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Sensibilidade: O Diário de uma Jovem Mística

“É uma escolha individual
fazer das nuvens uma tempestade
ou dissipá-las para que ressurja o brilho do sol.”

Escrito por uma carioca sob o pseudônimo Atma – alma, em sânscrito – o livro Sensibilidade é do gênero espiritualista e me chamou a atenção já nas prateleiras devido à sua capa cor de rosa. Com 308 páginas, em formato de bolso e com uma linda diagramação, possui corações impressos nas páginas internas e desenhos feitos por ela própria, já que é uma compilação de um diário real. A autora, prestes a completar 29 anos, narra sua trajetória em busca de sua realização espiritual.

Psicógrafa de um centro espírita e devota de Sathya Sai Baba, Atma consegue prender o leitor através de suas dúvidas, conquistas e descobertas referentes ao mundo espiritual. Com a sensação de que algo em sua vida mudaria ao completar 29 anos, acompanhamos sua história, com a sensação de que estamos muito próximos, que fazemos parte de sua vida. Seu diário, com quem dialoga e seus desenhos, nos coloca em contato com uma jovem simples, com extrema sensibilidade e dedicada, que não mede esforços para ajudar a quem cruza seu caminho.

O livro é recomendado àqueles que, como Atma, têm a mentalidade ampla e buscam por um avanço espiritual, desvendando seus próprios mistérios. Apesar de aparência feminina, o livro é indicado a qualquer gênero, pois as experiências espirituais são desprendidas de qualquer divisão criada pelos seres humanos. Um livro, sem dúvidas, emocionante do começo ao fim.

“Foi só uma percepção dessas meio turvas que tenho. O que importa mesmo é que a carta levou alívio para a Jeane. Ah, os olhos dela brilharam, tinha que ver! É este brilho que alimenta a minha alma, meu amigo. Entende? (…)”

Sensibilidade: Diário de uma Jovem Mística
Sensibilidade: Diário de uma Jovem Mística
Sensibilidade: Diário de uma Jovem Mística

Sensibilidade: O diário de uma jovem mística
Autora: Atma
Editora independente
Ano: 2007
307 páginas
Mais informações no Skoob

Categorias: Músicas

Raul Seixas, o Maluco Beleza

Eu gosto do Raul Seixas. Podem falar o que for, mas ele é um dos pioneiros do rock brasileiro. Com suas composições geralmente de protesto, com tons anarquistas – apesar da suposta contradição de ter se “vendido” para a Globo com a música Carimbador Maluco, quando na verdade ele queria transmitir seus ideais às crianças – se destacou em meio à música de contracultura lançando 21 discos em 26 anos de carreira, e seu jeito místico, fora do comum e maluco beleza conquistou um grande público.

Raul Santos Seixas se interessava por mitologias, filosofias, psicologia e fazia parte de ordens místicas, o que fez com que se tornasse uma figura que despertava curiosidade. A partir dos seus estudos sobre a filosofia védica (Hindu), a partir do livro Bhagavad Gita, compôs, junto com Paulo Coelho, a música Gita, que é uma das que mais gosto.

Por que você me pergunta
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar 

Você me tem todo dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim

Outra música que gosto muito dele, como vocês podem perceber pela minha personalidade, é a Metamorfose Ambulante. Me identifico bastante com essa letra, já que sou uma pessoa que gosta do dinamismo, estou sempre mudando, não consigo ficar muito no mesmo parada, estagnada. Nos mostra que tudo é impermanente, não devemos nos fixar a dogmas e paradigmas antiquados que já não nos serve mais. Temos que ser mais flexíveis, adaptáveis, buscar sempre novos caminhos e desconstruir.

Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor

Raul também compôs outros estilos de música, como em seu álbum “Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta a Sessão das 10” no qual trabalhou com Sérgio Sampaio. Ultimamente tenho saído um pouco das músicas comuns do Raul que citei acima, e tenho escutado mais seus álbuns não tão conhecidos pelo público geral.



Aos Trancos e Barrancos

Taí eu sou um cara que subi na vida
Morava no morro e agora moro no Leblon.

Eu vou pendurado na janela,
Vou mais pensando nela que esse sujo pelo chão
Eu vou descascando a minha vida,
Sujando a avenida com meu sangue de limão

Rio de Janeiro
Você não me dá tempo de pensar com tantas cores
Sob este sol
Pra que pensar se eu tenho o que quero
Tenho a nega, o meu bolero,
A TV e o futebol

Eu não vou levando nosso leite
Troquei por um bilhete da roleta federal
Eu vou pela pista do aterro
E nem vejo meu enterro que vai passando no jornal

E você, gosta de alguma música do Raul Seixas? O que acha dessa figura tão polêmica?

“Eu comprei uma televisão, a prestação, a prestação,
Eu comprei uma televisão, que distração, que distração…”

Categorias: Livros, Resenha

As Brumas de Avalon – A Grande Rainha [Livro 2]

Hoje eu vou falar sobre o segundo livro da série As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley.
O segundo livro intitulado A Grande Rainha, conta-nos a história do nascimento de uma criança muito importante para a trama e o casamento do Rei Artur com Gwenhwhyfar (Guinevere), mesmo tendo, cada um deles, outras paixões. A nova rainha, tendo sido criada em um convento, representa todo o ideal cristão da época, contracenando com Morgana, sacerdotisa de Avalon treinada por Viviane, que carrega consigo todos os costumes druídicos.
O livro nos mostra claramente o medo que Gwenhwhyfar tem pela antiga religião, além de sua fragilidade. Merlin, outro personagem importante durante o enredo, é o Bardo o qual mantém sua fé inabalada no paganismo, e embora ofendido diversas vezes pelos padres quanto à sua crença, mantém uma postura de respeito em relação a todas as fés, como no trecho a seguir: 

“Deus é uno, e há apenas um Deus. Todo o resto são coisas de ignorantes que procuram colocar deuses numa forma que se possa compreender (…). Nada acontece neste mundo sem a bênção do Uno, que nos dará a vitória ou a derrota, como Deus quiser.” (p. 163)

Particularmente, fiquei muito mais motivada durante a leitura do segundo livro. Talvez por já estar mais acostumada com os personagens ou pelo fato de entrar realmente na história do Rei Artur e seu fiel cavaleiro Lancelote. O desfecho é inesperado, e ao ler as últimas palavras, tive vontade imediata de pegar o próximo livro para continuar a leitura, o que não aconteceu no final do primeiro.
Continuo recomendando fortemente essa série para quem gosta das lendas do Rei Artur, principalmente para os admiradores da antiga religião, ressaltando que essa é uma versão narrada pelas mulheres com quem eles se relacionavam, e não a visão dos homens contando suas batalhas. São os bastidores dos personagens que ficavam em casa aguardando seus respectivos maridos/amores retornarem das guerras, e tudo o que acontecia nesse meio-tempo. Sobretudo, na minha opinião, ao ler a série completa, tentarei fazer uma releitura da obra para compreender melhor trechos e passagens que deixei passar sob meus olhos despercebidos, principalmente no primeiro livro A Senhora da Magia.