Categorias: Método GTD, Reflexões

Esse texto não é apenas sobre o Método GTD

Não é sobre GTD | Camile Carvalho | camilecarvalho.com | #camilecarvalho Vida Minimalista
foto: pixabay

Quem sou? O que vim fazer neste mundo? Que rastro quero deixar com a minha passagem por aqui?

Sim, são perguntas dificílimas de serem respondidas. Mas ontem eu despejei, em forma de textão, tudo que veio à minha mente sobre isso.

Eu uso o Método GTD há anos. Desde quando o David Allen lançou o seu primeiro livro. Eu participava do Grupo sobre Produtividade no Yahoo, ainda usava o Blogspot e escrevia no Vida Minimalista. Lembro-me da minha primeira coleta mental, escrever páginas e páginas num caderno. Da primeira coleta física, deixando o meu quarto com uma cena caótica de tanta tralha a ser analisada, pra tomar uma decisão. Lembro até da música que eu deixava tocando ao fundo, quando começava esse processo todo.

David nos ensina a começar pelos horizontes mais baixos, pelo que eu tenho que fazer ainda hoje, pelo urgente, pra depois ir pensando em coisas mais altas. Ele chama de Horizontes: o Térreo, são aquelas tarefas diárias, as próximas ações que tenho que fazer para não sair dos trilhos (ou para voltar). O Horizonte 1 são os projetos que estão em andamento. E assim vamos subindo de horizonte até chegar àquela pergunta: quem sou? Qual a minha missão no mundo? Por que estou aqui?

Subindo os horizontes

Lembro-me de sempre travar na subida dos horizontes. Tudo começava a ficar mais filosófico — não que eu não seja essa pessoa — mas eu tenho muito mais facilidade de pensar sobre o Todo do que sobre mim mesma. Mas ontem parece que fluiu.

Algo aconteceu comigo. Parece que tomei um choque de realidade, acordei inspirada com uns sonhos espirituais que tive (daqueles que não sabemos se realmente estávamos dormindo) e à noite, depois de passar o dia inteiro com tudo o que vivenciei no sonho em mente, senti que precisava colocar em um sistema confiável aquele despejo mental.

Me inspirei pra voltar pro GTD. Aliás, eu estou em um fluxo de organizar todo o meu sistema de tarefas, de notas, minha gestão de conhecimento, então acessei minhas anotações sobre o GTD, abri uma nova nota e só escrevi. Foi uma catarse.

Não é sobre tarefas

Percebi, então, que meu desejo de voltar pro GTD não era, exatamente, pra lidar com os horizontes mais baixos, aquele térreo das tarefas cotidianas. Eu estava em contato com algo maior, com um senso de pertencimento, humanidade, a nível planetário, cósmico. A cada nota que eu criava sobre meus princípios e valores, eu simplesmente despejava textões sobre tudo isso. Sobre quem sou. Sobre o que eu acredito. E então percebi que colocar tudo ali, naquele “papel” digital foi importantíssimo pra compreender que eu sou aquela mesma pessoa de sempre, que talvez tenha se perdido de sua própria essência durante a pandemia. E eu acho que não sou a única.

Tem momentos em que nos olhamos no espelho e não nos reconhecemos mais. Não reconhecemos sequer aquele olhar, aquele rosto, aqueles pensamentos. Mas a “volta pra casa” é incrível. Já faz um tempo em que eu havia voltado pra minha casa, pra mim mesma, mas escrever foi como um marco de que sim, eis quem eu sou, o que penso, no que eu acredito.

Acho que esse post não é muito sobre GTD. Como vocês sabem, eu escrevo sempre de forma espontânea. Eu pensei em dar uma dica sobre o Método de David Allen mas minha escrita tomou um outro rumo. Ainda bem que este é um blog pessoal e eu posso simplesmente seguir os caminhos dos meus pensamentos livremente.

Às vezes não é sobre um método. Às vezes é sobre algo muito maior que nós, e simplesmente usamos uma ferramenta para nos auxiliar a entendermos a nós mesmos.

Você conhece o GTD?

Categorias: Redes Sociais

Minha visão atual sobre as redes sociais

Instagram, TwitterX, Threads, Youtube, Whatsapp e Telegram. Esses são os ícones que eu mais clico ultimamente e que me causam diferentes sensações que talvez eu só consiga explicar escrevendo por aqui (e que por sorte vocês conseguirão ler). Eu estou cheia, sobrecarregada, muitas vezes fisicamente, outras mentalmente, e as redes sociais têm uma parcela enorme de culpa nisso tudo.

Instagram

Eu gosto do que vejo. Sinceramente, rolar o feed ajustado pelos robozinhos tem sido uma experiência boa. Eu andei curtindo alguns conteúdos que gosto de assistir e tem me aparecido algumas fotos de decoração de casa (no estilo dos silent vlogs coreanos), pessoas escrevendo em seus diários, jovens estudando e compartilhando dicas de organização de estudos e temas budistas. Mas há um outro lado que me agonia: as propagandas que pulam na minha tela de pessoas tentando me vender algo.

Sinceramente, meus amigos, eu não aguento mais ver produtores de conteúdo vendendo algo usando aquela mesma fórmula de lançamento de sempre. As lives gratuitas, os preços tabelados, o discurso de “você fez tal coisa errada a vida inteira e eu vou te ensinar o certo”. Método disso, daquilo, que sempre, sempre irão resolver problemas que eu sequer sabia que tinha — a regra do jogo é me fazer acreditar que eu tenho determinado problema para que eles me ofereçam a solução.

Se tornou chato, cansativo. Pessoas arrumadas de determinada forma relacionada a um arquétipo. Cabelo, roupa, maquiagem. Tudo pra venda, venda e venda. A impressão é a de que todos querem ser professores de algo na internet e às vezes eu só quero ver uma foto de uma casa aconchegante com vela cheirosa acesa e um livro aberto numa tarde chuvosa. É sério.

Twitter

O antro do caos. Tem de tudo ali: pessoas brigando, empresas vendendo, lançamentos, fios gigantescos, gurus ensinando o que aprenderam em 10 anos de experiência, caos, caos e caos. É tudo muito barulhento e eu só queria um lugar de paz. E acho que encontrei, pelo menos por enquanto.

Threads

O tal lugar de paz por enquanto está aqui. Sabe aquela imagem idílica da natureza com pessoas lindas e sorridentes, quase num mundo encantado dos Teletubbies? Pois então, vejo o Threads desse jeito. Pessoas fazendo amizades, uns perguntando sobre coisas simples da vida, uma interação saudável. Mas não se enganem, é um cantinho planejado pelo tio Zuck e vejo esse ambiente como uma isca. Depois que todos estivermos acostumados com o mundo encantado, ele certamente vai puxar o anzol e seremos todos fisgados. Aguardem.

Facebook

Ainda existe? {pula}

Youtube

Meu paraíso. Me rendi e assinei o Youtube Premium por ser a plataforma que mais uso atualmente. Assisto o que eu quiser, quando quiser, monto minhas playlists de vídeos por assunto (depois posso mostrar aqui como faço) e estou sempre sendo atualizada dos canais que gosto e sigo. Os canais que mais gosto de acompanhar são os de silent vlogs coreanos {hami mommy}, {honeyjubu}, {planD}, {Nami}; de minimalismo {A to Zen Life}, {Christina Mychas}, {Benita Larsson} entre outros que depois posso indicar. Me digam se têm interesse!

Sinto paz ao consumir tais conteúdos. Gosto de assistir aos vídeos com calma, com meu caderno sobre a mesa enquanto anoto as principais ideias e inspirações que vão surgindo enquanto os assisto. Se eu tivesse que escolher apenas uma rede social, certamente seria o YouTube.

Whatsapp e Telegram eu nem vou comentar muito por serem ferramentas de comunicação. Preciso ter o Whatsapp por conta da família, grupos do doutorado e informações imediatas. Já o Telegram, tenho um carinho imenso por ele por conta dos grupos que participo (apenas dois). Um de amigas queridas (que é um grupo privado) e o outro, o grupo do Evernote (que virou um grupo sobre debates de ferramentas de organização e produtividade em geral).

Mas na verdade, o que está mais me incomodando é o Instagram. Eu não sei explicar bem, mas parece que não encontro meu espaço lá, é como se eu gritasse e não fosse escutada. Mas a pergunta é: o que eu quero lá? Sinto-me como se fizesse um esforço imenso para não ter retorno. Eu, sinceramente, já não sei mais o que postar lá. Não posso escrever meus textões, então tenho que reduzí-los. Se posto uma foto, ninguém a vê. Se apareço nos stories, não sei exatamente o que fazer. Que agonia!

A minha vontade é de transformar meu feed em uma galeria de momentos que eu gosto, apenas isso. Como antigamente, a foto de uma flor, da natureza, de um livro, do meu tênis, sei lá! Fotos do que fazem sentido pra mim e que não dizem nada a mais ninguém. Mas, se for pra isso, por que não usar outra ferramenta, como um álbum de fotos digitais mesmo?

Meus pensamentos estão extremamente confusos quanto ao Instagram. Tem horas em que penso em sair e há momentos em que penso em dar uma chance. Mas a sensação é que todos buscam seu lugar ao sol ali, e que tudo virou um grande mercado popular de rua indiano: gritaria por todos os lados e não conseguimos prestar atenção em nada. No meu caso, o único conteúdo que consigo prestar atenção são aqueles desacelerados, calmos, lentos… quando vejo algo assim, consigo até respirar. Um sorriso surge no meu rosto. Talvez seja isso que eu deva fazer: publicar exatamente o que eu gosto de consumir.

Bem, foi apenas uma reflexão de domingo à noite. Aquela sensação de novamente querer repensar tudo, simplificar a vida mas sem ter, ainda, uma solução clara na mente. A única certeza que eu tenho é que há barulho demais por onde ando e que eu preciso criar a minha bolha do silêncio novamente. E lá vou eu reduzir, minimalizar. Eis que recomeço a jornada da minha vida minimalista novamente, começando pelas redes sociais. E dito isso, reafirmo que o lugar mais aconchegante dessa internet segue sendo aqui, o meu blog. ♥

E vocês, como estão enxergando as diferentes redes sociais? Saíram de algumas? Aderiram a alguma outra? Me contem!

Categorias: Organização

Como estou organizando o meu sistema de organização

Como estou organizando o meu sistema de organização | Blog Camile Carvalho | Vida Minimalista

Eu sou apaixonada por métodos de organização e produtividade. Estou sempre em busca do sistema perfeito, da ferramenta ideal, do app que tenha tudo que eu precise pra que tudo funcione como eu imagino. Mas uma coisa é verdade: o perfeito não existe.

O que precisamos fazer é refletir sobre as nossas necessidades individuais e como podemos transcrever isso para o que temos em mãos. Todo um fluxo deve funcionar com constância e com o mínimo de atrito possível. Para uns, usar uma única ferramenta que faça tudo é o ideal. Já para outros, tendo cada coisa em seu lugar traz mais clareza mental. Eu sou do tipo que gosta de categorizar tudo e ter o foco, integralmente, naquilo que estou fazendo no momento.

Se eu vou escrever um artigo científico, eu não quero me deparar com as fotos de um passeio ou livros que quero ler deitada na rede. Eu quero ver apenas o material que eu preciso para me concentrar pelas próximas horas e manter a atenção apenas naquilo.

Desde a semana passada eu ando em um fluxo de mudar tudo por aqui. Testo aplicativos novos, retorno a alguns que eu havia abandonado, migro meu sistema de notas, volto atrás… sinto que estou em um momento propício pra isso (temos que aproveitar o embalo) pra mudar tudo que eu tiver que mudar, já que 2 meses de doutorado já deram pra entender o ritmo que vou precisar dançar essa música pelos próximos anos. E eu quero ter tudo sistematizado.

Depois de muito escrever, me dei conta de 3 categorias que permeiam isso:

1. Como eu faço as coisas

São as ferramentas, os fluxos, os métodos. Uso GTD? Método PARA? Qual ferramenta? UpNote ou Evernote? Google Docs ou Word? Capturo em que lugar? Escrevo à mão em que caderno? Tudo isso deve ser bem pensado pra que não haja nenhum atrito em alguma das etapas no meu fluxo.

Não se enganem, há apps que todos usam mas que talvez não sirva pra você. Há outros, esquecidos num canto, mas que podem ser exatamente aquilo que você precisa.

Quando eu entro no fluxo de organizar e repensar todo o meu sistema, eu preciso me dedicar apenas a isso. Portanto, escolho dias em que não tenho outros compromissos ou reservo um momento do meu dia pra pensar, testar, ler e me inspirar.

2. O que eu aprendo (input)

Aqui entra tudo que eu leio e preciso aprender de alguma forma. Cursos que faço, disciplinas do doutorado, livros e artigos que leio. Tudo que coloco pra dentro deverá ser digerido com calma e consciência para depois servir para algo… mas, para o quê?

3. O que eu produzo (output)

Pode ser um post pro blog, um texto curto pras redes sociais ou a minha tese de doutorado. Depois da digestão bem feita, da categorização e de passar por vários filtros, pois acreditem, tudo que recebemos (input) pode ser aproveitado em algum momento.

Parece um sistema meio matemático da comunicação, mas é como eu consegui entender melhor como eu funciono. Para mim, eu tenho essas 3 categorias bem nítidas de acordo com a minha rotina e tipo de trabalho intelectual, o que pode ou não fazer sentido pra você.

Pretendo depois escrever mais sobre o processo de digestão, que é o que eu venho testando desde o ano passado com a leitura dos meus livros e que já falei um pouco sobre o assunto aqui.

Observação:

Como estou reorganizando toda a minha vida, estou num processo de repensar o que faz sentido pra mim e o que posso deixar um pouco de lado no momento. Decidi que quero escrever mais no blog, de forma simples e sem muito preparo e pompa.

A minha ideia é compartilhar pequenos trechos de inspirações e ideias que eu tenho, como um registro da minha mente. O intuito é que eu possa revisitar esses textos num futuro pra relembrar como eu estava me organizando, mas que, em vez de deixar apenas em meu app de notas no computador, decidi compartilhar publicamente para quem se interessar.

Sinta-se à vontade para comentar suas ideias também e trocar informações nos comentários. A ideia é que o processo de escrever no blog seja algo leve, como era antigamente pra mim, quando comecei a blogar.