Nada substitui o bom e velho computador de mesa

Nada substitui o bom e velho computador de mesa | Camile Carvalho | camilecarvalho.com

Não dá pra fazer nada direito no improviso. Sei que cada vez mais estamos usando o celular pra tudo, mas nada supera a experiência de organizar a mesa de trabalho, sentar em uma cadeira confortável e ligar o computador, mantendo a grande tela diante de nossos olhos enquanto digitamos calmamente um texto importante. Podem falar o que for, que o iPad, o tablet, o Kindle, o smartphone e o que mais surgir substituirão o computador de mesa, mas para mim – talvez por eu ser das antigas – não há nada que o substitua.

Eu vou contar o que aconteceu nesses últimos anos e então vocês compreenderão o meu posicionamento.

Tenho um iMac de 2012 (poderia ser qualquer pc, a marca e modelo não alteram a narrativa). Durante todos os meus anos de blogueira, sempre tive o prazer de me sentar na escrivaninha, ligar o computador, abrir um editor de textos (usei por muitos anos o Focus Writer) e simplesmente despejar as palavras. Minhas mãos digitando no teclado corriam para acompanhar o meu raciocínio. Sim, porque eu não sou muito de pensar e nem planejar. Eu escrevo quando surge a ideia e eu só preciso da primeira frase.

A escrita espontânea sempre fez parte da minha vida, apesar de eu já ter dado aulas como professora de redação, nas quais ensinava aos alunos do vestibular toda aquela estrutura exigida pelo ENEM. Eu sou da espontaneidade. Eu gosto de telas brancas. Talvez a minha ansiedade desenvolvida durante a escrita da dissertação do mestrado tenha sido devido ao engessamento da escrita acadêmica, pela estrutura dos temas, tópicos etc. Talvez sim. Talvez não. Mas isso não importa agora. Voltemos à escrita que flui…

Meu computador estava velho

Enfim, desde 2018, meu velhinho computador começou a dar sinais de lentidão. Eu já não conseguia mais abrir o MS Word pra escrever nada. Quando abria várias abas no Chrome, tudo travava. Já mal abria uma foto, pois exigia demais do computador. Vídeo então? Nem pensar… E toda motivação que eu tinha em escrever, fotografar, tratá-las no LightRoom e gravar vídeos pro meu canal do YouTube ficaram no passado. Eu não tinha como fazer mais nada do que gostava e meus interesses foram mudando. E então eu parei completamente de produzir conteúdo por aqui, ficando apenas no Instagram.

Ah, mas o Instagram não é o mesmo que ter um blog, um canal de YouTube… e não é mesmo!

Passei a escrever textos no celular. Legendas curtas, pois ninguém lê muito por lá. Foquei mais nas fotos que fazia com o celular, editava ali mesmo, nos apps instalados. Dava meu jeitinho brasileiro de fazer o que eu queria com as ferramentas que eu tinha em mãos: apenas o meu celular. Alguma coisa ou outra eu usava o computador, não nego. Mas o todo, o completo, nunca mais. Cheguei a pensar que eu nem gostava mais disso aqui, e até abandonei o meu blog. Pra mim, já tinha ficado no passado essa coisa de compartilhar o que sinto e penso, mostrar fotos da minha vida a quem sequer conheço, colocar pra fora sentimentos, contar o que aconteceu aqui ou ali. Para mim, a internet já não era mais a mesma. Mas eu estava errada.

Um simples conserto…

Posterguei muito com o conserto do meu computador. Achei que por ser um produto da Apple, ou não teria conserto ou seria quase o preço de um novo (e convenhamos, os preços estão exorbitantes). Até que criei coragem e fui atrás de referências e encontrei um técnico que se prontificou a fazer um upgrade. O problema que ele tinha? O disco HD estava velho, cansado, funcionando lentamente e prestes a pifar de vez. Trocamos por um SSD (por um valor 10x menor que um computador novo) e hoje estou aqui, com meu amado funcionando como antigamente. A animação foi tanta que logo decidi reativar o meu blog que estava entregue às moscas.

Reinstalei tudo o que eu usava antes: Photoshop, LightRoom, Office, tudo, tudo o que eu precisava pra voltar a fazer o que eu fazia no passado. Em um único dia trabalhei incessantemente em tudo isso e, sinceramente, hoje eu percebo que uma grande lacuna que havia em minha vida, não apenas como lazer mas também como uma atividade terapêutica, foi completada. Foi como abrir as comportas de uma represa que estava com águas paradas por muitos anos. A escrita despeja tudo o que eu sinto e compartilhar num espaço próprio é um alívio.

Agora vai!

Estou tão animada que quero até reativar o meu canal do YouTube, mas isso fica para um outro texto. Claro, não dá pra comparar a produção de lá com isso aqui, que depende apenas de um editor de texto e do meu teclado que vai funcionar ainda mais a partir de hoje. Chega de folga!

Não tem como negar: as ferramentas que utilizamos influenciam sim na qualidade, nos hábitos e comportamentos. Não é determinismo, mas uma boa ferramenta nos permite transbordar aquilo que temos de melhor. E, para mim, o smartphone ou tablet jamais substituirá essa experiência aqui, de estar sentada em minha escrivaninha, com uma xícara de café ao lado, ouvindo uma música LoFi enquanto escuto o tec tec do teclado tentando acompanhar meu raciocínio. Nada substituirá. Posso ser cringe, posso ser old school, e sou mesmo. Mas o bom mesmo é esse meu computador velhinho que ganhou mais alguns anos de sobrevida e me acompanhará nessa nova fase. Sinto-me desperta de um sono profundo e tudo o que eu precisava era de uma simples troca de placa.

Quantas coisas na vida não precisamos de uma decisão simples para podermos transbordar nosso potencial? E ficamos postergando… deixando pra depois…

Uma reflexão sobre as redes sociais

Camile Carvalho // Uma reflexão sobre as redes sociais

Eu andei refletindo muito sobre minha jornada nessas últimas semanas e hoje, com calma, escrevendo aqui, percebi que meus hábitos nas redes sociais mudaram muito. Uma pergunta vinha rondando minha mente: por quais motivos não consigo atualizar o blog como antigamente? Por que quando penso em escrever algo, a impressão que dá é a de que não tenho nada novo para compartilhar com meus leitores? O que está havendo, afinal, com minha inspiração e criatividade?

Fiquei me perguntando o que havia mudado em mim, preocupada por não ter mais criatividade e incentivo como antigamente, mas apenas hoje veio uma luz no fim do túnel com a resposta: meus hábitos na internet mudaram consideravelmente.

O início de tudo

Quando comecei o blog Vida Minimalista, em 2011, pelo que me lembre não tínhamos tantas opções de smartphones com capacidades para fotografias, edições, aplicativos etc. Eu, pelo menos, passava menos tempo com o celular na mão, e o detalhe mais importante, compartilhava menos minha vida através das redes sociais.

Sempre usei bastante o twitter para interagir com os leitores. O Facebook, apenas para a fanpage que mantenho até hoje. Instagram, acho que nem existia, ou eu não tinha conta. Lembro que no começo era um app exclusivo para quem tem iPhone, então eu nem sabia de sua existência por usar outro modelo de smartphone. E, pensando neste cenário, tudo que eu queria compartilhar fluía por minhas mãos através da escrita no blog.

Não tinha tanta instantaneidade. Eu participava de fóruns de discussão no Yahoo, trocava ideias sobre GTD por email, lia blogs estrangeiros sobre minimalismo e, através deles, me inspirei a transformar minha vida. Era tudo muito diferente, e aí prefiro não entrar em julgamentos de “antigamente tudo era melhor”. Isso depende do ponto de vista.

A questão é que passo menos tempo em frente ao meu computador e mais com o celular na mão. Até mesmo pra ler textos da faculdade, muitas vezes o levo em PDF no celular ou tablet e perdi aquela conexão de ligar o computador, abrir um editor de texto, como estou fazendo agora, e deixar que minha escrita flua. Este é um exemplo clássico na discussão que temos na área da Comunicação sobre como os suportes vão influenciando o modo como vivemos.

Mas isso não é uma visão determinista?

Claro, não podemos pensar numa visão determinista de que somos moldados por eles, não é nada radical, mas à medida em que eles vão ganhando espaço em nossas vidas, passamos também a adotar novos hábitos devagarinho, sem perceber, e quando nos damos conta, aqueles antigos hábitos que muitas vezes eram bons, deixamos de lado nessa trajetória.

Não sou uma crítica às redes sociais, não tenho uma visão polarizada de mocinha X vilão, pois acredito que tudo é o modo como usamos essas ferramentas. Sim, são ferramentas, e elas são neutras, estão ali para serem usadas por nós, humanos, que aí sim temos o poder de decidir a forma de usá-las. E muitas vezes acabamos por nos deixar levar pelo que todo mundo está fazendo.

Gosto de compartilhar recortes da minha vida no Instagram, por exemplo. Gosto de ter um contato mais próximo com quem me acompanha, mas percebi que as inspirações, as novidades e os impulsos que eu tinha de contar algo a quem me acompanha passou a ser direcionado para lá, uma ferramenta completamente visual que, na maioria das vezes, quem nos acompanha nem lê o que escrevemos, apenas clica no coração como se estivesse dando um check, um ok, e que logo rola o feed para ver a próxima foto. Sim, eu também me tornei essa pessoa. E não, eu não quero mais viver com esse ato mecânico.

Como ser famoso no instagram

Dizem os especialistas em marketing digital que precisamos de uma periodicidade nas publicações. Tem hora certa pra alcançarmos mais engajamento. Pra ganharmos likes. Tem foto que chama mais atenção. Organização de feed. Não postar selfie com selfie. Nem objeto com objeto seguido pra não “cansar” o seguidor. Tem tantas regras de como ser bem sucedido nas redes sociais, que me pergunto: o que é ser bem sucedido e famoso nelas? Eu entendo perfeitamente quem trabalha com isso, quem usa de forma profissional, mas a impressão é que muitos que estão ali estão em busca de algo. Mas então, o que seria esse algo?

Percebo, com toda essa conversa, que minha criatividade não foi embora. Meu impulso de compartilhar novidades com meu público também não se esvaiu. Na verdade, o que mudou nos últimos anos foi para onde direciono meus esforços e onde despejo todo esse impulso criativo. Ao invés de concentrar aqui, no meu cantinho e manter tudo de forma organizada, unificada e catalogada, acabo por espalhar demais minha presença digital pelos quatro cantos do mundo digital e, por fim das contas, não me resta nada pra cá. Eu poderia estar gravando stories falando isso tudo. Poderia alcançar um público ali, com um conteúdo que em 24hs não estará mais. Tudo efêmero. Mas eu quero voltar ao sólido. Ao palpável.

Será que eu te conheço?

Eu pensei que compartilhar minha vida pelas redes sociais que usam feed e logo perdem a validade seria uma forma de aproximação. Mas, o que acontece, é que volta e meia vejo algum comentário de um leitor ou leitora da época do Vida Minimalista e lembro dessa pessoa. Mas não consigo me lembrar muito de quem chegou depois através do Instagram. É estranho, eu sei, mas parece que tudo anda escorrendo pelos dedos enquanto que o imediatismo é extremamente valorizado.

Eu quero voltar ao blog raiz. Quero voltar ao meu canto, a escrever com calma, concentrar meus pensamentos e inspirações em um único lugar. Menos é mais. Não deixarei de estar presente nas redes sociais, mas tentarei lidar com elas de forma diferente. Ainda não sei como, mas um alerta acendeu me pedindo pra reduzir. Pra acalmar, pra ter cautela. Pra voltar ao que antes dava certo e me fazia feliz e menos ansiosa em “ter que…”.

Convido a você, que está me lendo agora (e que chegou até aqui, risos!) a pensar um pouco sobre esse imediatismo em que estamos vivendo. Será que vale à pena? O que estamos fazendo? Você, blogueira ou blogueiro das antigas, o que acha dessa difusão toda? Que tal desacelerarmos, olharmos ao nosso redor e buscarmos a nossa essência, a calma e o desapego? Leitores, amigos e amigas virtuais, vamos pensar juntos sobre isso? Me conte, como você lida com as redes sociais, sendo produtor de conteúdo ou não?

Como fazer uma Faxina Digital

De tempos em tempos eu gosto de analisar meu computador e ver o que andei acumulando ao longo dos meses e fazer um super declutter. Manter um computador minimalista com apenas os programas, arquivos e redes sociais que realmente preciso é essencial pra mantermos uma navegação rápida, limpa e saudável.

Vou compartilhar o passo a passo que fiz hoje no meu declutter digital depois de me inspirar com o tweet da Paolla Arnoni, que tinha feito uma limpeza em suas redes sociais. Sei que tem vários posts antigos da época do Vida Minimalista por aqui falando do mesmo assunto, mas sempre tem dicas novas. Vamos lá?

1 // Limpar pasta de transferência

Sabe aquela pasta onde todos os seus downloads vão direto pra lá? Sempre começo limpando a pasta de downloads/transferência. Se um arquivo é importante, deve ser imediatamente transferido pra pasta onde ele deve ficar (fotos, música, vídeos etc). Se não é importante e não precisa ser arquivado, então deve ser excluído.

2 // Músicas

Antigamente eu tinha um arquivo imenso de músicas no meu computador. Eram álbuns e discografias completas, mas como estou sempre trocando de computador/notebook/celular, não conseguia mantê-los sincronizados. Pra isso, eu precisava manter TODOS os arquivos em TODOS os dispositivos, o que dava um trabalhão, além de ocupar muito espaço desnecessário.

Atualmente mantenho apenas alguns arquivos em mp3 no meu computador, mas de músicas que não encontro facilmente e gravações da época em que eu cantava e tocava. Migrei todas as minhas músicas pro serviço de streaming Spotify, que pra mim está sendo o melhor até agora. Tenho diversas playlists por lá e uma delas vocês podem conferir aqui na barra lateral do blog (pra quem acessa pelo computador). Com o Spotify tenho todas as músicas sincronizadas em todos os dispositivos e algumas playlists ficam sincronizadas para funcionarem offline. É uma mão na roda!

3 // Fotografia

Desde que comecei a organizar minhas fotos digitais, já saio deletando as que não ficaram boas assim que as descarrego no computador. Mudei bastante o esquema de organização de fotografias desde o último post mas mais pra frente vou escrever um dedicado apenas a isso. Por enquanto adianto que minhas fotos editadas e finalizadas ficam sincronizadas no meu Dropbox organizadas em pastas blog / lifestyle / yoga / viagens / espiritualidade etc.

4 // Programas instalados

Sempre que faço uma revisão, descubro alguns programas que instalei, usei algumas poucas vezes e depois nunca mais precisei deles. Esses são imediatamente desinstalados. Se algum dia pra frente precisar deles novamente, é só reinstalar. Melhor que manter por anos uma parte do meu HD ocupado com coisas que não estão em uso. Faça uma revisão no seu computador, tenho certeza que encontrará também softwares que estão empoeirados já.

5 // Redes Sociais

Aí chegou a melhor parte do meu declutter: redes sociais. Quantas contas por aí você tem cadastro? Desde que escrevi esse post aqui tenho certeza que já surgiram dezenas de novas redes sociais e que meu email já circula por muitos outros cantos da internet. Uma dica que dou é ter um email só pra cadastros de internet e redes sociais e manter um outro particular só para amigos/profissional.

Muitas vezes nos empolgamos com projetos novos e acabamos criando contas adicionais em redes sociais que já temos, como twitter, instagram e fanpages no facebook. Há também redes sociais novas que surgem com a promessa de que serão o novo Facebook e acabamos correndo pra fazer logo um cadastro, mas quando percebemos que elas nem eram aquilo que prometemos, acabamos abandonando.

Que tal fazer uma faxina nessas contas? Será que precisamos MESMO estarmos em todas essas redes sociais? Será que não é melhor usarmos apenas algumas e direcionarmos nosso tempo pra atualizarmos poucas, porém com mais cuidado e atenção?

Quando desentulhamos nossa vida digital também melhoramos nossa qualidade de vida, afinal, perder tempo com inutilidades e guardando o que não precisamos mais é prejudicial também no meio digital. Por uma vida mais leve e com menos acúmulos, sejam eles físicos ou “invisíveis”.

Agora eu quero saber de você, quando foi a última vez que fez uma limpa no computador e nas redes sociais?