As Brumas de Avalon – O Gamo-Rei [Livro 3]

“Se quiserem que a mensagem dos deuses dirija a sua vida, procurem aquilo que se repete muitas vezes, pois é isso o que lhes transmitem, a lição cármica que devem aprender nesta encarnação. A mensagem repete-se até que a tenham transformado em parte de sua alma e do seu espírito duradouro.” (p. 142)

Dando continuidade à série As Brumas de Avalon, de Zimmer Bradley, temos o terceiro livro O Gamo-Rei, que concentra-se mais em Morgana, sua tentativa de voltar a ser sacerdotisa e o grande segredo a respeito de seu filho. O crescente poder do cristianismo continua pondo em risco o futuro de Avalon, e apenas uma pessoa pode dar a esperança de que a terra sagrada não se perca nas Brumas. Os efeitos já estão visíveis, o tempo já transcorre de forma diferente e a organização de Avalon não é mais a mesma.
De ritmo acelerado, o terceiro livro é sem dúvida o que mais concentra acontecimentos importantes na trama. Gwenhwyfar é ainda mais odiada por sempre criticar e julgar os outros tendo como base sua religião, o que me fez refletir sobre os acontecimentos atuais na nossa sociedade. Incapaz de pensar na felicidade de seu marido, Rei Arthur, a rainha consegue através de uma falsa ingenuidade influenciar em decisões importantes, inclusive no declínio da religião da Grande Deusa.
As Brumas de Avalon continua estimulante e no meu caso realizei a leitura em apenas um dia. Diferente dos outros, não consegui fechá-lo até o final da história e assim que o terminei senti uma pequena tristeza por só faltar apenas um. Postergando minha próxima leitura, já procurei por outros livros da autora para não me sentir órfã. Seu estilo muito me agradou, ainda mais pelo fato de Bradley ser uma grande pesquisadora sobre cultura celta, tão admirada por mim. Que venha o próximo livro O Prisioneiro da Árvore.

Título: As Brumas de Avalon – O Gamo Rei
Autor: Marion Zimmer Bradley
Editora: Imago
ISBN: 978-85-312-1039-6
Gênero: Ficção Estadunidense

Agatha Christie: O assassinato no expresso do oriente

No final de 2012 comprei, pelo Submarino, o box de livros da Agatha Christie. Com uma seleção de seis de muitos sucessos, Assassinato no Expresso do Oriente foi minha primeira escolha para a leitura. Mundialmente conhecida pelos seus contos de investigação, Agatha Christie é a romancista mais vendida de todos os tempos, sendo traduzida para mais línguas do que Shakespeare.

Assassinato no Expresso do Oriente narra uma investigação que dá-se início após a morte misteriosa de um homem durante a viagem do luxuoso trem. Surpreendentemente cheio naquela época do ano, a presença do detetive Hercule Poirot e do diretor da empresa ferroviária faz com que as investigações iniciem ainda dentro dos vagões, após uma tempestade de neve forçar a parada do trem durante horas. Assassinado com 12 facadas e com a porta da cabine trancada por dentro, M. Ratchett esconde um mistério por trás de sua identidade. Afinal, quem dos presentes mataria o americano e por quê?
O livro me prendeu muito, principalmente por ser curto. O li em um dia, sem conseguir larga-lo até o desfecho. Como de praxe, a cada momento temos a certeza de que descobrimos o assassino, o que nos faz pensar que somos mais espertos que o próprio detetive, mas o final é realmente surpreendente. Com boa diagramação e espaçamento entre linhas, esta edição tem apenas a espessura das páginas como ponto negativo. Finas demais, a sombra do texto transpassa um pouco para o verso da folha, mas nada que prejudique a leitura. 
Sem dúvidas é uma coleção destinadas àqueles que admiram o trabalho da escritora e querem adquirir uma seleta coleção de seus contos mais famosos. Uma ótima sugestão de leitura para uma viagem, principalmente se for de trem.

CHRISTIE, Agatha. Assassinato no Expresso do Oriente. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2010.  

A Senhora – Dostoiévski

Publicado em 1847 após o grande sucesso de Gente Pobre, A Senhoria foi recebido com grande expectativa por parte dos críticos os quais estavam considerando o jovem escritor Dostoiévski, aos 26 anos, como uma grande promessa literária. No entanto, sua novela não agradou a todos, como podemos confirmar na observação do crítico russo Bielinski, o qual afirma que a obra foi “um disparate, fruto da fantasia mirabolante do autor”. Sabemos, no entanto, que tal característica fantasiosa foi valorizada apenas depois, com a entrada do século XX, no momento em que foram sendo aceitas novas correntes de estilo literário.
A Senhoria conta a história de um intelectual e solitário jovem russo, Ordinov, o qual precisa mudar de apartamento. Porém, tudo muda ao conhecer a misteriosa Katierina, uma mulher sensível e delicada, a qual passou a habitar seu imaginário diariamente. Com uma paixão ingênua, entre devaneios e realidade, o personagem mescla narrativas sem delimitar em que momento encontra-se no plano da realidade e no plano dos sonhos – ou delírio. Tal estilo narrativo não foi bem absorvido pela crítica literária da época, sendo valorizado apenas posteriormente. 
O livro, publicado pela Editora 34, possui 120 páginas, uma ótima diagramação e páginas amareladas, o que me agrada muito. O livro é dividido em duas partes e possui algumas notas de rodapé a fim de nos familiarizarmos com referências utilizadas na época em que foi escrito além de palavras comuns em russo. Possui também um posfácio escrito pela tradutora Fátima Bianchi. Sobre o personagem, ela afirma que: “Objetivamente incapaz de resolver seu conflito com a realidade que o cerca, Ordínov encontra nos estudos uma forma de evasão. Mas quanto mais se dedica a desenvolver seu intelecto, mais impressionável se torna sua sensibilidade, mais precárias suas relações com as outras pessoas e mais irreversível a dissolução de seus vínculos com o mundo exterior.”
Particularmente eu gostei do livro embora esperasse mais do final. Talvez uma releitura me faça apreender melhor os conceitos e esclarecer alguns momentos em que a narrativa, ao meu ver, se tornou obscura. É um livro que eu indicaria para amantes da literatura, principalmente para quem quer conhecer um pouco mais sobre as obras de Dostoiévski, a fim de se fazer um estudo de sua trajetória como escritor. 
A Senhoria
Fiodór Dostoiévski
Editora 34
120 páginas