“Tá Tír na n-óg ar chul an tí – tír álainn trina chéile.”“A terra da juventude eterna está atrás da casa, e é uma bela terra que flui em si mesma.”
QUINTINO, Claudio Crow. A religião da grande Deusa. São Paulo: Editora Gaia, 2000. 208 p.
“Tá Tír na n-óg ar chul an tí – tír álainn trina chéile.”“A terra da juventude eterna está atrás da casa, e é uma bela terra que flui em si mesma.”
QUINTINO, Claudio Crow. A religião da grande Deusa. São Paulo: Editora Gaia, 2000. 208 p.
Eu não assisto mais TV. Sim, estou falando sério. Há um bom tempo que eu aboli esse costume na minha vida, embora meus pais continuem com o hábito de jantar, assistir novela, a Fazenda, Telejornais da Globo, BBB e etc.
Mas por quê resistimos tanto quando queremos abandonar a TV? Parece ser muito difícil, mas na verdade não é. Estamos acostumados a uma sensação de informação constante, a qual temos medo de perder alguma coisa. Conseguimos perceber isso nas redes sociais, como o Facebook e o Twitter. Quantas vezes atualizamos nosso navegador pra saber o quê de novidade apareceu por lá? Se formos parar pra pensar, realizamos esse ato diversas vezes ao longo do dia, principalmente se temos um celular conectado à internet com esses recursos. E sim, eu me incluo nessa estatística, infelizmente estou sendo uma vítima também como muitos de ter um smartphone conectado 24 horas.
Mas, voltando à TV, da mesma forma que sentimos a necessidade de estarmos antenados com tudo nas redes sociais, desenvolvemos essa carência por informação. Como há uma variedade infinita de dados chegando à nossa tela, temos a impressão de que se desligarmos nosso aparelho, estaremos perdendo algo de valor. Mas, vamos pensar com calma na situação… Qual seria a pior coisa que aconteceria, caso alguém comentasse sobre algo que assistiu na noite anterior e você não viu? Será mesmo que é algo ruim? Assistimos televisão para nós, ou para os outros?
Também há o outro motivo. É mais fácil. Mais cômodo. “Pra quê vou chegar cansado do trabalho, e ler um livro? Queremos nos jogar no sofá depois de um banho e assistir qualquer programa que não nos faça pensar muito. Já está tão difícil viver, um pouco de diversão não faz mal a ninguém”. Infelizmente muitos – senão a maioria – pensam assim. Tudo bem, cada um tem suas razões, e aí eu entraria em uma discussão que poderia durar horas, sobre como o povo é facilmente alienável perante o governo, basta distribuir o mínimo necessário para que as pessoas se divirtam e não pensem muito, e sobre como o povo tem a capacidade de fazer a mudança, se lutasse por elas. Mas vou deixar esse papo “bolchevique” pra um outro momento
Somos, a cada dia, bombardeados de informações inúteis, fúteis, rasas. O que isso é importante em nossas vidas? Sim, eu estou generalizando, é claro que temos emissoras com um nível cultural mais elevado. Através da TV podemos assistir um show, uma ópera, um filme clássico, as crianças podem assistir um desenho animado educativo. Mas é isso que escolhemos quando ligamos a TV? Salvo alguns casos, a maioria prefere assistir o capítulo da novela, um filme do tipo blockbuster americano comédia-pastelão, um programa de auditório sem finalidade alguma. E é essa TV a que me refiro. Uma televisão rasa, fria, sem conteúdo, que nos aliena cada vez mais embora nos traga a sensação de estarmos totalmente atualizados com tudo. É essa TV que me causa incômodo, que me fez abolir essa prática, pelo menos no meu quarto. E não sinto falta.
Foi essa televisão que aboli da minha vida. Ainda assisto filmes no meu notebook, ou coloco um DVD de filme ou show na TV da sala quando quero mais “emoção”, mas essa foi uma decisão minha, apenas minha. Como eu sempre falo, não escrevo aqui um “manual de como viver e ser culto e inteligente e ser melhor que os outros” (até porque não sou), mas escrevo meus pensamentos, reflexões, decisões e atitudes. O processo de se tornar minimalista é constante, não nos tornamos de um dia para o outro apenas doando todos os nossos pertences e indo morar no alto de uma montanha congelada nos Himalaias. Estamos em um caminho, e minimalismo não é apenas o que fazemos para que cheguemos lá, mas também o que recusamos entrar em nossas vidas, principalmente ao refletirmos sobre o que deixamos entrar, sem que percebamos. A TV é uma delas.
E você, já parou pra pensar no que você está deixando entrar em sua vida através da TV?
imagem: Getty
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