Como leio meus livros

Como leio livros? | Camile Carvalho | camilecarvalho.com

Eu sou uma leitora ávida. Por muitos anos, experimentei inúmeros métodos de leitura, mas não me via satisfeita com nenhum deles. Eu era daquelas que lia com profundidade cada palavra, sempre começava com muita empolgação, mas depois de um tempo, de alguns capítulos, outro livro me chamava a atenção e acabava abandonando a leitura pra iniciar outra. Quem nunca fez isso?

E então eu novamente iniciava outro livro, muito, muito empolgada. Pulava logo o índice, textos das orelhas e contracapa, pois queria mesmo devorar o conteúdo em si. Introdução? Que chatice! Vamos logo ao que interessa? – assim pensava eu.

E novamente, outro livro aparecia em minha vida e aquela leitura tornava-se desgastante, arrastada, pois eu queria mesmo iniciar aquele outro novinho que me chamava da prateleira.

Com o mestrado não foi diferente. Eu tinha a ideia de que precisava ler TODOS os livros para escrever a minha dissertação. Que seria uma espécie de “jeitinho brasileiro” caso eu lesse apenas a parte que me era importante. Me enrolei, com muitos livros, ao saber que, por exemplo, no capítulo sete falava exatamente sobre o que eu precisava mas que ainda estava no capítulo dois e demoraria muito até chegar na parte do meu interesse. Eu me perguntava: como as pessoas fazem? Elas são tão inteligentes, sempre leem tudo e eu aqui, me arrastando nos primeiros capítulos!

Eu ainda não sabia de um pequeno detalhe: não precisamos ler com densidade todos os capítulos de um livro acadêmico, mas é imprescindível que saibamos sobre o que ele fala, o que defende, qual o posicionamento do autor em relação àquele tema. Precisamos, na verdade, entender o mapa geral, pra evitarmos de tirarmos uma frase (que nos agrada) do contexto geral, citá-la em um artigo para depois descobrir que aquele não era o pensamento daquele autor.

Quebrei muito a cabeça estudando métodos de estudos, assistindo vídeos no youtube, tentando compreender como as pessoas liam. Li o livro “Como ler livros”, de Adler, fiz muitos testes dos quais alguns gostei, de outros não me identifiquei, e fui montando a minha própria conclusão sobre a leitura. E a conclusão que tive é a de que há muitas camadas em um livro.

Imagine que você está vendo uma cidade do alto, de um avião. Ali conseguimos identificar o que é um lado, onde fica o mar, os prédios, as principais rodovias. Onde há parques, o bairro de casinhas… estamos distantes mas conseguimos identificar, por causa de características próprias, o que cada elemento significa. No entanto, detalhes só poderão ser observados caso estejamos caminhando pelas ruas, ou até mesmo, entrando em cada uma das casas, apartamentos, mergulhando no lago ou caminhando no bosque.

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1. Visão geral do livro

Assim são os livros. Há a camada mais geral, que nos diz à qual categoria o livro pertence. É um livro de História? Filosofia? Matemática? Um livro de Literatura Russa? Essa é a visão mais distante quando observamos os livros em uma prateleira.

2. Aproximação

Então nos aproximamos um pouco mais. Quem é esse autor? Ah, é um marxista, então imagino suas ideias. Ou não, esse é um livro de um padre do século XVII falando sobre devoção. Aquele outro é de um cientista renomado que tem ideias muito contrárias ao status quo da atualidade. E assim entendemos um pouco melhor sobre o que provavelmente encontraremos naquele livro. Para isso, é essencial pesquisarmos o autor, pra saber por quais ideias ele é conhecido. Uma simples busca no google já ajuda nessa etapa.

3. Explorando o livro

E então nos aproximamos um pouco mais. Lemos o título, o subtítulo, os textos nas orelhas, contracapa. Navegamos pelo sumário e identificamos como é organizada a estrutura daquele livro. São muitos ou poucos capítulos? Os capítulos têm nomes que indicam sobre o que falam ou apenas números? Quais palavras-chave encontramos? É como uma caça ao tesouro, qualquer dica é o suficiente para entendermos melhor como o livro foi organizado. Assim como nós organizamos as estruturas dos capítulos ao escrevermos um trabalho de faculdade, também os autores o fazem. Entender a estrutura de um livro é como tirar um Raio-X de como o autor pensou antes mesmo de começar a escrever. Ali tem muitas dicas.

4. Introdução: as dicas valiosas

E então nos aproximamos um pouco mais: a introdução. Geralmente feita de elogios, ali contém uma série de palavras-chave que indicam o pensamento daquele autor. Ali, nos aprofundamos mais sobre por qual viés o livro foi escrito, o que ele defende e o que ele critica. A introdução é como colocar os pés no chão com o mapa da cidade em mãos e começar a caminhar pelas ruas. Conseguimos iniciar um trajeto que até então só tínhamos a visão por meio de um mapa. Saímos do que achamos que é, para o que provavelmente será.

5. Leitura de mapeamento

E então, sabendo da estrutura dos capítulos, como eles estão divididos, sobre o que cada um deles fala, iniciamos a nossa jornada real lendo cada um deles. Mas será que algo mudou em relação à densidade da leitura, quando começamos o capítulo 1?

A ideia é passear pelas ruas, não entrar em cada casa. Imagine só se, para conhecermos um bairro, precisássemos entrar em cada casa? O trabalho se tornaria extremamente exaustivo e, ao final do dia, perceberíamos que não conseguimos visitar todas elas. talvez até mesmo abandonássemos o projeto antes mesmo de visitar todas as casas da região.

Mas então, Camile, você está dizendo para não ler os capítulos com atenção? Não. Não é sobre não ler cada capítulo com a devida atenção, mas para fazer uma leitura de inspecção, tentando não se agarrar tanto a cada frase e deixar que os sentimentos apareçam em uma leitura mais fluida.

Quando lemos com mais fluidez, vozes em nossas cabeças aparecem constantemente nos falando frases como:

  • Nossa, que besta esse autor, nada a ver o que ele está falando!
  • Olha, aí concordo com ele! Vou até sublinhar aqui pra voltar com calma nesse trecho!
  • Lembrei de um fato que aconteceu comigo em 2005, que era exatamente isso aqui que ele está falando!
  • Eita, ele fala totalmente o oposto da fulana naquele livro X que li ano passado!

E assim vamos conversando com o livro, como um bate-papo leve, com pouca densidade. A leitura vai fluindo rapidamente e não nos leva a tanta reflexão, mas a reações instantâneas como esses comentários. Assim conseguimos ler mais rápido, entendendo sobre o que se trata o livro, qual a posição do autor, como é a escrita dele, a diagramação do livro e ainda por cima, podemos dialogar ao escrever em suas margens. Sim, o livro sendo meu, ele é escrito, marcado, sublinhado.

Ao fazer esse tipo de leitura mais leve, já sabemos o que encontraremos nos próximos capítulos. A densidade vem após lê-lo por completo e termos o mapa de tudo que lemos em nossas mãos. Devemos, ao final dessa leitura, sermos capazes de ouvirmos sobre um assunto e sabermos que lemos sobre isso no livro X, e em poucos minutos encontrarmos a página onde está essa informação. Mapear um livro não é necessariamente saber tudo o que está escrito nele, mas saber como encontrar rapidamente a informação que desejamos naquele momento.

6. A leitura densa

A leitura mais densa, que seria como entrar nas casas para conhecê-las, vem da necessidade de nos aprofundarmos em determinados tópicos. E assim, com uma estante cheia de livros, podemos ter a certeza de que temos cinco livros que abordam aquele assunto que preciso me aprofundar hoje, e então separá-los e iniciar uma leitura mais aprofundada em cada um deles.

Vejam bem, eis o que tem dado certo para mim. Se eu tivesse descoberto isso durante o meu mestrado, tudo teria sido mais fácil. Não se trata de uma leitura dinâmica mas de uma leitura de mapeamento de conteúdo em cada livro que temos. A profundidade viria em uma releitura minuciosa, sabendo sobre o que encontraremos pela frente e tendo a certeza de que a leitura valeria todo tempo gasto, pois é exatamente o que quero e preciso ler no momento.

Agora me conte nos comentários se você tem o costume de ler, anotar, se mapeia seus livros ou se faz uma leitura corrida. Como é sua prática de leitura? Quero saber!

Como organizar as leituras com a Técnica Pomodoro

A Técnica Pomodoro consiste em separar blocos de tempo de total atenção ao que estamos fazendo intercalando momentos de ação com descanso. Cada pomodoro representa uma janela de tempo de 25 minutos fazendo o que precisa ser feito mais 5 minutos de pausa, podendo ser escolhida neste tempo de descanso qualquer tarefa que não esteja relacionada ao nosso foco principal.

Ao todo, cada “pomodoro” tem a duração de 30 minutos. E assim, quando acabamos um pomodoro (ação + pausa), recomeçamos o ciclo novamente. Uma sessão completa é formada de 4 pomodoros, totalizando assim 2 horas de atenção plena e produtividade, quando então nos damos uma pausa mais longa de 15-30 minutos. É um bom tempo se considerarmos que dificilmente conseguimos manter o nosso foco em alguma atividade por duas horas seguidas!

Resumindo: 1 pomodoro = 25 minutos de foco + 5 minutos de descanso

Técnica Pomodoro e as leituras

Como estou fazendo meu desafio de Leitura Mindfulness, decidi experimentar usar a técnica Pomodoro enquanto leio meus livros sem distração. No domingo, escolhi o livro Grande Magia no Kindle para terminá-lo e ajustei o aplicativo Be Focused no celular. Se vocês procurarem pelos gerenciadores de download, há diversos Apps para a mesma finalidade. Quem preferir usar site, recomendo o Tomato-Timer (site) ou o Strict Workflow(extensão do Chrome).

Mantive a atenção total na leitura enquanto o tempo corria (dica: deixe o celular um pouco longe para não ficar olhando o tempo) e quando acabaram os 25 minutos, levantei-me, fui beber uma água, lavar o rosto e já estava pronta para mais um bloco de 25 minutos de leitura. Não demorou mais que 3 pomodoros e enfim, terminei o livro.

Se você ainda não leu o post sobre o meu desafio de Leitura Mindfulness, clique aqui!

Algumas considerações

Não use a técnica Pomodoro como uma competição pra acabar logo algum livro. A intenção do desafio de Leitura Mindfulness não é correr com a leitura, mas fazê-la com concentração total.

De nada adianta usarmos uma técnica de que nos ajuda na concentração, se vamos ler atropelando as palavras com a finalidade de acabar logo um livro. Use o Pomodoro para manter-se engajado na leitura, não para competir com si mesmo.

O que achei?

Minha experiência foi ótima. Claro que foi um teste e pretendo aplicá-la em momentos em que eu estiver com a mente muito agitada, querendo fazer mil coisas ao mesmo tempo. O ideal é sempre termos em mente que a leitura deve ser algo prazeroso, mesmo usando uma técnica de produtividade e concentração.

  • Leia mais sobre Técnica Pomodoro

E vocês, já usaram alguma técnica de concentração e gerenciamento do tempo durante alguma leitura? E concurseiros, como lidam com tantos livros a serem lidos? Deixe seu comentário!

Dicas para o vestibular (pós-ENEM) e concursos

Hoje eu vou dar algumas dicas básicas pra quem já fez o ENEM mas ainda está concorrendo a vagas em outras universidades. Sei que muitos devem ter dado um gás total no Exame Nacional e acabou esfriando um pouco, mas ainda temos pela frente algumas outras faculdades públicas que não usam a prova do ENEM e outras particulares também que abrem o processo seletivo agora no final do ano.

Gás total!

Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, teremos em breve (dia 1/dezembro) a prova da UERJ. Muitos cursinhos se dedicam muito ao ENEM, fazendo vários tipos de projetos, reta final mas acabam aliviando quando já passou a prova. A dica que dou é pra vocês continuarem estudando no mesmo ritmo, pois falta muito pouco e compensa muito dar um gás final pra conseguir bons resultados. O diferencial é que muitos concorrentes estarão mais cansados (principalmente aqueles que foram bem) e deixarão de lado os estudos pra essas outras universidades que não participam do ENEM e isso significa menos concorrentes. Portanto, utilize sua última reserva de energia pra passar a frente dos candidatos preguiçosos. Não seja um deles!

Dois em um

Outra dica que dou é pra terem bastante atenção durante a prova. O tempo é o suficiente, e mesmo que seja uma prova discursiva, tente se concentrar em cada questão e colocar no papel o que você lembra. Nunca se esqueçam que muitas vezes, em uma prova discursiva, há mais de uma pergunta por questão e o erro mais comum é dos candidatos responderem uma delas apenas. Questões como cite e exemplifique possuem duas perguntas em uma só, então, cuidado!

Responda o que é pedido

Fiquem atentos também com as questões discursivas com as palavras “cite”, “explique”, “exemplifique”, “discorra sobre”entre outras. Se estiver escrito “cite 3 fatores que contribuíram para o fim da URSS”, é apenas para citar os três. Mas, caso a banca peça pra você explicar, não é apenas para escrever os três fatores. Acredite, pode ser uma dica boba, mas é muito comum o candidato perder pontos por ter apenas citado sem explicar. Portanto, fiquem atentos ao que pede o enunciado.

Estruture a redação

Se você precisa fazer uma redação, comum na segunda fase dos vestibulares e também em processo seletivo de faculdades particulares, gaste um tempo lendo os textos com bastante atenção e fazendo o planejamento da estrutura do seu texto. Utilize a folha de rascunho pra organizar em palavras-chave sobre o que você escreverá na introdução, seus argumentos e a conclusão. Você verá que fica muito mais fácil desenvolver os parágrafos se já temos a ideia do que será escrito. Apenas tome cuidado com o tempo e com o número de linhas. Em geral se pede que sejam escritas em torno de 25 linhas, o que dá tranquilamente 5 parágrafos de 5 linhas cada (Introdução + 3 argumentos + conclusão).
Espero que tenham gostado das dicas. Fiquem atentos pois darei várias outras ao longo da semana. Quero passar minha experiência de vestibulares a vocês, pois além de já estar na minha segunda faculdade pública, também fui monitora de português e redação em cursinhos de pré-vestibular. Qualquer dúvida ou sugestão para novos posts, basta pedir aqui nos comentários que prepararei um post especial para vocês.