Quando precisamos tirar coisas da nossa frente

Quando precisamos tirar as coisas da nossa frente - blog Camilando por Camile Carvalho
foto: unsplash

Era o meu grande sonho criar este blog? Não. Eu planejei por meses, de forma racional, voltar a escrever aqui? Não. Eu sou completamente apaixonada por este novo-antigo projeto? Não.

Ué? Então eu não gosto do blog? Eu não estou satisfeita? Não era bem isso que eu queria? Definitivamente, não foi isso que eu disse. Vamos lá, vamos divagar. Siga meus pensamentos que lá vem viagem… 🙂

Muitas vezes, na vida, eu sinto que estou com um bloqueio criativo. Ou então quero começar uma nova empreitada, um projeto diferente, mudar algo internamente, mas a sensação é que não consigo no momento por ter demandas, em sua maioria mentais, ainda a serem esclarecidas ou trabalhadas.

Já faz uns meses que eu sinto uma mudança chegando em minha vida. Algo que eu preciso colocar pra fora, já que muita coisa já está mudando aqui dentro. O problema é que externalizar essas mudanças não é tão fácil. Confesso que antigamente eu não me importava muito. Fazia o que dava na telha, mudava o cabelo, o estilo de roupa, mudava tudo radicalmente e experimentava diferentes formas de me expressar. A questão é que com a idade, parece que esses impulsos estão cada vez mais difíceis, como se demandassem muita, mas muita cautela da minha parte. Não é tão fácil assim mudar o visual, o estilo das roupas, me expressar diferentemente, mostrar minha fé. Sinto que tem algo me bloqueando, como uma tampa a qual eu não consigo remover com tanta facilidade.

Foi quando eu chutei o balde e, em meio a um blog com o nome Camilando (vai, é engraçado esse nome e nem um pouco sério), eu tive a impressão de que essa tampa foi removida. Eu sinto que posso vir aqui, escondidinha, e escrever sobre tudo um pouco. Não tenho nicho, o nicho sou eu. Não preciso ser formal, como eu sentia com outros espaços onde eu produzia conteúdo. Não preciso ter cuidado. Mas veja bem, não estou dizendo que faço isso aqui de qualquer jeito, mas o cuidado com as minhas palavras é menor sim, já que eu venho aqui e despejo minhas palavras.

Depois que criei esse espaço eu sinto que tirei algo da minha frente. Será a tampa? Eu não sei. Acho que simplesmente desbloqueei minha criatividade, mas hoje, refletindo, cheguei ao ponto em que percebi que a questão não é apenas sobre o fator criativo, mas sim coisas mais profundas. Pode ter relação com a virada do ano? Pode. Mas ainda acho que o fato de eu ter criado um ambiente seguro pra mim me dará mais espaço pra trabalhar em outras partes minhas que estavam um tanto esmagadas.

Veja bem, eu escrevo as coisas exatamente como eu as estou sentindo. A impressão real é que agora eu tenho mais espaço pra expandir. Incrível, não é mesmo?

É um blog bobo? É. Mas isso fez um efeito imenso aqui dentro de mim.

Escrevo isso pois pode estar acontecendo o mesmo com você. Talvez você só precise de um canal mais leve, espontâneo, pra despejar toda uma parte sua que você não esteja “drenando”, uma criatividade que pulsa mas que está acumulada. Quando deixamos fluir algo que estava estagnado, parece que outras áreas da vida começam a fluir também.

Divagações de quase meia-noite da virada do ano? Sim, eu sei. Mas são nesses momentos que nossa mente despeja as melhores ideias.

Espero que esse post-desabafo meio sem sentido (faz sentido pra mim) te ajude de alguma forma. Mas, se for apenas um blá blá blá, tudo bem também. O importante é que daqui a um tempo passarei por esse post e me lembrarei exatamente sobre o que eu estava falando.

Coragem! Coragem para ser quem você realmente é. ♥ 

Natal de 2024

 

Na semana entre o Natal e Ano Novo, costumo passar com os meus pais. Tiro essa semana pra me desligar completamente de tudo e focar em coisas diferentes, ainda que mantenha o meu hábito de escrever, planejar, mas sempre abrindo a possibilidade de novas ideias chegarem. É como uma semana fora do calendário: saio da rotina, experimento coisas novas, escrevo sobre assuntos diferentes, me permito sair do quadradinho.

Escondidinho

Como única vegetariana na casa, costumamos fazer, além das comidas tradicionais que eles gostam, um prato sem carnes, que vai por minha conta. Dessa vez fiz uma espécie de escondidinho (ou escondidão) de batata recheada com proteína de soja, substituindo a carne moída. O gratinado ficou por conta do queijo derretido com parmesão ralado. Essa é daquelas comidas que como na noite do Natal, no dia seguinte e até quando acabar a travessa. Acho que acaba hoje, já que não estou me contendo com pequenos pedaços.

Na noite de natal peguei minhas Mandalas Lunares, tanto de 2024 quanto a de 2025, pois sim, precisei trazer ambas pra virada do ano, fazendo mais peso na minha mochila, mas tudo bem, prioridades, não é mesmo?

Folheei a deste ano, relembrei algumas memórias, tanto boas quanto dolorosas, vi fotografias e me diverti, orgulhosa de ter mantido, por mais um ano, os registros dos meus momentos. Desde que voltei a escrever no papel tenho percebido que a Mandala Lunar é o melhor suporte pra essas memórias, já que ela segue o calendário Lunar em vez do Solar, o que combina muito mais comigo que sigo as estações do ano, fases da lua e outros marcos da natureza pro meu autoconhecimento e espiritualidade.

Jardim

Uma coisa que nunca comentei é que temos, desde o começo do ano (2024) um terreno para onde vamos sempre que estou por aqui, na casa dos meus pais. É bem pertinho de onde estamos e costumamos passar a manhã, ou a tarde, fazendo melhorias, plantando e cuidando das plantas, arrumando pra, quem sabe, construirmos no futuro.

A primeira coisa que decidimos fazer foi o muro, pra podermos deixar o Teddy correr livremente. Infelizmente ele aproveitou muito pouco antes de tudo que aconteceu, mas o Theo, irmãozinho do Teddy que agora está conosco, adorou o fato do mato ter crescido após os últimos dias chuvosos.

Meu pai, enquanto molhava as plantas com a mangueira, jogava água na direção dele que aprendeu a pular no ar tentando morder a água. A brincadeira foi tão boa e refrescante que pretendemos fazer sempre, assim ele não fica com tanto calor como tem feito esses dias.

Viramos a noite de Natal nós quatro mesmo, como sempre tem sido: eu, pai, mãe e Theo, que dormiu antes da ceia. Algo que acho muito bonitinho nele é o fato dele ser super independente: quando bate o sono e a vontade de dormir, ele se retira e vai pro quarto, sozinho, se enfia debaixo do edredom e não quer mais saber de ninguém.

Tivemos a ideia de (re)assistirmos o show do Michael Flatley – Feet of Flames, que eu tanto amo! Fazia alguns anos que eu não assistia e foi muito bom perceber nuances da dança, da coordenação e da narrativa do show depois de alguns anos. Sempre que reassisto algo, tento buscar o que dessa vez eu percebi que não havia notado anteriormente. Isso acontece também com Interestellar, filme que parei de contar na 15ª vez. Sim, meu hiperfoco em astronautica, astronomia e exploração espacial está mais on que nunca. 🙂

Já no dia 25, resolvemos assistir a um show dos Beach Boys, por sugestão da minha mãe. Quando encontramos no Youtube um show mais recente deles e demos play, a luz de Itaipuaçu acabou e foi um caos. Calor, muriçocas e celulares quase descarregados. Decidimos então dormir, pois não havia mais o que fazer, apenas aproveitar os últimos suspiros da bateria do celular com a tela diante dos olhos até o sono chegar, o que foi bem difícil devido ao calor. Finalmente a energia voltou por volta das 3h da manhã e pude ter meu sono tão merecido.

Esses dias têm sido bastante chuvosos, exceto aquela manhã do dia 25 quando fomos ao terreno. Sigo curtindo a tranquilidade da cidade pequena, sentindo o cheiro da chuva, curtindo os dias com meus pais e claro, comendo muitos quitutes do Natal e me preparando pra emendar com o Ano Novo. Aliás, aqui em casa nós comemoramos o fim de ano desde o dia 18 de dezembro, aniversário da minha mãe até 4 de janeiro, aniversário do meu pai. Uma pena não podermos prorrogar até 18 de abril, acho que aí seria demais.

Planner da Camile Carvalho - Blog Camilando

Bem, que delícia escrever assim, pra mim mesma. Quero, no futuro, ler esses textos, ver essas fotos, como um diário mesmo. Eu sinto que aqui escrevo pra mim, embora eu tenha um “querido diário”, meu interlocutor, que são vocês. Mas há uma diferença enorme daquela pressão da produção de conteúdo pra Instagram, cheio de regras de marketing, de como viralizar conteúdo, de como ter mais alcance… lá, eu sentia como se tivesse competindo por atenção (e na verdade estamos mesmo, né!).

Aqui, sinto como se vocês fossem meus queridos convidados, com os quais tomo um chá e bato um papo nos comentários. Sinto-me mais confortável também em contar detalhes da minha vida, mas sem uma superexposição. Parece que eu sei bem o limite, pois sempre havia feito exatamente assim. Aliás, escrevi um esboço de uma reflexão sobre isso e pretendo depois, com calma, elaborar melhor em um post.

O Blog Camilando voltou! :)

Foto dos primórdios do Blog Camilando, em 2011

Pois é, eu falei que o solstício de verão havia mexido comigo e me deixado nostálgica. Resmunguei no último post sobre não me sentir tão à vontade com o rumo que as redes sociais estavam indo, sinto uma constante agonia, como uma vontade de me expressar, compartilhar aleatoriedades, fotografias, memórias, pra que eu mesma possa navegar e relembrar dos momentos da minha vida.

Veja bem, eu comecei a blogar muito cedo, se bem me recordo, foi em 1999, quando estava no ensino médio. Naquela época as ferramentas de blog ainda eram muito escassas, e eu me lembro de usar um site chamado Geocities (acho que foi antes de 2000) e depois o kit.net, pra criar uma espécie de site dos amigos da escola com nossas fotos, nossos encontros.

Depois surgiu a ideia do blog e lembro como se fosse hoje criar o meu primeiro no site Weblogger. Tudo era muito rústico: fazer upload de um gif demorava muito tempo, por conta da internet discada. Não tínhamos um lugar específico pra fazer upload de imagens no blog, tínhamos que usar um servidor paralelo, copiar o endereço do link e escrever o html na unha mesmo, pra linkar aquela imagem de um canto pra dentro do post. Fiz curso de HTML e CSS, pra poder arrumar meu blog do jeitinho que eu queria, com os cursores piscantes e fogos na tela, sem contar com a musiquinha que tocava ao entrar na página. Sinto saudades!

Descobrir blogs amigos era bem difícil. Não tínhamos as redes sociais, mas tínhamos os bate-papos. Lembro-me que eu usava bastante o Chat da UOL, mas depois aprendi a mexer no IRC, e depois no mIRC. Tínhamos listas de email do Yahoo e por esses cantos conseguíamos descobrir novos blogs. Era muito comum, em cada um deles, ter uma sessão de “Blogroll”, como eu fiz questão de colocar aqui. Ler cada um deles no fim de semana (pois a conexão da internet pagava apenas um pulso telefônico) era um momento esperado.

Pois é, eu falei que ando saudosista. E também ando empolgada com isso aqui. Mas há algo sobre esse nome Camilando.

Quando os serviços de blogs melhoraram um pouco, com a chegada do Google, criei uma conta no Blogspot e abri o Blog Camilando em 2011. Segui com ele por um longo tempo, até comprar o  domínio com meu nome e de começar um outro projeto do zero, o Vida Minimalista, em 2012. Pra falar a verdade, o Camilando era muito mais antigo, pois eu já usava esse nome naqueles outros sites, embora ele tenha se firmado mesmo em 2011, pelo que mostra o meu backup que só vai até esta data.

O banner lateral do blog, eu e minha Lomo rosa <3 (2012)

Em um momento eu acabei desistindo, mudei de rumo, e o Camilando foi ficando pra trás. E eis que, em pleno 2024-2025, no solstício de verão, eu decidi que queria um espaço mais livre pra escrever meus textos, como antigamente. É um movimento nostálgico assim como qualquer outro. Há pessoas que voltam a escutar suas músicas na vitrola, outras voltam a escrever no papel (eu também), cada um vai buscando se encontrar em meio a essa enxurrada agoniante de informações da internet. Eu, no contrafluxo, não conseguia mais sentir a espontaneidade do Instagram. Parece que ficou um lugar mais rígido, sem aquela leveza de antigamente. 

Eu precisava de um canto, mas sem usar o meu nome como usava o blog Camile Carvalho. Não sei explicar, mas eu faço doutorado, tenho artigos publicados, um lado meu mais “sério”, que não combina tanto com o despejo criativo paralelo que estava precisando fazer. Então eu coloquei na minha cabeça que voltaria a ter um blog, como era o Camilando.

Não sei se vocês me conhecem com profundidade, mas quando eu coloco algo na cabeça, eu tenho que fazer imediatamente, mesmo que eu vague pela madrugada adentro com aquela fixação do hiperfoco, e foi exatamente o que eu fiz. Primeiro, eu deveria criar um nome pro blog, certo? Certo. Mas minha curiosidade me fez digitar camilando.com no Hostgator, quando, pra minha surpresa, o domínio estava novamente livre. O meu domínio das antigas, o meu Camilando desde tempos imemoriais!

Banner do blog de 2011

Ariana que sou, cliquei em comprar domínio no mesmo momento, e então uma porta mágica se abriu. Se antes eu estava nostálgica, agora então eu estava mergulhada nas memórias do passado. Aproveitei o tempo chuvoso do Rio de Janeiro próximo ao Natal pra grudar o rosto na tela e passar tudo que eu tinha de backup pro Camilando, arrumar layout, criar uma nova identidade visual mais aconchegante, como eu estou me sentindo no momento. Eu ainda preciso ajustar muitos detalhes de links quebrados, imagens que sumiram, mas eu me sinto tão feliz em ter esse cantinho novamente, pra expressar tudo o que eu quiser, pra ser o meu diário, sem nicho, sem nenhuma preocupação de likes, engajamento ou algoritmos. Aqui terá o meu ritmo.

Pra variar, acho que já escrevi demais, então vou ficando por aqui. Era pra ser um post de boas-vindas novamente ao Camilando e pra explicar que, na verdade, nada disso é novidade, mas sim meu retorno ao ponto inicial, como tudo começou pra mim na internet. 

Eu estou aliviada em ter esse lugar-seguro novamente. E quero me conectar com pessoas que também mantêm seus blogs até hoje, mesmo que com poucas atualizações. 

Que vocês tenham um lindo e abençoado Natal, e que nunca desistam de buscar aquilo que te traz paz.

Camile