Categorias: Tecnologia

A importância de sermos prevenidos

A importância de sermos prevenidos | Vida Minimalista

Na última sexta-feira tive uma ideia para o Vida Minimalista e para isso, eu terei que pegar cada artigo do blog para salvar no Word. Como eu teria o sábado livre, fiz todo o planejamento dessa organização para hoje, mas para minha surpresa, ao acessar meu blog, ele estava fora do ar.

Enviei uma mensagem ao serviço de hospedagem – que acho muito bom, por sinal – e recebi a resposta de que seria uma migração de servidores para melhorar a qualidade do serviço. Resumindo a história, eu ficaria em média 24 horas com o site fora do ar e de nada podia reclamar, pois o anúncio estava no site deles há vários dias, eu que não li, pois raramente acesso.

Meus planos foram por água abaixo. Como eu precisaria acessar meu site para copiar os artigos escritos em algumas postagens, fiquei sem ter como passa-lo para o Word, atrasando todo o meu planejamento e foi quando eu pensei na possibilidade de perder tudo. Eu tenho feito backups regularmente dos meus sites, mas mesmo que precisasse acessar cada artigo, não seria possível, já que as informações são compactadas em um único arquivo. Foi então que percebi que eu precisava escrever e guardar cada texto meu em um local seguro.

Há artigos aqui no blog que acabam ficando para trás, embora a maior parte deles seja atemporal, ou seja, não perdem a validade com o tempo e continuam sendo úteis (na linguagem jornalística chamamos de matérias frias). No entanto, sempre há como melhorar e acrescentar informações no que escrevi antes.

Foi pensando nisso que planejei fazer diferente: redigir todos os meus artigos no Word (ou outro processador de texto) e salvá-los no meu Dropbox, assim posso acessá-los sempre que desejar e, com uma releitura, alterar algumas informações e adicionar outras, ou seja, fazer uma reciclagem. Assim, nenhum artigo ficará “velho” e obsoleto, pois poderei sempre atualizar o que escrevi no passado, mantendo o Vida Minimalista não como um blog corrido de assuntos que se perdem com o tempo, mas de um local no qual é possível encontrar informações sempre atuais.

Portanto, comecei desde agora, neste artigo, a fazer diferente. Mesmo que o servidor fique fora do ar, mesmo que a conexão da internet caia, eu sempre terei em minhas mãos tudo o que escrevi aqui no blog. É mais que uma questão de segurança, é bom guardarmos o que escrevemos pois não sabemos quando iremos precisar.

Embora meu dia tenha saído completamente diferente do que havia planejado, foi bom ter acontecido isso para que eu pudesse refletir. Da frustração de não poder fazer absolutamente nada do que eu havia planejado para o dia, veio uma solução, e agora que o servidor voltou, estou aqui, mais animada que antes para tocar uns planos adiante. Gostaria de agradecer aos leitores que me incentivaram pelo Twitter, e aqueles que acompanham o blog pela página do Facebook. Essa semana alcançamos 400 pessoas e eu fiquei muito feliz, pois nunca pensei que um simples blog pra ajudar a divulgar pontos de doação para os desabrigados da enchente de 2011 seria tão útil para todos vocês.

Só tenho que deixar um muito obrigada pelo carinho de todos.

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Categorias: Escrevendo

Ou ele ou eu

Jörn Kaspuhl
Estávamos dividindo o mesmo elevador. Ele lá e eu cá. Alguns o observavam segurando o riso, outros fingiram não o ver, para que não houvesse a menor possibilidade de um assunto sem nexo ser puxado. Era uma figura excêntrica, intrigante e vestia-se de forma inadequada para o ambiente. Louco. E são esses loucos quem mais me chamam atenção.



Eu ainda acredito na humanidade, apesar de achar que há seres que habitam o nosso planeta que deveriam estar em outro, anos-luz longe daqui, de preferência em um local inóspito com o direito apenas de obter oxigênio. Ou não. Mas temos os loucos. E são esses que me causam um certo estranhamento e ao mesmo tempo curiosidade. Em um bom português, fascínio. Quem são eles, afinal? Serão os loucos tão desprezíveis assim ou seriam eles algo muito além do que podemos compreender?
Penso se um dia, fora da matrix, descubramos que os loucos são os normais e os normais são os diferentes, que tragédia que não seria percebermos que nosso modo robô-correto-na-sociedade seja um indício de insanidade. Sim, insanos, pois vivemos com medo de não encaixarmos em um padrão estruturado pré-determinado. Não seria o padrão algo fora do padrão? E se fizéssemos o que gostaríamos de fazer? E se obtêssemos a liberdade, nem que fosse por um dia?
O elevador abriu suas portas e um olhar simpático do louco adentrou minha alma, como se respondesse a mim tudo o que eu havia pensado nesse curto espaço de tempo. Querida jovem, você não pediu pra nascer e ainda lhe fazem exigências?

A porta fechou-se e nunca mais o vi.
Categorias: Livros

Face-to-face: A Dona que eu Amo

Lady Owen, de Alan Lee


A Dona que eu Amo

A dona que eu am’e tenho por senhor
amostráde-mi-a 
Deus, se vos en prazer for,
se non, dáde-mi a morte.
A que tenh’eu por lume destes olhos meus
e por que choran sempr’, 
amostráde-mi-a, Deus,
se non, dáde-mi a morte.
Essa que vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, ai Deus!,
 fazéde-mi-a veer,
se non, dáde-mi a morte.
Ai Deus, que mi-a fezestes mais ca min amar, 
mostráde-mi-a u possa con ela falar,
se non, dáde-mi a morte.
[Bernal de Bonaval]
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A Literatura galega começou com o trovadorismo e suas poesias eram divididas em cantigas de amor, de amigo, de escárnio e mal-dizer. Bernal de Bonaval, do século XIII foi um dos primeiros a utilizar a escrita galego-português como língua literária. A cantiga fala de um homem apaixonado e que, caso não tenha o feedback dessa mulher, preferirá a morte. Algumas palavras galegas podem não ser compreendidas por nós [brasileiros] como lume = fogo, luz; falar = namorar e U = onde, em que lugar. Dizem que uma boa arte ultrapassa o limite do tempo e é o que acontece com essas obras.
Fico tentando imaginar como seriam esses trovadores na época atual. Quem hoje chora pelo outro, prefere a morte ao desprezo da pessoa amada e põe a culpa em Deus por ter se apaixonado? É muito mais importante esconder os sentimentos, seguir normas de como conquistar alguém – o famoso “vou fingir que não estou afim” – e nunca deixar transparecer o que um realmente sente pelo outro. Usar o escudo é muito mais fácil, assim como nunca ser o primeiro a ceder. Dizer “eu te amo”? Só depois de um bom tempo de namoro, e a partir daí, substituir o “bom dia” por essa frase. Como estamos superficiais! Ora, se o amor é o mais belo sentimento, que mal há em demonstrá-lo?
É verdade que o mundo pós-modernizou-se, tudo girando rápido demais, no entanto, mujeres y hombres, pisemos um pouco no freio e reparemos mais o que está ao nosso redor. Vamos pensar mais em nossas relações interpessoais e valorizar o elo face-to-face sem ser face-to-book. Vamos parar um pouco de curtir pessoas e passemos a curtir sentimentos, afinal, suspirar um pouco pensando em alguém de vez em quando faz bem. Bauman aprova.