O que está te impedindo de iniciar um projeto?

Iniciando um projeto | Camile Carvalho do Vida Minimalista

Nós, aqui em casa, temos um projeto grande pra lidar. Não é imenso, como uma obra no apartamento inteiro, mas é grande o suficiente para nos fazer deixar sempre para depois. E eu vou explicar o porquê.

No quartinho dos fundos, vulgo “quarto da bagunça” aqui em casa, tivemos um problema de infiltração no teto que desceu para uma das paredes. O resultado? Além da bagunça de anos, ainda temos uma parede com uma bolha imensa que derrama areia constantemente. Mas aí vocês me perguntam: ora, não é só chamar alguém pra consertar? Casa de engenheiro, espeto de pau. Não é bem esse dizer mas aqui em casa funciona dessa forma.

Mas a resposta é “não”. Não é “só” chamar alguém para consertar as consequências do vazamento. E eu vou explicar os motivos pelos quais talvez você, assim como nós aqui em casa, deixamos alguns projetos para depois, e depois… e acabamos não fazendo por sempre achar que não tem como ou que falta algo para iniciá-lo.

Na maioria das vezes, esse é o problema: algo precisa ser resolvido antes de fazermos o que aparentemente o projeto parece ser. E eu vou usar como exemplo a obra que nunca sai, aqui de casa.

A princípio, se eu for escrever o título desse projeto, qual seria? Fazer a obra de reparação do vazamento do quartinho. Certo? Certo.

Automaticamente a minha mente me leva a um cenário: entrar em contato com aquele pedreiro amigo nosso, que já fez várias obras aqui em casa, pra fazer um orçamento e colocar as ideias no papel para saber o material que precisamos, se vai aproveitar e mudar algo, como o piso, etc. Certo? Corretíssimo!

Mas esse é o ponto em que paramos: no plano das ideias. E isso acontece por causa de um único detalhe que parece pequeno, mas que faz toda a diferença. E esse detalhe nada mais é que o pensamento: eita, mas pra fazer essa obra vai ser difícil com tanta tralha… imagina a bagunça que vai ficar!

Opa! Sinal de alerta! É nesse ponto que a maioria das pessoas travam e acabam deixando para depois, para quando tiverem mais disposição de terem que lidar com a bagunça que vai ser fazer uma obra em um quarto bagunçado. Entenderam o ponto onde quero chegar? Pois bem.

Mas é aí que precisamos compreender que esse projeto da obra depende de um outro projeto a ser feito anteriormente: destralhar o quartinho.

Se toda vez que olharmos para a parede danificada pensarmos logo na possibilidade de contactarmos o pedreiro, estamos ignorando um passo que deve ser feito anteriormente, que é o de destralhar e deixar tudo organizado para que ali, naquela parede, possa ser feita uma obra (que por si só já fará muita bagunça).

E o que eu quero ensinar a vocês hoje? Que muitas vezes, quando queremos muito alguma coisa, imediatamente criamos um cenário em nossa mente de como iremos realizá-la, mas que nem sempre é a situação real. No momento em que colocamos o projeto no papel e nos perguntamos: qual a próxima ação REAL desse projeto, talvez nos demos conta de que não era bem o que imaginávamos.

Portanto, com esse projetão pela frente a ser encarado aqui em casa, em vez de entrar em contato com o pedreiro, ou de pensar em ir na loja comprar o material da obra, o próximo passo REAL é destralhar. Sendo assim, esse projeto fica no aguardo até que o projeto do destralhe seja concluído.

Eu quis compartilhar com vocês esse pequeno detalhe cotidiano aqui de casa pois achei que seria uma boa forma de explicar sobre como organizamos os projetos. Mas agora quero que você me conte: já aconteceu, alguma vez, de você nunca conseguir começar um projeto e só depois se deu conta de que precisaria fazer outras coisas antes de começá-lo? E que tal pensar agora mesmo, se você está nessa situação em alguma área de sua vida?

Que venha o destralhe!

Hoje organizei meus favoritos

Hoje organizei meus favoritos | Camile Carvalho Vida Minimalista

Todo dia eu organizo uma parte pequena do meu universo pessoal. E hoje não foi diferente: tirei uns 15 minutos apenas para organizar as pastas dos meus favoritos do Google Chrome. Como pode uma ação aparentemente tão insignificante mexer tanto conosco?

Eu tenho costume de salvar artigos para ler depois no Pocket. Outras informações, como comprovantes ou textos que têm relação com algum projeto em andamento, capturo pro meu Evernote. Mas eu não sabia que tinham tantos links noas minhas pastas de favoritos desde a época do meu mestrado, e olha que eu o concluí em 2020!

Organizar cada link, clicar pra ver do que se trata, deletar uma pasta inteira sem me preocupar com o que tinha dentro, checar se alguns sites ainda existiam ou simplesmente renomeá-los foi o que fiz nesse pequeno tempo de organização. Descobri, que havia salvo um site de cursos online gratuitos chamado Abeline, que olha só, tem uns cursos bacanas mas que eu sequer tinha visto com calma.

E, um por um, fui organizando, remanejando, deixando as coisas todas mais clean. Do meu jeitinho.

E olhar para o navegador, um lugar onde passo grande parte do meu tempo no computador, e ver tudo organizado não tem preço. São esses pequenos prazeres de um ambiente organizado que me motivam a ser mais produtiva, pois produtividade, para mim, significa ter foco no que precisa ser feito. E com tudo bagunçado não tem como encontrar o que se precisa tão facilmente.

Uma simples organização dos meus favoritos me fez refletir. Talvez pelo cheirinho de café sobre a mesa misturado com a chuva que cai lá fora. Não sei. Eu só sei que estou feliz em olhar para cada cantinho da minha vida e organizá-lo cuidadosamente.

E você? Tem cuidado dos cantinhos da sua vida?

Sinto que estou me afogando em minhas roupas

Comprei muitas roupas | Camile Carvalho | camilecarvalho.com

Eu estou sobrecarregada com tudo que comprei nos últimos anos. Pronto, esta é a verdade sobre a situação em que me encontro neste exato momento.

Eu me perdi de mim durante a pandemia. Na verdade, se eu parar pra pensar mesmo, eu já havia me perdido de mim há muito, muito tempo. Mas é verdade que houve uma mudança muito brusca em minha identidade pessoal quando fui pra Índia. Acho que ali foi o marco de quando tudo começou a desandar, em determinados aspectos da minha vida.

Eu, que gostava da estética simples, clean, do silêncio, da paz interior, dos ambientes claros, poucos estímulos visuais e de me ver envolta em um ambiente sereno, do nada aterrissei na Índia. Não preciso comentar nada, não é mesmo? Pois bem. Eu precisei sobreviver, me encaixar, me adequar ao caos. Muito barulho, muitas cores, muitos estímulos, muito tudo. Mas isso nunca foi um problema pra mim, eu simplesmente segui o rumo adaptada a um novo estilo pessoal e de vida. Isso nunca foi o problema.

O problema começou durante a pandemia. Eu não tinha nem o caos, nem as cores, nem o barulho. Eu só tinha o silêncio do meu apartamento. Foi como estar dirigindo a 100km por hora e, do nada, pisar no freio. É lógico que algo assim não daria certo, e então esse desaceleração abrupta me causou muitas dores. Minha vida parou, veio a depressão, veio o nada, o vazio, o não saber se haveria algo depois do caos. Hoje, escrevendo sobre isso, mal dá pra acreditar que estivemos nessa situação que parecia não ter mais fim.

Mas, voltando aos estímulos, a pausa obrigatória de um fluxo que estava acelerado me fez repensar toda minha vida. Chegou um momento em que eu precisava me esvaziar, me libertar de todos os estímulos que esfregavam em minha cara diariamente: está vendo tudo isso? É o mundo que você não tem mais.

Foi doloroso, assim como pra muitos que me leem aqui. Eu só precisava criar coragem e fazer algo que muitos fizeram também: um super destralhe.

Pois eu me vi, durante vários dias, sentada no chão do meu quarto separando roupas para doar. Rasgando papeis velhos. Enchendo sacolas e sacolas de doações. Eu sabia que, assim que o caos passasse, eu voltaria pra India e não precisaria de muitas coisas ocidentais que estava acumulando. Eu me esvaziei completamente e isso me trouxe muita paz. Posso arriscar dizer que me esvaziar fez parte do meu processo de cura.

E então as coisas foram voltando ao normal, as atividades recomeçando, um novo trabalho com o Coral da UERJ, o retorno à Igreja Católica… eu precisava refazer o meu guarda-roupa. Precisava entender, no meio do vazio, quem eu era, qual a minha identidade, pois nem indiana colorida eu era, e nem tampouco poderia usar as poucas peças que restaram no meu armário, de roupas para desfrutar do lockdown em casa. E então eu comecei a comprar.

Foram momentos complicados e de muita ansiedade. Tudo o que eu havia escrito por aqui anteriormente, quando eu falava sobre Minimalismo, foi por água abaixo. Eu não segui absolutamente nada que eu seguia antes, muito menos os meus conselhos. Sabe aquele papo de só comprar o que realmente precisa, depois de pesquisar muito pra não comprar nada errado? Pois bem, isso não aconteceu.

  • Eu queria uma calça social preta. Mas achei uma bege e comprei mesmo assim.
  • Eu queria uma camisa branca, mas achei uma lilás e comprei mesmo assim
  • Eu queria uma botinha preta, mas achei uma marrom e comprei mesmo assim (e ela ainda ficou apertada no meu pé).

Tudo, tudo errado. Mas eu continuava comprando, na expectativa de que a próxima compra iria dar certo.

E não dava.

Meu Deus do céu, o que eu estava fazendo comigo mesma? Além de gastar o dinheiro que eu não tinha, ainda ficava frustrada ao me olhar no espelho e não conseguir combinar direito as roupas que eu tinha acabado de comprar. Eu estava completamente desnorteada pois não entendia, ao certo, qual era a minha identidade.

E assim permaneci durante o meu ano de 2022. Comprando, gastando meu dinheiro, não conseguindo fazer combinações básicas com as minhas roupas e me sentindo completamente frustrada.

Então eu decidi, agora no início de 2023 que eu precisaria mudar isso urgentemente. Eu preciso entender qual minha identidade, do que eu realmente gosto, que imagem quero passar independentemente dos outros. Não quero olhar alguém no Instagram, gostar da roupa e comprar uma igual. Não! Eu preciso fazer esse trabalho de olhar pra mim mesma, em primeiro lugar. E sei que não é de um dia pro outro.

Agora, com o carnaval chegando, pretendo aproveitar esses dias de descanso pra fazer uma super arrumação como antigamente no meu armário. A ideia é ficar apenas com o que realmente combina comigo e condiz com a minha realidade (o que meus compromissos exigem, por exemplo). E, para isso, será necessário até lá, fazer esse caminho para dentro pra entender o que me faz bem, o que me deixa confortável e o que traduz meu momento atual.

Pretendo compartilhar esse novo desafio aqui no blog e mostrar a vocês um pouco das escolhas que farei.

Se você também desandou com as compras, se perdeu no meio do caminho e acha que seu guarda-roupas está um caos, me dê a sua mão e vamos juntas organizar isso aí. Eu daqui, você de sua casa. O importante é o primeiro passo: firmar esse compromisso consigo mesma.

Até os próximos posts, voltarei aqui em breve com meus textões reflexivos e novos insights.