Minha paixão pelos livros – e como desapegar deles

Lendo o blog Um Ano Sem Compras, me deparei com um assunto muito interessante: Nossa relação com os livros. No artigo, a Marina fala sobre a paixão desenfreada pela aquisição de novos títulos, o que nos faz, no fim, termos uma pilha imensa de livros a serem lidos para pouco tempo de leitura disponível.

Eu sou uma apaixonada pela literatura. Se quiser me fazer feliz, basta me levar a uma livraria, ou me presentear com um livro. Tenho diversos guardados em meu quarto, tanto na prateleira como na minha estante. Mas… e quando ficamos fissurados por comprar cada vez mais e acabamos não tendo tempo para ler todos?

Nessas ultimas semanas comprei, em uma boa promoção, o box com 6 livros clássicos da Ágatha Christie, pelo preço de um. Comprei também em um sebo as obras de Edgar Alan Poe e O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Bronte. Mas vamos pensar com calma: eu adquiri no final do ano oito livros, porém, em que velocidade os lerei? Sei que não comprei por impulso (será?), mas eu tive que aproveitar a oportunidade, pois estavam em um ótimo preço. Porém, quanto tempo levarei para le-los?

O problema é que fazemos o mesmo com roupas. Há alguma “licença no minimalismo” só porque estamos tratando de obras culturais, e não futilidades? Obviamente que livros nunca serão comparados a roupas, maquiagem ou objetos sem utilidade, mas devemos ter equilíbrio ao entrarmos em uma livraria, pois alguns talvez nunca chegaremos a ler, assim como algumas roupas compradas no impulso nunca chegarão a ser usadas.

Qual seria a solução? Comprar um Kindle? Confesso que eu tenho um (e estou vendendo!), com alguns ebooks. Acho muito prático reunirmos diversos títulos em um dispositivo, o qual podemos carregar para todos os lugares sem fazer volume nem peso na bolsa. Porém, também aprecio o livro físico, o virar das páginas e o cheiro. Em alguns blogs minimalistas, já vi muitas pessoas escrevendo que para sermos minimalistas devemos adotar 100% a tecnologia. Eu concordo em parte. Um escritório sem papel, digitalizar arquivos pode nos livrar de muita tralha que talvez nem saibamos que temos, mas em relação a obras literárias, penso um pouco diferente. Já cheguei a ler o absurdo que uma minimalista digitalizou todos os seus livros, os rasgou e colocou para reciclagem. Não sejamos extremos, por favor!

Em um leitor de ebook, seja ele Kindle, iPad ou até mesmo o celular, há uma maior facilidade de acumularmos arquivos, aumentando ainda mais a ansiedade devido às pendências. Já com os livros físicos, é muito mais visível a pilha de livros a serem lidos, nos fazendo tomar atitudes (geralmente de não comprar por um tempo), e eu infelizmente me encontro nesse estágio. Quando olho para minha prateleira, vejo alguns títulos que nunca abri, outros que li alguns capítulos e outros já concluídos. Entre eles há livros de narrativas e outros de referência, os quais consulto sempre que preciso. Creio que minha situação seja parecida com a de muitos de vocês. Mas então, como resolver?

Não comprarei mais livros até terminar de ler todos que tenho. É um desafio difícil para uma pessoa que, como eu, adora circular por livrarias e tomar um bom café folheando as páginas amareladas de um novo livro recém adquirido em um sebo no centro da cidade. Apenas abrirei exceção para títulos que eu precise para a faculdade, e mesmo assim, darei prioridade às bibliotecas. Deixar de comprar livros não implica em deixar de ler, muito pelo contrário, ao invés de aumentar consideravelmente minha lista de livros a serem lidos e me causando ansiedade por não conseguir dar conta de tudo – já que nos dá uma sensação de impotência e pendência – terei muito mais tempo e tranquilidade de colocar em dia minhas leituras.

E o que farei após le-los? Os disponibilizarei para troca no Skoob ou os doarei (exceto meus livros de referência), afinal, não dá para ser minimalista dessa maneira. Além do mais, é a leitura que nos torna cultos e sábios, e não os enfeites da estante.

E você? Já leu todos os livros que possui em casa?

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O dia em que abandonei a TV

O dia em que abandonei a TV | Vida Minimalista | vidaminimalista.com

Eu não assisto mais TV. Sim, estou falando sério. Há um bom tempo que eu aboli esse costume na minha vida, embora meus pais continuem com o hábito de jantar, assistir novela, a Fazenda, Telejornais da Globo, BBB e etc.

Mas por quê resistimos tanto quando queremos abandonar a TV? Parece ser muito difícil, mas na verdade não é. Estamos acostumados a uma sensação de informação constante, a qual temos medo de perder alguma coisa. Conseguimos perceber isso nas redes sociais, como o Facebook e o Twitter. Quantas vezes atualizamos nosso navegador pra saber o quê de novidade apareceu por lá? Se formos parar pra pensar, realizamos esse ato diversas vezes ao longo do dia, principalmente se temos um celular conectado à internet com esses recursos. E sim, eu me incluo nessa estatística, infelizmente estou sendo uma vítima também como muitos de ter um smartphone conectado 24 horas.

Mas, voltando à TV, da mesma forma que sentimos a necessidade de estarmos antenados com tudo nas redes sociais, desenvolvemos essa carência por informação. Como há uma variedade infinita de dados chegando à nossa tela, temos a impressão de que se desligarmos nosso aparelho, estaremos perdendo algo de valor. Mas, vamos pensar com calma na situação… Qual seria a pior coisa que aconteceria, caso alguém comentasse sobre algo que assistiu na noite anterior e você não viu? Será mesmo que é algo ruim? Assistimos televisão para nós, ou para os outros?

Também há o outro motivo. É mais fácil. Mais cômodo. “Pra quê vou chegar cansado do trabalho, e ler um livro? Queremos nos jogar no sofá depois de um banho e assistir qualquer programa que não nos faça pensar muito. Já está tão difícil viver, um pouco de diversão não faz mal a ninguém”. Infelizmente muitos – senão a maioria – pensam assim. Tudo bem, cada um tem suas razões, e aí eu entraria em uma discussão que poderia durar horas, sobre como o povo é facilmente alienável perante o governo, basta distribuir o mínimo necessário para que as pessoas se divirtam e não pensem muito, e sobre como o povo tem a capacidade de fazer a mudança, se lutasse por elas. Mas vou deixar esse papo “bolchevique” pra um outro momento

Somos, a cada dia, bombardeados de informações inúteis, fúteis, rasas. O que isso é importante em nossas vidas? Sim, eu estou generalizando, é claro que temos emissoras com um nível cultural mais elevado. Através da TV podemos assistir um show, uma ópera, um filme clássico, as crianças podem assistir um desenho animado educativo. Mas é isso que escolhemos quando ligamos a TV? Salvo alguns casos, a maioria prefere assistir o capítulo da novela, um filme do tipo blockbuster americano comédia-pastelão, um programa de auditório sem finalidade alguma. E é essa TV a que me refiro. Uma televisão rasa, fria, sem conteúdo, que nos aliena cada vez mais embora nos traga a sensação de estarmos totalmente atualizados com tudo. É essa TV que me causa incômodo, que me fez abolir essa prática, pelo menos no meu quarto. E não sinto falta.

Foi essa televisão que aboli da minha vida. Ainda assisto filmes no meu notebook, ou coloco um DVD de filme ou show na TV da sala quando quero mais “emoção”, mas essa foi uma decisão minha, apenas minha. Como eu sempre falo, não escrevo aqui um “manual de como viver e ser culto e inteligente e ser melhor que os outros” (até porque não sou), mas escrevo meus pensamentos,  reflexões, decisões e atitudes. O processo de se tornar minimalista é constante, não nos tornamos de um dia para o outro apenas doando todos os nossos pertences e indo morar no alto de uma montanha congelada nos Himalaias. Estamos em um caminho, e minimalismo não é apenas o que fazemos para que cheguemos lá, mas também o que recusamos entrar em nossas vidas, principalmente ao refletirmos sobre o que deixamos entrar, sem que percebamos. A TV é uma delas.

E você, já parou pra pensar no que você está deixando entrar em sua vida através da TV?

imagem: Getty

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