Categorias: Minimalismo Digital

Um retorno ao Minimalismo Digital?

Um retorno ao minimalismo digita - Vida Minimalista - Camile Carvalho

Pois é, a última vez que eu vim aqui dizer que havia voltado ao blog foi em maio. Estamos em Setembro de 2024 e desde então eu ensaio um texto, me repreendo tanto por não ter mantido a frequência mas também por pensar em textos sem sentido. Mas hoje eu resolvi aparecer. Na verdade, eu apenas abri o editor de texto que uso desde o início de tudo, o FocusWriter e coloquei pra tocar um CD que me coloca no modo blogueira.

Eu não sei se vocês também são assim, mas eu preciso entrar no Mood. Aliás, esse é um dos temas que ando estudando no Doutorado, como criamos, por meio da música e de diferentes sons, um ambiente capaz de preencher tudo o que nos cerca nos fazendo vivenciar sensações, emoções e evocar sentimentos específicos. Mas já vou adiantando que esse texto não tem um foco, apenas um fluir das teclas dentro do Mood-blogueira que desde, sei lá, 2010 me acompanha.

A papelada na minha vida

Desde o ano passado eu decidi voltar ao papel. Tenho usado planners, agendas, diários, me aventurei no universo do Bullet Journal, mas algo ainda me incomoda. Eu não sei vocês, mas a impressão que me dá é a de que o papel me deixa num estado constante de ansiedade, como um devir, um algo que está pra acontecer mas que não acontece. É como se eu ainda não tivesse escolhido o caderno perfeito, ou o fichário adequado. Como se meu planner não tivesse tudo que eu preciso e que tem coisas demais que eu não uso. Nada está perfeito, ainda, e a impressão é a de que em um determinado momento, encontrarei a serenidade do papel e assim seguirei adiante, sem fazer mais nenhuma alteração. Mas eu sei que isso tudo é uma ilusão.

Quando eu estava no momento Paperless da minha vida, e inclusive escrevi sobre isso aqui, quando este blog ainda era o Vida Minimalista, eu senti que estava caminhando em direção a uma paz mental imensa. Escaneei muitos documentos com a função digitalizadora do Evernote, rasguei papeladas e papeladas.. doei fichários, joguei fora cadernos. Minha escrivaninha, que estava sempre amontoada de papeis, começou a encontrar espaço livre, que eu desejava nunca mais ocupar com outras papeladas como estava antes. Quanto mais eu mandava papeis pra reciclagem, mais eu sentia serenidade, como se eu, enfim, conseguisse voltar a respirar novamente.

Todo esse processo também refletiu no digital. Enquanto eu digitalizava a minha vida, também comecei a me perguntar se tudo que eu estava acumulando nos meus HDs externos realmente eram úteis. Músicas em MP3, Vídeos, Filmes, Documentos, anotações… e então comecei a limpar também meu computador deletando arquivos e programas instalados. Naquela época o espaço de armazenamento não era tão fácil como hoje e ter apenas o que realmente era importante fazia com que tivéssemos que escolher entre guardar vídeos ou outros arquivos importantes. Depois de fazer toda a faxina também no computador, eu conseguia desfrutar do vazio, da tela branca e do espaço que aquilo me trouxe. Enfim, a paz mental.

Essa sensação de serenidade e organização refletiu nos meus estudos. Lembro-me que era uma época em que eu consegui me dedicar muito mais aos estudos e consegui um desempenho nunca tido antes. Eu não tinha distrações. Usava, no início, o OneNote pra anotações de aulas, FoxitPDF para ler e anotar os textos e não usava absolutamente nada no papel. Lembro-me de ir pra Universidade apenas carregando o meu celular, carteira e meu NetBook (quem se lembra desse pequeno?). Quando visualizo aquela época, consigo lembrar da sensação dos estudos, do espaço mental, da serenidade e dos meus pensamentos focados apenas no que interessava no momento.

Minha escrivaninha não tinha nada além do meu computador, meu mouse, um pequeno estojo e um caderninho pequeno, o qual servia de caixa de entrada. Todas as minhas memórias, estudos, aulas e planejamento estavam guardados em bits de forma organizada.

Então eu saio desse devaneio do passado e volto à minha realidade hoje e vejo o quão afogada estou em meio a canetas, caderninhos, fichários, planners, marca-textos, livros e mais livros… eu sequer tenho espaço para respirar enquanto escrevo este texto, embora a tela do FocusWriter me conceda uma visão de paz. É verdade que ter voltado a escrever no papel me trouxe muitos benefícios, ainda mais em relação ao foco no que eu estou fazendo no momento, mas será mesmo que foi por conta da mudança pro papel? Pois eu tinha esse mesmo foco antigamente, com tudo no digital…

Então eu me dou conta de que não é exatamente isso, papel versus digital, mas sim as redes sociais.

As Redes Sociais

Eu talvez tivesse Instagram naquela época, mas o uso era totalmente diferente. Whatsapp? Talvez também. Twitter, email, e tantas redes sociais com feeds que nos fazem querer entrar pra ver se algo aconteceu… não, não tinha isso. Quando eu publicava um post no Vida Minimalista, divulgava em algumas redes sociais, mas era tudo mais lento. Os comentários do blog chegavam por email e eu não me lembro de abri-los no celular, mas sim, no computador. Acompanhava as atualizações dos blogs amigos por meio do Feedly, que tenho até hoje, mas fazia questão de me sentar diante do computador e reservar aquele momento apenas pra ler com calma e escrever comentários. Não tinha pressa.

Hoje, quando olho pro ícone do Instagram instalado no meu celular, quase não tenho mais vontade de clicar. Perdi a conexão em produzir conteúdo. Em filmar trechos da minha vida, em falar. Queria publicar algumas fotos legais da natureza, do meu cachorro, de um passeio… mas com qual finalidade? Em um avalanche de produtores de conteúdo que ganham dinheiro com seus cursos, lives, fórmulas de lançamentos (e isso não é errado!), eu só queria um pouco de paz, de silêncio, de calma. Queria ver mais pessoas compartilhando suas vidas, sem me empurrar um serviço. Me inspirar com alguém que não me ofereça cupom no café que acabou de mostrar. Também mostrar um pouquinho mais da minha rotina sem sentir que estou inadequada ali, que é um ambiente o qual eu não pertenço mais. Sei lá, talvez eu simplesmente não pertença. Ou talvez eu deva adotar novamente o minimalismo digital e filtrar ainda mais minha presença nas redes e, principalmente, o que eu consumo.

Algumas perguntas que estou fazendo a mim mesma (e que podem te inspirar):

  • Eu preciso mesmo ter todos esses apps instalados no meu celular?
  • Quais programas de notas estou usando? Será que não devo escolher apenas um e concentrar tudo nele, em vez de ficar sempre em busca do perfeito, espalhando minhas informações por aí?
  • Quanto aos apps que uso pra fazer a gestão da minha vida, tenho como fazer backup das minhas informações e migrar pra outro facilmente se um dia sair do ar?
  • Qual o meu mínimo viável pra que eu consiga manter uma rotina de estudos, leituras e anotações no computador/celular?
  • De quantos cadernos e fichários eu realmente preciso? Posso guardar os outros em uma caixa pra usar depois, quando estes que escolhi acabarem?
  • Eu preciso MESMO voltar ao papel e evitar o uso do digital?
  • O que eu posso manter no papel e o que eu posso manter no digital?
  • Eu preciso compartilhar a minha vida no Instagram?
  • Eu me sinto confortável com todos que me seguem no Instagram ou há algumas pessoas que sempre me acompanham e que eu me sinto mal?
  • Eu me sinto inspirada ou ansiosa quando consumo conteúdo de quem eu sigo? – pensar um por um.
  • Quais serviços na internet estou pagando assinatura? (fazer uma lista). – quais posso cancelar?

Bem, estas são algumas perguntas sobre as quais vou refletir neste momento e achei que seria útil compartilhar com vocês também. O que vocês acham disso tudo? Sei que escrevi sobre diferentes temas por aqui, mas acho que todos convergem para uma única direção: simplificar a vida analógica e a digital. Deixe aqui nos comentários seus pensamentos sobre o assunto. Ficarei feliz em lê-los.

Categorias: Método GTD, Reflexões

Esse texto não é apenas sobre o Método GTD

Não é sobre GTD | Camile Carvalho | camilecarvalho.com | #camilecarvalho Vida Minimalista
foto: pixabay

Quem sou? O que vim fazer neste mundo? Que rastro quero deixar com a minha passagem por aqui?

Sim, são perguntas dificílimas de serem respondidas. Mas ontem eu despejei, em forma de textão, tudo que veio à minha mente sobre isso.

Eu uso o Método GTD há anos. Desde quando o David Allen lançou o seu primeiro livro. Eu participava do Grupo sobre Produtividade no Yahoo, ainda usava o Blogspot e escrevia no Vida Minimalista. Lembro-me da minha primeira coleta mental, escrever páginas e páginas num caderno. Da primeira coleta física, deixando o meu quarto com uma cena caótica de tanta tralha a ser analisada, pra tomar uma decisão. Lembro até da música que eu deixava tocando ao fundo, quando começava esse processo todo.

David nos ensina a começar pelos horizontes mais baixos, pelo que eu tenho que fazer ainda hoje, pelo urgente, pra depois ir pensando em coisas mais altas. Ele chama de Horizontes: o Térreo, são aquelas tarefas diárias, as próximas ações que tenho que fazer para não sair dos trilhos (ou para voltar). O Horizonte 1 são os projetos que estão em andamento. E assim vamos subindo de horizonte até chegar àquela pergunta: quem sou? Qual a minha missão no mundo? Por que estou aqui?

Subindo os horizontes

Lembro-me de sempre travar na subida dos horizontes. Tudo começava a ficar mais filosófico — não que eu não seja essa pessoa — mas eu tenho muito mais facilidade de pensar sobre o Todo do que sobre mim mesma. Mas ontem parece que fluiu.

Algo aconteceu comigo. Parece que tomei um choque de realidade, acordei inspirada com uns sonhos espirituais que tive (daqueles que não sabemos se realmente estávamos dormindo) e à noite, depois de passar o dia inteiro com tudo o que vivenciei no sonho em mente, senti que precisava colocar em um sistema confiável aquele despejo mental.

Me inspirei pra voltar pro GTD. Aliás, eu estou em um fluxo de organizar todo o meu sistema de tarefas, de notas, minha gestão de conhecimento, então acessei minhas anotações sobre o GTD, abri uma nova nota e só escrevi. Foi uma catarse.

Não é sobre tarefas

Percebi, então, que meu desejo de voltar pro GTD não era, exatamente, pra lidar com os horizontes mais baixos, aquele térreo das tarefas cotidianas. Eu estava em contato com algo maior, com um senso de pertencimento, humanidade, a nível planetário, cósmico. A cada nota que eu criava sobre meus princípios e valores, eu simplesmente despejava textões sobre tudo isso. Sobre quem sou. Sobre o que eu acredito. E então percebi que colocar tudo ali, naquele “papel” digital foi importantíssimo pra compreender que eu sou aquela mesma pessoa de sempre, que talvez tenha se perdido de sua própria essência durante a pandemia. E eu acho que não sou a única.

Tem momentos em que nos olhamos no espelho e não nos reconhecemos mais. Não reconhecemos sequer aquele olhar, aquele rosto, aqueles pensamentos. Mas a “volta pra casa” é incrível. Já faz um tempo em que eu havia voltado pra minha casa, pra mim mesma, mas escrever foi como um marco de que sim, eis quem eu sou, o que penso, no que eu acredito.

Acho que esse post não é muito sobre GTD. Como vocês sabem, eu escrevo sempre de forma espontânea. Eu pensei em dar uma dica sobre o Método de David Allen mas minha escrita tomou um outro rumo. Ainda bem que este é um blog pessoal e eu posso simplesmente seguir os caminhos dos meus pensamentos livremente.

Às vezes não é sobre um método. Às vezes é sobre algo muito maior que nós, e simplesmente usamos uma ferramenta para nos auxiliar a entendermos a nós mesmos.

Você conhece o GTD?

Categorias: Redes Sociais

Minha visão atual sobre as redes sociais

Instagram, TwitterX, Threads, Youtube, Whatsapp e Telegram. Esses são os ícones que eu mais clico ultimamente e que me causam diferentes sensações que talvez eu só consiga explicar escrevendo por aqui (e que por sorte vocês conseguirão ler). Eu estou cheia, sobrecarregada, muitas vezes fisicamente, outras mentalmente, e as redes sociais têm uma parcela enorme de culpa nisso tudo.

Instagram

Eu gosto do que vejo. Sinceramente, rolar o feed ajustado pelos robozinhos tem sido uma experiência boa. Eu andei curtindo alguns conteúdos que gosto de assistir e tem me aparecido algumas fotos de decoração de casa (no estilo dos silent vlogs coreanos), pessoas escrevendo em seus diários, jovens estudando e compartilhando dicas de organização de estudos e temas budistas. Mas há um outro lado que me agonia: as propagandas que pulam na minha tela de pessoas tentando me vender algo.

Sinceramente, meus amigos, eu não aguento mais ver produtores de conteúdo vendendo algo usando aquela mesma fórmula de lançamento de sempre. As lives gratuitas, os preços tabelados, o discurso de “você fez tal coisa errada a vida inteira e eu vou te ensinar o certo”. Método disso, daquilo, que sempre, sempre irão resolver problemas que eu sequer sabia que tinha — a regra do jogo é me fazer acreditar que eu tenho determinado problema para que eles me ofereçam a solução.

Se tornou chato, cansativo. Pessoas arrumadas de determinada forma relacionada a um arquétipo. Cabelo, roupa, maquiagem. Tudo pra venda, venda e venda. A impressão é a de que todos querem ser professores de algo na internet e às vezes eu só quero ver uma foto de uma casa aconchegante com vela cheirosa acesa e um livro aberto numa tarde chuvosa. É sério.

Twitter

O antro do caos. Tem de tudo ali: pessoas brigando, empresas vendendo, lançamentos, fios gigantescos, gurus ensinando o que aprenderam em 10 anos de experiência, caos, caos e caos. É tudo muito barulhento e eu só queria um lugar de paz. E acho que encontrei, pelo menos por enquanto.

Threads

O tal lugar de paz por enquanto está aqui. Sabe aquela imagem idílica da natureza com pessoas lindas e sorridentes, quase num mundo encantado dos Teletubbies? Pois então, vejo o Threads desse jeito. Pessoas fazendo amizades, uns perguntando sobre coisas simples da vida, uma interação saudável. Mas não se enganem, é um cantinho planejado pelo tio Zuck e vejo esse ambiente como uma isca. Depois que todos estivermos acostumados com o mundo encantado, ele certamente vai puxar o anzol e seremos todos fisgados. Aguardem.

Facebook

Ainda existe? {pula}

Youtube

Meu paraíso. Me rendi e assinei o Youtube Premium por ser a plataforma que mais uso atualmente. Assisto o que eu quiser, quando quiser, monto minhas playlists de vídeos por assunto (depois posso mostrar aqui como faço) e estou sempre sendo atualizada dos canais que gosto e sigo. Os canais que mais gosto de acompanhar são os de silent vlogs coreanos {hami mommy}, {honeyjubu}, {planD}, {Nami}; de minimalismo {A to Zen Life}, {Christina Mychas}, {Benita Larsson} entre outros que depois posso indicar. Me digam se têm interesse!

Sinto paz ao consumir tais conteúdos. Gosto de assistir aos vídeos com calma, com meu caderno sobre a mesa enquanto anoto as principais ideias e inspirações que vão surgindo enquanto os assisto. Se eu tivesse que escolher apenas uma rede social, certamente seria o YouTube.

Whatsapp e Telegram eu nem vou comentar muito por serem ferramentas de comunicação. Preciso ter o Whatsapp por conta da família, grupos do doutorado e informações imediatas. Já o Telegram, tenho um carinho imenso por ele por conta dos grupos que participo (apenas dois). Um de amigas queridas (que é um grupo privado) e o outro, o grupo do Evernote (que virou um grupo sobre debates de ferramentas de organização e produtividade em geral).

Mas na verdade, o que está mais me incomodando é o Instagram. Eu não sei explicar bem, mas parece que não encontro meu espaço lá, é como se eu gritasse e não fosse escutada. Mas a pergunta é: o que eu quero lá? Sinto-me como se fizesse um esforço imenso para não ter retorno. Eu, sinceramente, já não sei mais o que postar lá. Não posso escrever meus textões, então tenho que reduzí-los. Se posto uma foto, ninguém a vê. Se apareço nos stories, não sei exatamente o que fazer. Que agonia!

A minha vontade é de transformar meu feed em uma galeria de momentos que eu gosto, apenas isso. Como antigamente, a foto de uma flor, da natureza, de um livro, do meu tênis, sei lá! Fotos do que fazem sentido pra mim e que não dizem nada a mais ninguém. Mas, se for pra isso, por que não usar outra ferramenta, como um álbum de fotos digitais mesmo?

Meus pensamentos estão extremamente confusos quanto ao Instagram. Tem horas em que penso em sair e há momentos em que penso em dar uma chance. Mas a sensação é que todos buscam seu lugar ao sol ali, e que tudo virou um grande mercado popular de rua indiano: gritaria por todos os lados e não conseguimos prestar atenção em nada. No meu caso, o único conteúdo que consigo prestar atenção são aqueles desacelerados, calmos, lentos… quando vejo algo assim, consigo até respirar. Um sorriso surge no meu rosto. Talvez seja isso que eu deva fazer: publicar exatamente o que eu gosto de consumir.

Bem, foi apenas uma reflexão de domingo à noite. Aquela sensação de novamente querer repensar tudo, simplificar a vida mas sem ter, ainda, uma solução clara na mente. A única certeza que eu tenho é que há barulho demais por onde ando e que eu preciso criar a minha bolha do silêncio novamente. E lá vou eu reduzir, minimalizar. Eis que recomeço a jornada da minha vida minimalista novamente, começando pelas redes sociais. E dito isso, reafirmo que o lugar mais aconchegante dessa internet segue sendo aqui, o meu blog. ♥

E vocês, como estão enxergando as diferentes redes sociais? Saíram de algumas? Aderiram a alguma outra? Me contem!