O Blog Camilando voltou! :)

Foto dos primórdios do Blog Camilando, em 2011

Pois é, eu falei que o solstício de verão havia mexido comigo e me deixado nostálgica. Resmunguei no último post sobre não me sentir tão à vontade com o rumo que as redes sociais estavam indo, sinto uma constante agonia, como uma vontade de me expressar, compartilhar aleatoriedades, fotografias, memórias, pra que eu mesma possa navegar e relembrar dos momentos da minha vida.

Veja bem, eu comecei a blogar muito cedo, se bem me recordo, foi em 1999, quando estava no ensino médio. Naquela época as ferramentas de blog ainda eram muito escassas, e eu me lembro de usar um site chamado Geocities (acho que foi antes de 2000) e depois o kit.net, pra criar uma espécie de site dos amigos da escola com nossas fotos, nossos encontros.

Depois surgiu a ideia do blog e lembro como se fosse hoje criar o meu primeiro no site Weblogger. Tudo era muito rústico: fazer upload de um gif demorava muito tempo, por conta da internet discada. Não tínhamos um lugar específico pra fazer upload de imagens no blog, tínhamos que usar um servidor paralelo, copiar o endereço do link e escrever o html na unha mesmo, pra linkar aquela imagem de um canto pra dentro do post. Fiz curso de HTML e CSS, pra poder arrumar meu blog do jeitinho que eu queria, com os cursores piscantes e fogos na tela, sem contar com a musiquinha que tocava ao entrar na página. Sinto saudades!

Descobrir blogs amigos era bem difícil. Não tínhamos as redes sociais, mas tínhamos os bate-papos. Lembro-me que eu usava bastante o Chat da UOL, mas depois aprendi a mexer no IRC, e depois no mIRC. Tínhamos listas de email do Yahoo e por esses cantos conseguíamos descobrir novos blogs. Era muito comum, em cada um deles, ter uma sessão de “Blogroll”, como eu fiz questão de colocar aqui. Ler cada um deles no fim de semana (pois a conexão da internet pagava apenas um pulso telefônico) era um momento esperado.

Pois é, eu falei que ando saudosista. E também ando empolgada com isso aqui. Mas há algo sobre esse nome Camilando.

Quando os serviços de blogs melhoraram um pouco, com a chegada do Google, criei uma conta no Blogspot e abri o Blog Camilando em 2011. Segui com ele por um longo tempo, até comprar o  domínio com meu nome e de começar um outro projeto do zero, o Vida Minimalista, em 2012. Pra falar a verdade, o Camilando era muito mais antigo, pois eu já usava esse nome naqueles outros sites, embora ele tenha se firmado mesmo em 2011, pelo que mostra o meu backup que só vai até esta data.

O banner lateral do blog, eu e minha Lomo rosa <3 (2012)

Em um momento eu acabei desistindo, mudei de rumo, e o Camilando foi ficando pra trás. E eis que, em pleno 2024-2025, no solstício de verão, eu decidi que queria um espaço mais livre pra escrever meus textos, como antigamente. É um movimento nostálgico assim como qualquer outro. Há pessoas que voltam a escutar suas músicas na vitrola, outras voltam a escrever no papel (eu também), cada um vai buscando se encontrar em meio a essa enxurrada agoniante de informações da internet. Eu, no contrafluxo, não conseguia mais sentir a espontaneidade do Instagram. Parece que ficou um lugar mais rígido, sem aquela leveza de antigamente. 

Eu precisava de um canto, mas sem usar o meu nome como usava o blog Camile Carvalho. Não sei explicar, mas eu faço doutorado, tenho artigos publicados, um lado meu mais “sério”, que não combina tanto com o despejo criativo paralelo que estava precisando fazer. Então eu coloquei na minha cabeça que voltaria a ter um blog, como era o Camilando.

Não sei se vocês me conhecem com profundidade, mas quando eu coloco algo na cabeça, eu tenho que fazer imediatamente, mesmo que eu vague pela madrugada adentro com aquela fixação do hiperfoco, e foi exatamente o que eu fiz. Primeiro, eu deveria criar um nome pro blog, certo? Certo. Mas minha curiosidade me fez digitar camilando.com no Hostgator, quando, pra minha surpresa, o domínio estava novamente livre. O meu domínio das antigas, o meu Camilando desde tempos imemoriais!

Banner do blog de 2011

Ariana que sou, cliquei em comprar domínio no mesmo momento, e então uma porta mágica se abriu. Se antes eu estava nostálgica, agora então eu estava mergulhada nas memórias do passado. Aproveitei o tempo chuvoso do Rio de Janeiro próximo ao Natal pra grudar o rosto na tela e passar tudo que eu tinha de backup pro Camilando, arrumar layout, criar uma nova identidade visual mais aconchegante, como eu estou me sentindo no momento. Eu ainda preciso ajustar muitos detalhes de links quebrados, imagens que sumiram, mas eu me sinto tão feliz em ter esse cantinho novamente, pra expressar tudo o que eu quiser, pra ser o meu diário, sem nicho, sem nenhuma preocupação de likes, engajamento ou algoritmos. Aqui terá o meu ritmo.

Pra variar, acho que já escrevi demais, então vou ficando por aqui. Era pra ser um post de boas-vindas novamente ao Camilando e pra explicar que, na verdade, nada disso é novidade, mas sim meu retorno ao ponto inicial, como tudo começou pra mim na internet. 

Eu estou aliviada em ter esse lugar-seguro novamente. E quero me conectar com pessoas que também mantêm seus blogs até hoje, mesmo que com poucas atualizações. 

Que vocês tenham um lindo e abençoado Natal, e que nunca desistam de buscar aquilo que te traz paz.

Camile

Não adianta, eu amo blogs

Eu amo blogs | Camile Carvalho | Vida Minimalista

Eu juro que tentei. Já até programei posts pro meu Instagram em uma época. Fiz planejamento de conteúdo, defini um nicho, passei horas diante de uma tela pensando como eu poderia fazer diferente, melhor, adaptado à nova realidade.

Mas nunca fluiu.

Pode parecer estranho, mas estou pra completar 40 anos no dia 18 de abril e isso tem me feito refletir muito sobre minha trajetória de vida, e isso inclui a internet.

Aquela frase “eu estava aqui desde quando isso tudo era mato” é clichê, mas se aplica perfeitamente em mim. Eu vi a internet nascer. O primeiro contato que eu tive com um computador foi ainda na escola e a única coisa que tínhamos pra fazer era mexer com uma tartaruguinha digitando comandos para frente (PF), esquerda (ESQ) e quantos pixels deveria caminhar. Pra fazer um quadrado, tínhamos que usar PF50, ESQ90 e repetir até que o quadrado estivesse formado.

Sou da época do MSDOS. Tela azul com letras brancas, ou tela preta com letras verdes. Era só isso, e a empolgação de que um novo mundo estava diante de meus olhos era muito real.

Vi tudo isso se transformar até que chegou a possibilidade de termos o nosso próprio terreno na internet. Alguns sites ofereciam essa possibilidade, como o kit.net, onde eu tive o meu primeiro site. Usei MySpace, Weblogger entre outros e sempre gostei de compartilhar fotos, pensamentos, ideias sobre tudo. Até que enfim, foi criado o modelo de blog, no qual eu não precisaria mais usar o Frontpage pra mexer nos códigos HTML (o qual fiz curso!). Me aventurei a aprender CSS e nunca mais parei de escrever, estudar sobre o assunto e interagir com essa nova possibilidade de colocar a voz no mundo.

Mas as coisas mudam e eu fiquei pra trás. Sim, é essa a sensação que eu tenho. Agarrada às palavras, ao textão, à espontaneidade, do Fotolog pro Instagram foi um pulo. É verdade que bem no início usávamos aqueles filtros toscos pra que as fotos parecessem vintage, tirávamos fotos de comida, de planta, de sapato. Era tudo muito legal e diferente do que todos já estavam acostumados a fazer. O Instagram era um espaço pra experimentações. Podíamos conhecer um pouquinho mais do cotidiano não-mostrado dos nossos amigos. Até que houve uma virada no modo de produzir conteúdo.

Aliás, o próprio termo “produzir conteúdo” já indica muita coisa. Deixamos de ser as pessoas que compartilham de forma espontânea pequenos cliques do cotidiano para sermos os produtores de conteúdo. Cada um viu na plataforma um espaço de buscar seu lugar ao sol, e isso não é algo negativo. Mas tudo foi acelerando de um modo esquisito (para mim). Tem que produzir, tem que aparecer, tem que postar, tem que usar hashtag x y z, tem que… e essa agonia acabou me desmotivando a estar ali, ao mesmo tempo em que a plataforma não entregava mais, meus amigos não viam o que eu postava e eu só consigo ver propagandas goela abaixo.

Está chato, muito chato.

A internet, aliás, foi se transformando em um ambiente hostil pra mim. Se antes eu sentia que estava escrevendo para pessoas, para uma comunidade, hoje me vejo escrevendo pro vento. A minha sorte é que eu gosto de escrever pra mim mesma, a única diferença aqui é que eu clico no botão “publicar”.

Eu decidi voltar. Pode ser que eu mude de ideia daqui a 1 ano, 1 mês ou 1 dia. Mas por enquanto estou aqui. Com o domínio no meu próprio nome, deixando visível praticamente todos os posts do meu antigo blog Vida Minimalista (que entrou no ar em 2010), e com a vontade de revisar cada um deles, aos poucos.

Qual o meu nicho? Eu não sei. Como me defino? Também não faço ideia. Eu sou essa pessoa que aprende algo, reflete e escreve sobre o assunto, mais como uma forma de registro pessoal do que com a intenção de ser uma produtora de conteúdo para os outros. Eu escrevo pra mim, e gostaria de continuar sendo assim. Acho que toda minha agonia com a internet veio no momento em que comecei a pensar que deveria produzir conteúdo pros outros.

O que as pessoas querem ver aqui? Qual o tom da minha fala? Como fotografar de um jeito que agrade? Como agradar aos outros? Como me encaixar em um lugar que não me pertence? Foi isso. Foi esse o ponto onde tudo desandou. Mas basta.

Hoje eu quero escrever pra mim. Pois escrevendo pra mim eu atrairei pessoas que se alinham a quem eu sou. O texto é longo e você leu até aqui? Então você é como eu. Eu não quero me adaptar, nem tampouco quero que se adaptem a mim. Quero que seja espontâneo, leve e divertido para todos nós. Somente assim serei capaz de manter a constância fazendo algo que eu realmente amo fazer: escrever, registrar, inspirar e me conectar com pessoas reais, sem a interferência dos algoritmos.

Resgatando meus diários da infância

Eu mal acreditei quando abri a sacola empoeirada esquecida no canto de um armário na casa dos meus pais. Para mim, ali teria alguns cadernos velhos da época da escola, ou até mesmo livros antigos, pelo peso e volume da sacola. Mas o que encontrei ali foi muito mais valioso que simples papeis velhos: meus diários.

Desde julho deste ano (2023) eu venho retornando, lentamente, ao hábito de escrever à mão. Eu, que só escrevia no computador, e até mesmo fazia uma espécie de diário no 750words.com sem muita rotina, comecei anotando as matérias da graduação em Ciências da Religião num caderno. Depois, conheci a linha dos Cadernos Criativos da Cícero e me apaixonei. Depois, fui pro Caderno Inteligente, e a cada item que comprava, minha vontade de escrever à mão só aumentava.

No começo a minha letra era muito feia. Eu percebia que não tinha muito controle sobre o ajuste fino da minha mão sobre a caneta. Pensava em escrever um F e saía outra coisa. Às vezes travava numa palavra, repetia letras, esquecia de outras. Isso foi algo muito, mas muito esquisito e vocês não imagina o quão assustada fiquei vendo que durante uma escrita corrida eu pouco tinha controle sobre os movimentos da minha própria mão.

Eu sabia que precisava escrever mais e mais. E continuei. Hoje olho pros meus cadernos e fico feliz em saber que melhorei muito esse controle e já consigo escrever por um longo tempo sem sentir cãibras, dores no pulso e no ombro.

Mas, voltando aos diários, vou contar um impasse que eu estava nestes últimos meses.

Eu sabia que queria algo com esses cadernos. Eu queria ter um registro da minha vida que eu pudesse armazenar anualmente na minha prateleira junto aos meus livros. Algo que eu pudesse carregar comigo para onde eu fosse. Que tivesse ali meus conhecimentos, aprendizados e sentimentos. Fotos, imagens, recortes. Eu não sabia bem o que era isso que eu queria. Não era uma agenda. Não era um “querido diário” infantil.

Li livros sobre tudo isso. Bullet Journal, Listas, GTD, Commonplace Book, Journalling, e tudo o que vocês puderem imaginar. Eu entrava no Pinterest e encontrava cadernos tão perfeitos, com uma caligrafia tão linda que eu tinha que dar zoom na imagem pra me certificar que aquilo realmente havia sido escrito por alguém. Pareciam impressão. O meu sentimento era de que eu nunca conseguiria fazer um caderno desses, pois minha letra ainda estava meio caótica, eu não tinha as folhas perfeitas e nem as canetas adequadas. Eu precisaria investir muito tempo e dinheiro pra chegar a esse nível. Não, não era ainda isso.

E eu percebia que não tinha opções. Testei de tudo. Peguei minha caderneta da Cícero e comecei as Morning Pages, aquela prática de escrever 3 páginas pela manhã. Mas fiquei agoniada pois, de manhã o tempo é mais corrido pra mim e enquanto eu escrevia, pensava que ainda precisava trocar a água do cachorro, passar o aspirador, colocar a água do beija-flor, arrumar a cama, fazer comida etc. Eu simplesmente não tinha cabeça pra me concentrar. Mas à noite sim. Então mudei meu caderno pra Night Pages, e então, aí sim, conseguia escrever muito mais que 3 páginas.

Então veio o Bullet Journal e testei usá-lo ali mesmo, no meu caderno do Morning Pages que virou Night Pages que virou Bullet Journal. Mas aí achei que ele ficou tão frio, que comecei a escrever meus sentimentos em textão no meio dele. Hoje ele se tornou um caderno caótico, de tudo, sem um propósito definido. E assim, ele ficou bem legal, acompanhando minha mente a cada dia.

Mas foi apenas folheando meus diários, hoje que eu tive um insight. Eu comprava, a cada ano, uma agenda com uma página pra cada dia. E ali eu escrevia de tudo um pouco, de forma espontânea. Podia ser um aniversário, uma tarefa, o que fiz no dia, um professor chato, um encontro com as amigas, um sentimento. Cartinhas de amor nunca enviadas eram anexadas. Fotografias. Embalagem de bombom que ganhei do paquera. Bilhetinhos das amigas recebidos no meio da aula. Tudo, tudo ali, naquela agenda que cabia de tudo um pouco.

Então entendi que é isso que eu buscava, só não tinha um termo. Eu queria escrever, de forma espontânea, sobre o que viesse à minha mente naquele dia. Sem fórmulas. Sem estrutura. Sem seguir um método. Sem nomes em inglês. Tudo o que eu busquei, durante esse último semestre, foi retornar ao hábito de ter uma agenda e escrever livremente, como um diário, nela. Joguei todos os nomes em inglês no lixo e fiquei com apenas uma única descrição: diário.

Simples, como antigamente. Descomplicado. Espontâneo. E assim eu vou (re)começar um hábito que eu havia pausado por um tempo na minha vida.

Quem vem comigo?
Quem já faz isso?