Os prós da leitura no livro físico

Eu tenho uma mania: vejo meus livros como material de consulta e não como uma leitura que se encerra quando concluo o último parágrafo.

E esse é um dos motivos pelos quais prefiro o livro impresso, mas também por outros motivos que vou listar a seguir:

  • Posso folhear livremente pra achar alguma parte
  • É mais fácil de encontrar minhas anotações, desenhos, esquemas que escrevo à lápis
  • Posso usar flags coloridas e categorizar por tema
  • Posso usar meus marca-textos (embora no digital também tenha essa possibilidade)
  • Colo post-its nas páginas resumindo ou comentando algo importante
  • Uso os livros como meus próprios cadernos não precisando escrever sobre eles em nenhum outro sistema (faço apenas se quiser)

Claro que tem contras, mas hoje vim falar dos prós de continuar comprando livros físicos. Mas agora quero saber: pra vocês, quais os prós de continuar lendo em livros impressos em vez do digital?

Sobre a minha relação com os livros

Como curar sua vida | Camile Carvalho

Durante 2020 eu fiz de tudo: comprei livros compulsivamente e não conseguia sequer começar, me empolguei com grupo de leitura e abandonei o livro no primeiro capítulo, me organizei no Notion pra cumprir um cronograma de leitura o qual simplesmente desisti, doei quase metade dos meus livros etc.

Sinto que não tenho um relacionamento estável com os meus livros e isso sempre me incomodou, até que hoje, olhando pra um deles na prateleira, me fez refletir que talvez eu não precise me relacionar com OS LIVROS, mas sim com cada um deles de forma individual e diferenciada.

Ora, se com as pessoas é assim, por que não com os livros?

Tem livros que quero completar a leitura o quanto antes, de tanto que me empolgam. Há outros que abandono, sinto culpa… outros nem lembro que abandonei. E por aí vai.

Vou contar meu caso com o Você pode curar a sua vida, livro da foto acima.

Uma vez baixei em pfd por ter ouvido falar que era muito bom, transformador. Li no iPad algumas páginas e simplesmente esqueci que ele estava ali. Nunca mais abri e um belo dia, numa das faxinas digitais, deletei. Não mexeu nada comigo e nem entendi o porquê de terem me recomendado ou de eu ter baixado. Era apenas mais um livrinho de autoajuda cheio de frases bonitinhas e impactantes.

Isso deve ter uns 5 anos ou mais…

Pula pra 2021, pós fim de relacionamento, pós-depressão e pós-crises de ansiedade.

Navegando pelo Instagram, vi na foto de alguém que sigo esse livro sobre sua mesa. Me atraí pela capa, bem na identidade visual que gosto (risos) e fui perguntar que livro era aquele (juro, ele compunha muito bem o cenário, sou apaixonada por estética). Peguei a referência e lembrei que era aquele livro, que eu não havia dado nada por ele… mas algo me chamou a atenção. O título, talvez, de curar a própria vida, a autocura, justamente a palavra-chave que eu estava trabalhando em mim nomomento. Fui diretamente na Amazon e comprei.

Quando ele chegou, ficou ali por uns dias enfeitando a minha estante (já falei que ele é esteticamente bonito?). Eu queria ler, mas sentia que a experiência seria forte demais. Eu precisava estar preparada pra isso, até que uma bela noite, quando todos dormiram, sentei-me na minha escrivaninha, peguei meus marca-textos e lápis e embarquei na leitura.

Eu chorava a cada linha.

Nunca escrevi tantos insights sobre um livro quanto esse. Peguei papel em branco e comecei a fazer mapas mentais, coloquei meus pensamentos, descobri o perfeccionismo em excesso em mim, a autossabotagem, a falta de amor próprio (fim de relacionamento destampou isso em mim), a falta de rumo na vida, a sensação de perdida, de não pertencimento… tantas, mas tantas coisas que eu não conseguia parar de escrever.

Li, em uma única noite, 5 capítulos, parando no início do sexto por não me aguentar mais de sono às 2 da manhã.

Levei todas essas questões pra terapia, mostrei o mapa mental pra psicóloga, eu contava eufórica sobre tudo isso, como se tivesse descoberto coisas muito boas em mim. Na verdade, eu me entendi. Foi o clique que eu precisava no momento, o clique que me tirou da posição de vítima de mim mesma e dos outros pra compreensão de que eu tenho a capacidade de mudar.

Apenas 5 capítulos.

E nunca mais o abri novamente.

Se fosse antes, eu estaria ansiosa por tê-lo abandonado na minha prateleira mas hoje olho pra ele, ele olha pra mim e sorrimos. Ele cumpriu seu papel exatamente no momento em que eu precisava. Nem antes, nem depois, mas no momento certo. E sei que, um dia, teremos esse romance explosivo novamente. Ou não.

E foi aí que compreendi que cada livro tem sua própria personalidade e missão em minha vida. Cada livro se apresenta no tempo certo.

O que ando lendo? Silêncio, de Thich Nhat Hahn

Tenho o costume de ler um livro inteiro para fazer, em seguida, uma resenha completa aqui no blog. Mas hoje pensei em algo diferente: vou compartilhar as inspirações e insights que tenho DURANTE a leitura, pois em muitos casos, de uma leitura abre-se um leque de pensamentos e reflexões sobre um determinado assunto.

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O livro que estou lendo no momento e que tem me inspirado demais é o Silêncio: o poder da quietude num mundo barulhento, do monge budista Thich Nhat Hahn. Como o próprio nome já entrega, o livro aborda a importância de desfrutarmos da quietude, de ouvirmos apenas o vazio para conectarmos com nós mesmos a fim de escutarmos nossa voz interior.

No entanto, na maioria das vezes não é bem isso que acontece. Percebo que muitos sentem uma necessidade de preencher o vazio quando nos deparamos com ele. Seja na espera de uma consulta, na fila do supermercado ou até mesmo sozinhos em casa, sentimos aquele impulso de olhar o celular, de ligar a TV, deixar o rádio falando em casa para termos a sensação de “companhia”. Acabamos, assim, deixando de vivenciar o silêncio, tão importante em nossas vidas.

No livro, o monge fala que temos um banquete de estímulos. Nunca na história tivemos tantas distrações e, como falei no artigo lá no Vida Minimalista, acabamos querendo abraçar tudo que chega até nós.

Trecho que destaco:

“(…) é importante estarmos conscientes com relação a o que e quanto consumimos. A consciência é a chave da nossa proteção. Sem proteção, absorvemos muitas toxinas. Sem perceber, ficamos repletos de sons e intoxicamos nossa consciência, e tais coisas nos deixam doentes.” – pág. 28

Ou seja, quando nos mantemos em estado de alerta, conscientes dos nossos próprios passos e pensamentos, temos a chance de termos mais controle sobre os estímulos. Quando nos tornamos passivos, deixamos que a mente controle tudo, desligamos nossos filtros.

O autor fala sobre 4 principais estímulos que temos, comparados aos alimentos:

  1. Alimentos comestíveis: o que de fato ingerimos, nossa alimentação física e energética.
  2. Sensações: experiências sensoriais, o que ouvimos, lemos, enxergamos…
  3. Desejo: nossas vontades, preocupações.
  4. Consciência: a maneira como nossa mente alimenta nossos pensamentos e ações

É verdade que os estímulos não param de chegar, mas conscientes, conseguimos escolher o que vamos fazer com tais informações. Ficar em silêncio pode ser difícil pra alguns. É como um detox, como tentar sair de um vício, mas com o tempo, se tivermos a firmeza de tornar o silêncio um hábito – pelo menos por alguns minutos diários – já vai fazer uma grande diferença.

Algum leitor pratica meditação? Como você lida com o excesso de estímulos? Consegue sentar-se em silêncio enquanto espera por algo e simplesmente não fazer nada? Conte pra mim!

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