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Crônicas de Amor: Me procure quando voltar

Sem título


Você me disse que partiria em alguns dias. Reservei todo o meu tempo, apostei todas as cartas em uma grande despedida, mas você desapareceu. Com um simples adeus sequer olhou em meus olhos e não ouvi sua voz me dizendo “eu voltarei”. Solitária, caminhei pelos corredores vazios e pouco iluminados, lembrando de tudo o que já vivemos até hoje, fatos que talvez minha mente continue insistindo que realmente existiram, mas eu continuo jogando pra debaixo do tapete a verdade de que são apenas ilusões.

Como posso não me enganar se ainda te tenho aqui, a um simples clique? E-mails a serem enviados que nunca tive coragem se perdem no tempo. Um simples rascunho, que por qualquer falha tecnológica se perderá. Eu gosto tanto de você que preferia não te ver. Preferia te odiar e encontrar defeitos em seu jeito de andar, de vestir, de olhar e principalmente de falar. Você fala engraçado.

Sua ausente despedida só me faz pensar o quanto eu signifiquei pra você. Na minha humilde imaginação eu estava em seus braços, assistindo aquele filme cafona que ninguém queria prestar atenção. Cantando aquela música indecifrável apenas pra nos desviar do propósito principal. Eu desviava os olhares pra não me render aos seus, mas tudo o que tive no final foram lacunas vazias. Silêncio e solidão. Mas na próxima vez será diferente. Não te deixarei andar pelos corredores sozinho, correrei atrás de você com os cadernos na mão perguntando qualquer coisa idiota, só pra chamar sua atenção. Assim como você fez naquele dia. Ou não.

E quem me dará a certeza de que você voltará? O que poderá fazer você me notar, nem que seja em um simples papo, tomando café numa mesa de bar? Ah, mas eu andei sabendo por aí que você não gosta de café… Seria aquilo um indício de você me amar?

Tudo bem. Apenas me procure quando voltar.

~ Estou inaugurando essa sessão “Crônicas de Amor”, no qual postarei alguns textos aleatórios inspirados no meu presente, meu passado ou o que eu gostaria que fosse meu futuro. Ou não, podem ser apenas situações que observo de amigos ou de pessoas que não conheço. Espero que gostem dessa parte do meu blog, com um pouco mais de inspiração.
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Esperanto: um idioma para todos

Vocês já ouviram falar sobre o Esperanto? Não? Pois hoje vou contar um pouquinho a vocês que língua é essa.

Como surgiu

Em 1887 foi publicado o primeiro livro em Esperanto pelo médico polonês Ludwik Lejzer Zamenhof. Seu intuito era de criar uma língua que poderia ser falada por todos, para que todos pudessem ser compreendidos, mas que também fosse um idioma de fácil aprendizado. Com influência de diversas línguas, Zamenhof buscou simplificar o máximo a gramática, com os seguintes princípios:

1) Para cada assunto só há 1 regra

2) Nenhuma regra tem exceção

Só de sabermos que não há diversas formas para uma única coisa e que não existem exceções, já facilita demais, visto que o nosso português, por exemplo, tem diversos adendos em cada uma de tantas regras, tornando o aprendizado mais complicado.

Características


Cada fonema no Esperanto é representado por uma só letra e toda palavra com mais de 2 sílabas (maioria) é paroxítona. Isso torna a escrita e a pronúncia extremamente fácil sem nos deixar dúvidas de como se pronuncia cada palavra.

Segundo a Wikipedia,

A gramática segue poucas regras simples, entre elas as chamadas 16 regras do esperanto, sendo porém necessário algum estudo para uma aprendizagem satisfatória.

As palavras são formadas pela junção regular de radicais (prefixos, sufixos e outros), de modo que “novas” palavras criadas ad hoc são compreendidas trivialmente através da sua análise morfológica (inconsciente, no caso de falantes fluentes).

As diferentes classes gramaticais são marcadas por desinências próprias: substantivos recebem a desinência -o, adjetivos recebem a desinência -a, advérbios derivados recebem a desinência -e e todos os verbos recebem uma de seis desinências de tempos e modos verbais.

A pluralidade é marcada nos substantivos e adjetivos concordantes pela desinência j, e o caso acusativo é marcado pela desinência n, cuja ausência indica o nominativo. Assim, bela birdo significa bela ave, belaj birdoj, belas aves, ebelajn birdojn, como em mi vidas belajn birdojn (eu vejo belas aves), belas aves complementando diretamente uma ação (nesse caso, sendo vistas).

Comunidade

Os falantes do Esperanto são muitos espalhados no mundo inteiro. Há diversos grupos de viajantes que conhecem outros países e que conseguem se comunicar com tantos outros esperantistas. Eventos, intercâmbios e outras atividades são realizadas, assim como congressos, o que facilita muito a comunicação, já que o Esperanto é a língua planejada mais falada no mundo.

Imagine que legal, aprendermos uma língua que, com ela podemos ler obras literárias, assistir filmes e conversar com pessoas do mundo inteiro sem a necessidade de aprender todos os idiomas nativos? Com o Esperanto isso se torna possível. Há uma vasta literatura traduzida pra esse idioma de países cujas línguas demoraríamos anos aprendendo, fazendo com que o Esperanto seja uma língua de acesso cultural

Embora o inglês seja considerado hoje, uma língua dominante, na prática estudos mostram que não é exatamente assim. O inglês é pouquíssimo dominado, se concentrando apenas em alguns países, o que torna muito mais difícil se comunicar nesse idioma em alguns locais como o Japão, Rússia entre outros. Apenas 7% da população mundial tem o Inglês como primeira língua e por volta de 7% atingiu um nível alto no inglês, sendo de pessoas que possuem a primeira língua semelhante a este idioma, como o Alemão, Holandês e Sueco.

Exemplos

Pra vocês terem uma noção básica de como é essa língua, vou colocar alguns exemplos pra vocês:

Esperanto estas lingvo = Esperanto é uma língua

Ni havas revon = Nós temos um sonho

La suno brilas = O sol brilha

Ĉu vi vidas min? = Você me vê?

Jes, mi vidas vin = Sim, eu te vejo.

Mi amas vin! = Eu te amo

Conseguiu compreender mais ou menos o que estava escrito em Esperanto? Pois é, como essa língua tem a maior parte de seu radical proveniente do Latim, para nós, falantes da língua portuguesa, ele se torna muito mais fácil de compreender.

Minha experiência

Em maio tivemos na UERJ, no Instituto de Letras, uma edição do Encontro de Esperanto do Estado do Rio de Janeiro organizado pela Associação Esperantista do Rio de Janeiro. Participei das palestras e, claro, resolvi fazer o curso básico de Esperanto, ministrado pelo professor Fernando Pita. Foram dois dias de curso apenas e no primeiro ele chegou em sala dizendo que todos nós ganharíamos uma gramática de Esperanto. Em seguida distribuiu uma folha para cada aluno. Sim, uma folha que continha todas as regras gramaticais. Isso mostra o quão simples é essa língua e me animou muito mais para aprender.

No dia seguinte já sabíamos as regras gramaticais e conseguíamos formar frases. O mais difícil – se é que podemos dizer que tem algo difícil – é saber os radicais para formarmos as palavras, mas é tão dedutível que uma simples busca pelo dicionário já nos faz aprender. A pronúncia é da forma como lemos e em duas aulas já estava pronta para fazer uma prova, que me certificou com o curso básico de esperanto.

Como vocês sabem, eu sou apaixonada por idiomas e o Esperanto me despertou o interesse desde quando eu tinha 14 anos e descobri a existência dessa língua. Tentei estudar um pouquinho e ainda me lembro de como se canta o Parabéns a você (Mi gratulas al vi)

“En la plej bela tago
Mi gratulas al vi
Dezirante feliĉon
Kaj la benon de Di'”

E aí, se interessou? É realmente uma língua muito fácil de aprender e o melhor de tudo é que já foi comprovado que depois que aprendemos o Esperanto, qualquer outra língua que aprendemos se torna mais fácil. Se quiser saber mais sobre o assunto, recomendo visitar o site Esperanto Brasil para maiores informações. Tenho certeza que você vai encontrar muita coisa sobre essa língua pelo Google e pelo Youtube.

Você pode baixar a gramática do Esperanto neste link aqui e ler meu blog em Esperanto (Google tradutor) clicando aqui.

=)
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Quando o virtual é real demais

Eu preciso escrever. Sinto a necessidade de pousar meus dedos sobre este teclado e me deixar embalar pelo som das teclas na noite fria. Às vezes penso muito quando deveria evitar alguns pensamentos. Me envolvo demais querendo ajudar a todos e acabo esquecendo de mim. Guardo sentimentos de angústia, tristeza e dor ao ver como o ser humano anda se comportando com o meio em que vive. É tudo tão distante e tão próximo de mim que a impressão que tenho é de que vivo em uma bolha. Apenas observando. Apenas não-participando.

Quando fui Museu das Telecomunicações, aqui no Rio de Janeiro, a menina que nos guiou nos fez refletir muito sobre a nossa sociedade atual. em uma das reflexões nos perguntou, se sua vida fosse um filme, quem você seria? Será que todos nós somos protagonistas? Ou somos diretores? Simples espectadores? Vale à pena passar todas essas cenas apenas na plateia enquanto tudo acontece no palco? Quem realmente atua conosco?

Conheço muitas pessoas. Umas do passado que permanecem no presente. Outras que acabaram de chegar e que tenho certeza que ficarão no futuro. Algumas outras, virtuais. Como é estranho e ao mesmo tempo fascinante o convívio virtual… A tecnologia tem nos permitido conhecer pessoas distantes que tudo têm a ver conosco, muito mais até que aquele nosso vizinho que nem nos cumprimenta no elevador. Vivemos tão perto mas tão longe. Estamos tão longe mas tão unidos por um gosto em comum. E quando eu penso nas minhas amizades virtuais, posso dizer que, tudo no final se mistura. Nossas vidas virtuais já estão tão concretas no real que já não podemos mais distinguir em que momento começamos de fato a viver. Estar conectado nos traz para o dia-a-dia todas aquelas pessoas ali, em um aparelho de celular, mas que nem sempre conhecemos ao vivo.

Compartilhamos nossas vidas, mostramos o que comemos, o que lemos e o que assistimos. Nos tornamos tão dependentes de mostrar ao outro que já não tem mais graça o anonimato. E aquelas pessoas estão ali, lado a lado, frente a frente conosco, seja em um churrasco entre amigos, seja em um jantar importante, sempre haverá os coadjuvantes virtuais presentes.

Porém, nem sempre as coisas duram. Vivemos em uma época tão louca, tão corrida, tão líquida que o que hoje é, amanhã pode não ser mais. O que ontem foi, dificilmente permanecerá, e é tão mais fácil excluir pessoas que com apenas um clique tudo se acaba. Toda uma história, toda uma possibilidade de futuro. Sentimos mágoas e não conversamos. Preferimos escrever no Twitter indiretas para um, que 50 tomam para si.

Preferimos bloquear, preferimos ignorar a mensagem. E assim se desfaz a amizade. É mais fácil, mais cômodo, não tem o olho no olho. A facilidade do meio virtual é tanta que economizamos palavras. Economizamos sentimentos. O que alguns caracteres podem fazer de diferença, nem sempre é feito. É melhor deixar pra lá, ignorar, não falar. Dar um tempo e depois dizer que simplesmente o Facebook deletou. Mas por trás de cada arroba, há uma pessoa. Por trás de cada avatar, há um ser de carne e osso, que sente, sorri, chora e tem que se acostumar com os altos e baixos das amizades virtuais.

E continuemos nessa vida efêmera, corrida, com pressa de chegar a algum lugar. Só não sabemos aonde. Qual a linha sutil que separa o real do virtual? Quem somos nós nesse ambiente vasto que nos acolhe e ao mesmo tempo nos repele? Continuarei minha busca, quem sabe um dia eu tenha respostas.