, o blog seguirá seu fluxo neste endereço camilecarvalho.com até quando o universo permitir. Antes, eu arrancaria os cabelos por causa disso. Agora, enxerguei o copo metade cheio, vi o que poderia ser feito e apenas troquei o conteúdo pra cá. Acho que estou desapegando de mais coisas do que tenho consciência. ❤

imagem: ISO Republic

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Categorias: Livros

O que ando lendo? Silêncio, de Thich Nhat Hahn

Tenho o costume de ler um livro inteiro para fazer, em seguida, uma resenha completa aqui no blog. Mas hoje pensei em algo diferente: vou compartilhar as inspirações e insights que tenho DURANTE a leitura, pois em muitos casos, de uma leitura abre-se um leque de pensamentos e reflexões sobre um determinado assunto.

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O livro que estou lendo no momento e que tem me inspirado demais é o Silêncio: o poder da quietude num mundo barulhento, do monge budista Thich Nhat Hahn. Como o próprio nome já entrega, o livro aborda a importância de desfrutarmos da quietude, de ouvirmos apenas o vazio para conectarmos com nós mesmos a fim de escutarmos nossa voz interior.

No entanto, na maioria das vezes não é bem isso que acontece. Percebo que muitos sentem uma necessidade de preencher o vazio quando nos deparamos com ele. Seja na espera de uma consulta, na fila do supermercado ou até mesmo sozinhos em casa, sentimos aquele impulso de olhar o celular, de ligar a TV, deixar o rádio falando em casa para termos a sensação de “companhia”. Acabamos, assim, deixando de vivenciar o silêncio, tão importante em nossas vidas.

No livro, o monge fala que temos um banquete de estímulos. Nunca na história tivemos tantas distrações e, como falei no artigo lá no Vida Minimalista, acabamos querendo abraçar tudo que chega até nós.

Trecho que destaco:

“(…) é importante estarmos conscientes com relação a o que e quanto consumimos. A consciência é a chave da nossa proteção. Sem proteção, absorvemos muitas toxinas. Sem perceber, ficamos repletos de sons e intoxicamos nossa consciência, e tais coisas nos deixam doentes.” – pág. 28

Ou seja, quando nos mantemos em estado de alerta, conscientes dos nossos próprios passos e pensamentos, temos a chance de termos mais controle sobre os estímulos. Quando nos tornamos passivos, deixamos que a mente controle tudo, desligamos nossos filtros.

O autor fala sobre 4 principais estímulos que temos, comparados aos alimentos:

  1. Alimentos comestíveis: o que de fato ingerimos, nossa alimentação física e energética.
  2. Sensações: experiências sensoriais, o que ouvimos, lemos, enxergamos…
  3. Desejo: nossas vontades, preocupações.
  4. Consciência: a maneira como nossa mente alimenta nossos pensamentos e ações

É verdade que os estímulos não param de chegar, mas conscientes, conseguimos escolher o que vamos fazer com tais informações. Ficar em silêncio pode ser difícil pra alguns. É como um detox, como tentar sair de um vício, mas com o tempo, se tivermos a firmeza de tornar o silêncio um hábito – pelo menos por alguns minutos diários – já vai fazer uma grande diferença.

Algum leitor pratica meditação? Como você lida com o excesso de estímulos? Consegue sentar-se em silêncio enquanto espera por algo e simplesmente não fazer nada? Conte pra mim!

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