Lista: do que estou desapegando #2

Há um tempo escrevi aqui uma lista de tudo que eu estava desapegando no momento, e hoje, olhando pra trás e percebendo como estou hoje, refleti sobre o que aprendi a desapegar (e ainda estou trabalhando) no momento.

❤ Aprovação dos outros – juro que é difícil viver sem pensar muito no que os outros vão pensar dos nossos planos, empreendimentos e até mesmo a cor do tênis que resolvemos usar hoje, mas quando começamos a sair um pouco da caixinha, começamos a perceber que o mundo é muito maior do que nosso círculo de amizades e a vida é curta demais para nos preocuparmos com o que os outros vão pensar de nós. É ok ser diferente. É ok não agradar a todos. É ok ser você mesmo, então pra que se preocupar com o que os outros vão pensar? Deixe que julguem. Se estamos trilhando um caminho com amor, dedicação e com um propósito maior, se estamos tentando não machucar ninguém, que mal há em sermos nós mesmos?

❤ Ter o controle de tudo – sempre queremos estar no controle, tanto em relação aos outros quanto em relação a nós mesmos. Se a vida está me levando a um outro caminho, será que não é hora de parar e refletir na possibilidade desse caminho ser melhor? Se os outros não agem conforme desejamos, não é momento de desapegar dessa vontade de querer ter tudo sob nossa direção? Há um movimento no universo que nos leva a caminhos diferentes do que planejamos e uma mudança brusca pode significar novas oportunidades.

❤ Autocobrança – é verdade que quando nos comprometemos com algo, devemos procurar fazer da melhor maneira possível. Mas e quando não conseguimos fazer de forma perfeita? Feito é melhor que perfeito? Estou aprendendo, aos poucos, que perfeccionismo em excesso faz mal. Às vezes deixo de escrever um post pro blog, de responder algum comentário, de entregar algum trabalho na faculdade (sim, já fiz isso!) só porque não teria como fazer de forma perfeita naquele momento. E ao deixar pra depois, quando as condições estivessem mais favoráveis, acabei não fazendo nem perfeito, nem mal-feito.

❤ Papelada – agora falando de algo físico, estou tentando desapegar mais ainda da dependência de papeis. Tento ao máximo usar o meio digital (exceto com caderninhos de anotações) e estou tentando não acumular pilhas de textos, artigos e apostilas na minha escrivaninha. Estou optando sempre pelo formato digital e quando alguém me dá algum papel na rua, trato de deixar no lixo reciclável e não trazer pra casa. Papeis se multiplicam e quando vemos, já estamos novamente fazendo um declutter sem saber como pudemos acumular tanto.

Estes foram alguns pontos nos quais estou trabalhando o desapego. Sei que é um caminho longo, não mudamos um hábito ou forma de pensar de um dia pro outro, mas só de termos a consciência de que precisamos mudar, já nos facilita bastante a adquirir novos hábitos.

E vocês, estão desapegando de quê?

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Declutter: como estão suas gavetas?

Declutter: como estão suas gavetas? | Vida Conectada | #vidaminimalista

A pergunta que farei hoje a vocês é: como estão suas gavetas?

Como contei aqui no blog, nas últimas semanas estou em uma rotina muito corrida. Saio de manhã e volto apenas à noite pra casa, cansada e sem ânimo pra sentar na escrivaninha, ligar o computador e fazer o que precisa ser feito. Apesar de estar fazendo o que gosto e me sentindo muito bem com isso, é inevitável o cansaço físico e mental depois de, por exemplo, sair de casa 8hs da noite e voltar às 22hs sem ter uma pausa pra relaxar.

Mas não é apenas isso que está drenando minha energia. Hoje, ao abrir minhas gavetas de roupas, percebi o quanto negligenciei com sua organização e limpeza. Não que tenham roupas sujas ali, mas o aspecto bagunçado dá uma impressão ruim. E como acredito demais em energias, aproveitei este lindo sábado de sol pra fazer um declutter na papelada e arrumar meu guarda-roupas.

Comecei pelas gavetas. Escolhi o alvo, tirei tudo de dentro e coloquei sobre minha cama. Uma a uma, peguei a peça de roupa, abri, sacodi e a dobrei novamente, formando pilhas de blusas de acordo com sua estrutura (sem manga, com manga, de frio) e gentilmente passava minhas mãos sobre elas para eliminar quaisquer vestígios de amassados, ao mesmo tempo em que as energizava. Fiz isso até ter todas as gavetas arrumadas, enquanto deixava de lado aquelas roupas que não estou usando há um bom tempo e que não pretendo usar mais.

Quando tiramos tudo das gavetas e voltamos apenas as peças que realmente amamos, fica mais fácil desapegar de algumas peças, diferentemente se olhamos uma pilha com a finalidade de tirar dali roupas a serem doadas.

E quanto a vocês? Como andam suas gavetas? Muito bagunçadas? É importante lembrar que um armário desorganizado reflete também como estamos por dentro. Se nossos pensamentos e sentimentos andam desequilibrados, logo a bagunça surge. Vamos nos reequilibrar fazendo aquela arrumação? O melhor de tudo é a sensação de leveza depois. Parece que tudo volta ao equilíbrio.

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O minimalismo e a quantidade de itens

Quando conheci o conceito do minimalismo, não havia muitas pessoas escrevendo sobre isso, nem em blogs nem em livros. Blogs como Zen Habits, Be More With Less, Unclutterer entre outros eram algumas de minhas fontes de inspiração sobre o assunto, e quanto mais eu os lia, mais olhava ao meu redor e me sentia sufocada com tantos pertences que havia acumulado há anos.

No meu armário, além de muitas roupas, também se encontravam jogos da minha adolescência, pastas de recordações, caixas de brinquedos – um dia meus filhos vão brincar com isso – e objetos que eu sequer sabia que estavam ali. Era tudo em grande quantidade, que se alguém me perguntasse o que eu tinha guardado, eu não saberia responder de forma objetiva.

Na minha escrivaninha – que mal fechava a gaveta – papeis pulavam por toda parte. Cadernos antigos, anotações, xerox de aulas que eu não tinha mais e muitas, mas muitas canetas de todos os tipos.

Se percorrêssemos os olhos pela estante da sala, mal conseguiríamos encontrar um CD ou DVD específico tamanha era a bagunça, provocada também, claro, pelo excesso de itens.

Meu ponto de partida foi quando, depois de consumir bastante informação sobre minimalismo em blogs estrangeiros, ler alguns livros sobre budismo – que por sinal, recomendo a todos que querem aprender sobre o desapego – e participar de algumas listas de email sobre organização e GTD, houve a tragédia das enchentes na Região Serrana aqui no Rio de Janeiro.

Sei que já contei esta história diversas vezes, mas é sempre bom relembrar. Por mais que leiamos sobre algo, nos interessemos por determinado assunto, às vezes precisamos de algo que nos dê um empurrão, e infelizmente foi uma tragédia como esta que me fez repensar se havia mesmo a necessidade de manter guardado tudo o que eu tinha acumulado por anos. Foi então que comecei, sem dó nem apego, a esvaziar meu guarda-roupas.

Depois do primeiro declutter, não consegui mais parar. Eu queria reduzir ao mínimo meus pertences, em busca de uma nova vida mesmo, como um recomeço. A sensação de ter o controle sobre minha vida me motivou a me desfazer de tudo o que não fazia mais sentido manter. Roupas, livros, artigos de papelaria, brinquedos, CDs e DVDs… quanto menos sobrasse melhor, e números, nesta época, significavam muito pra mim.

Qual seria o número ideal de peças de roupas? E de livros? Quantos pares de meia eu deveria ter?

Busquei respostas em blogs e me animava ao encontrar projetos minimalistas de pessoas que viviam com 100 objetos. Mas pra minha tristeza, após contar minhas roupas, eu via claramente que nunca conseguiria me encaixar neste modelo de vida. Isso significava que eu precisaria me esforçar mais para ser digna de ganhar o rótulo minimalista, como um prêmio em plaquinha a ser colocada na parede do meu quarto.

Algo estava errado. Eu  jamais conseguiria ter um número x de objetos. Mas eu queria ser minimalista. Queria desfrutar dos benefícios que uma vida menos acumuladora me proporcionaria. E foi ao longo dos meses, dos anos, que aprendi algumas coisas em relação ao minimalismo:

1. Minimalismo não é um rótulo

Eu não preciso sair por aí com uma faixa na testa dizendo que sou minimalista. Nem tampouco preciso seguir padrões pré-estabelecidos para fazer parte de um grupinho. Isso não é um clube, é nossa vida individual.

2. Não viver em caixinhas

Se eu sou minimalista, LOGO, devo agir de tal e tal forma, pensar de tal e tal maneira etc. Não, eu não preciso. Claro que uma reflexão leva a outra, uma atitude pode estar relacionada a outra, mas não precisamos adotar um bloco de estereótipos para nos considerarmos fazendo parte de algo.

Um exemplo? Pessoas minimalistas vivem em casas quase sem móveis, num ambiente com cores claras, móveis modernos, têm sobre a mesa apenas um computador, uma caneta e blá blá blá. Não! Esqueçam isso. Vocês podem pensar o minimalismo e manter suas almofadas coloridas indianas sobre o sofá retrô e manter sua parede da sala pintada de azul turquesa. Acredite!

3. Não precisamos competir

Tenho percebido que alguns minimalistas parecem competir em relação a quantidade de roupas, itens, livros etc., mas a transformação pessoal deve vir de dentro, não por um motivo externo. Ninguém precisa se comparar a ninguém, o processo de autoconhecimento e desapego deve ser pessoal e por motivações internas e não ligadas ao ego.

4. Quantidade não é importante

Qualidade sim. Qualidade de vida, qualidade do que decidimos manter em nossas vidas. Qualidade das amizades, dos livros, enfim, números pouco importam. O que importa mesmo é se você vai sentar-se em sua casa, respirar fundo, olhar ao redor e se sentir feliz, pleno e grato por estar em um ambiente agradável com coisas que te fazem bem, e não em um ambiente cheio de tralhas acumuladas que só servem para ocupar espaço e não significam nada.

5. Não precisamos nos desfazer do que amamos

Se você ama livros, mas quer adotar o minimalismo como princípio de vida, qual o problema em manter sua biblioteca pessoal? Nenhum problema. Esteja cercado daquilo que você ama. Se sua paixão é aquela coleção de carrinhos sobre a prateleira, não há problema algum em mantê-la. A questão em foco é desapegar daquilo que não faz mais sentido em suas vidas. Sabe aquelas roupas que não cabem mais? Aqueles sapatos que te apertam e você não usa? Aqueles livros infantis que você tem guardado numa caixa sobre o guarda-roupa há anos? Desapegue. Mas nunca se sinta culpado em manter o que você realmente gosta.

Escrevi este post pra tentar explicar a quem está conhecendo o conceito minimalista agora, numa tentativa de mostrar que você não precisa sair de um extremo diretamente ao outro. Você não precisa viver com pouco, mas com o suficiente. Você não precisa abandonar o que ama para se enquadrar em uma caixinha rotulada. Abandone apenas o que não precisa estar com você. Objetos, sentimentos, tudo o que não fará falta ou está te prejudicando. O resultado será mais espaço para coisas boas entrarem em sua vida. Sim, coisas boas, e jamais um sentimento de tristeza ao forçar algo que você não é.

Esvazie suas gavetas, limpe seu ambiente. Sente-se com os olhos fechados e respire fundo. Ainda não se sente feliz no seu lar? Recomece o processo. Só você saberá o ponto de equilíbrio, o caminho do meio. Tente ouvir aquela voz que vem de dentro. Não busque externamente, em caixinhas e rótulos, mas procure dentro de você sua própria essência.