Lista de livros para vender ou trocar

Decidi entrar em mais um desafio: reduzir consideravelmente meus livros. Alguns eu sequer li, outros abandonei por não gostar e não faz sentido manter algo que não tenho mais interesse em manter e apenas está servindo como enfeite – ou acumulador de poeiras na prateleira.

Ter livros não é status. Ler livros é o mais importante e, sejamos sinceros, alguns não combinam mais nada comigo e com meus interesses atuais. Outros já li, já degustei e fico feliz por tê-los fazendo parte da minha vida. Mas uma hora é preciso dizer adeus para que novos entrem e me façam feliz.
Decidi manter meus livros de referência, grandes livros de literatura e outros que me serão úteis no futuro para as minhas pesquisas, como os de religiões, idiomas e acadêmicos. Os que estou desapegando são esses:

  • 12 Semanas para Mudar uma Vida – Augusto Cury
  • 1984 – George Orwell
  • A Doutrina de Buda – Siddharta Gautama
  • A Hospedeira – Stephenie Meyer
  • A Nova Lei de Murphy – Emmett C. Murphy
  • A Profecia Celestina – James Redfield
  • A República – Platão
  • A Revolução dos Bichos – George Orwell
  • A Verdade sobre a Bruxaria Tradicional – Scott Cunningham
  • Academia Knightley – Haberdasher
  • Anima – John Darnton
  • Bruxa Onilda vai à Inglaterra
  • Como Conquistar um Leitor – Marilze S. Petroni
  • Desvendando os Segredos da Linguagem Corporal – Allan &
    Barbara Pease
  • Escolhida – P. C. Cast
  • Férias (Pocket Book) – Marian Keyes
  • Introdução à Topologia de Lacan – J. D. Nasio
  • Kant em 90 minutos – Paul Strathern
  • Marcada – P. C. Cast
  • O Alienista – Machado de Assis
  • O Código da Vinci – Dan Brown
  • O Diário da Princesa – Meg Cabot
  • O Diário de um Mago – Paulo Coelho
  • O Ocultismo Prático e as Origens do Ritual na Igreja e na
    Maçonaria – Helena Blavatsky
  • O Poder do Agora – Eckhart Tolle
  • O Poder dos Mudras – Rajendar Menen
  • O Príncipe – Maquiavel
  • O Rei do Cinema – Toninho Vaz
  • Para Além do Bem e do Mal – Nietzche
  • Princípios de Vida. Sai Baba – Hermógenes
  • Superação pela Educação – Imídeo G. Nérici
  • Sushi (Pocket Book) – Marian Keyes
  • Traída – P. C. Cast
  • Triste Fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto
  • Uma Vida com Sai Baba – Judy Warner
Se alguém tiver interesse, pode ver a lista lá no meu Skoob. Sugestões também são bem vindas! Caso queiram comprar algum, entrem em contato comigo por aqui mesmo pra combinarmos um valor bom pra ambos.

O Corvo – Edgar Allan Poe

~ Edgar Allan Poe
Tradução de Fernando Pessoa 
ritmicamente conforme o original

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais.”

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais –
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
“É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais”.

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
“Senhor”, eu disse, “ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi…” E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais –
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
“Por certo”, disse eu, “aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.”
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
“É o vento, e nada mais.”

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
“Tens o aspecto tosquiado”, disse eu, “mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.”
Disse o corvo, “Nunca mais”.

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome “Nunca mais”.

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, “Amigo, sonhos – mortais
Todos – todos já se foram. Amanhã também te vais”.
Disse o corvo, “Nunca mais”.

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
“Por certo”, disse eu, “são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp’rança de seu canto cheio de ais
Era este “Nunca mais”.

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu’ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele “Nunca mais”.

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
“Maldito!”, a mim disse, “deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!”
Disse o corvo, “Nunca mais”.

“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, “Nunca mais”.

“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!”
Disse o corvo, “Nunca mais”.

“Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!”, eu disse. “Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!”
Disse o corvo, “Nunca mais”.

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á… nunca mais!

The Raven musicalizada pelo grupo Omnia:

Livro: Os Espíritos da Natureza

Em um dos meus passeios pelas livrarias aqui da Tijuca, deparei-me com esse livro na estante. Fiquei interessada por que não conheço de forma aprofundada os elementais da natureza, exceto as Salamandras, seres do fogo, com as quais tenho uma longa história. Resolvi compra-lo aproveitando que o preço estava bem convidativo (R$19,90) na Livraria Galileu.

O livro, contendo apenas 110 páginas, é de fácil leitura e o li em apenas um dia. Ele apresenta curiosidades apenas sobre as fadas – o que me deixou um pouco decepcionada, pois pensei que abordariam outros seres da natureza também. C. W. Leadbeater nos mostra como os espíritos desses pequenos seres se evoluem, como se relacionam entre si e com os humanos e as formas que podem ocupar em diferentes ambientes, como o fogo (salamandras), o ar (silfos) na água (ondinas) e na terra, mas não de uma forma estruturada. Achei que poderia separar melhor os capítulos para facilitar o entendimento do leitor.

Outro aspecto interessante do livro é a quantidade de imagens que possui, o que reduz consideravelmente o texto. Para quem busca uma compreensão bem superficial sobre o tema, acho que é um bom livro introdutório, mas que não supre questionamentos que podem surgir conforme a leitura avança. Apesar de ser um tema de cultura tradicionalmente oral, senti falta de um embasamento, além de uma melhor revisão do português, já que alguns erros conseguiram escapar.

Quanto à diagramação, achei muito boa, com uma fonte confortável aos olhos, assim como o espaçamento e o papel amarelado com gramatura alta, desejável em se tratando de livros. A capa também é muito bonita e como eu disse anteriormente, é um livro recomendado àqueles que querem buscar compreender de forma superficial ou introdutória o que são e como vivem as fadas.

Livro Natureza

Um trecho muito bonito que marquei foi o seguinte:

O homem corta e mata as árvores, corta as ervas, arranca as mais belas flores e sem qualquer remorso as deixa morrer. Mata a amável vida no seio da natureza, colocando em cima de flores e plantas placas de cimento, tijolos, estradas de asfalto; manipula produtos químicos provocando odores horríveis e matando a fragrância das flores com a fumaça preta saída das chaminés das indústrias químicas. É estranho que as fadas fujam e se afastem de nós, da mesma maneira que nós fugimos das cobras venenosas? – pag. 66

  • Título: Os Espíritos da Natureza
  • Autor: C. W. Leadbeater
  • Editora: Isis
  • ISBN: 85-88886-13-8
Livro NaturezaLivro Natureza